quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

E-mails q recebi do tictactitac sobre a COP-16 em Cancun

Resumo do dia 8 de Dezembro de 2010

“A natureza não vai nos esperar enquanto negociemos”, comentou Ban Ki Moon, secretario geral da ONU em conferência de imprensa ontem, dia 7. De fato, a atmosfera não se abre mais para negociações. Assim a Presidenta da COP-16 informou que a sessão terminará na sexta-feira às 6 horas da tarde, afirmando que os negociadores e ministros não precisam de mais tempo para discutir, e que apenas precisam de vontade política para chegar a acordos.

A decisão final dos japoneses frente à Kyoto cobre as negociações como uma nuvem negra. É difícil imaginar que o país onde nasceu o Protocolo de Kyoto agora queira enterrar o mesmo, o único tratado internacional legal e vinculante para o clima. O Japão tem que mudar para uma posição positiva.

A equipe de negociação dos Estados Unidos agradecerá o Japão por deixar eles menos importantes nestas sessões. Mas os Estados Unidos estão de volta com suas velhas atitudes bloqueando progresso em diversos temas. Sabendo que não conseguiram avançar em suas próprias legislações internas e não têm muito a oferecer aqui, poderia se imaginar que o enfoque desta delegação seja mais construtivo.

O Canadá, Estados Unidos e a Austrália estão bloqueando o estabelecimento de um fundo para ajudar os países em desenvolvimento com mitigação e adaptação. Necessitamos continuar com os nossos esforços e garantir que os países desenvolvidos, mantenham, pelo menos, as promessas que fizeram no ano passado em Copenhague.

O que está acontecendo?

Ban Ki Moon ressaltou o fato que as mudanças climáticas afetam todo o trabalho da ONU – paz, seguridade, desenvolvimento e direitos humanos; mecanismos de prevenção para o desenvolvimento das Metas do Milênio, e ameaçam os ecossistemas, a segurança e a estabilidade dos pobres e vulneráveis. Ao mesmo tempo, destacou que as mudanças climáticas oferecem também oportunidades irresistíveis.

Estas oportunidades podem ser encontradas nos mercados de energia limpa, onde a Ásia já está deixando atrás a União Européia e os Estados Unidos. A Diretora Executiva da TckTckTck, Kelly Rigg ressaltou que “A Ásia está ganhando definitivamente a corrida do futuro da geração de energia”.

Um apelo semelhante foi feito por Christiana Figueres, Secretaria Executiva da UNFCCC, que disse que a batalha se faz entre os vencedores do setor privado e aqueles que se consideram perdedores, mas que estão bem organizados e financiados e que possam fazer muito mais pressão sobre os governos executivos, e nos Estados Unidos sobre o poder legislativo.

Você é um vencedor ou perdedor da corrida para o futuro?
América Latina na COP-16

O Brasil anuncia avanços nas negociações para estender o Protocolo de Kyoto.
http://noticias.terra.com.pe/calentamiento-global/brasil-anuncia-avances-en-negociacion-para-extender-protocolo-de-kioto,b29858be917cc210VgnVCM10000098f154d0RCRD.html
A luta contra as mudanças climáticas e a busca de soluções é um problema político: Rafael Correa, presidente do Equador afirma que as mudanças climáticas e a busca de soluções se tornaram um tema político, já que se os países ricos fossem os afetados e os pobres fossem os poluidores, muitas ações já teriam sido feitas.


http://www.eluniversal.com.mx/notas/728941.html

O Greenpeace, o Observatório do Clima, o GTA e a COIAB promoveram, na manhã do dia 8 de dezembro, duas ações contra a alteração do Código Florestal brasileiro, na COP-16 em Cancun. O alvo desse ato foi a Senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que tem sido fortemente criticada pelos movimentos sociais e organizações ambientais por sua posição em relação à alteração da lei. Kátia Abreu, que é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e principal representante dos ruralistas no Congresso, defende as propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro. Kátia Abreu foi surpreendida com uma réplica dourada do instrumento usado para desmatar florestas no lobby do hotel em Cancun. Paralelo a esse ato, Rubens Gomes, presidente do GTA, vestiu-se de Papai-Noel para presentear os participantes da COP-16 com mudas de árvores, ao lado de um banner com a frase “Mudar o Código Florestal = um Natal sem árvores”. O intuito é impedir a bancada do agronegócio a empurrar suas propostas de mudança no Código Florestal goela abaixo dos brasileiros.


Parceiros em ação

O Greenpeace afunda no Caribe os edifícios mais emblemáticos do planeta, para mostrar que o fenômeno das mudanças climáticas não discrimina entre países ricos ou pobres e afeta a todos.


http://www.yucatan.com.mx/20101207/temas-254/cumbre-climatica-en-cancun.htm
A Oxfam pediu aos ministros a tomar decisões políticas antes de deixar Cancun, para chegar a um acordo justo sobre financiamento na COP-16.

http://www.latercera.com/noticia/mundo/2010/12/678-329267-9-llaman-a-ministros-a-tomar-decisiones-antes-de-dejar-conferencia-de-cambio.shtml
Mensagem do Dia

Os Ministros podem escolher entre um resultado ambicioso e o mais baixo denominador comum, e parece que estão escolhendo o caminho mais fácil contornando os temas complicados e utilizando uma linguagem diluída. Deveriam escolher um caminho que traga benefícios para as pessoas e a natureza que lutam diariamente contra as mudanças climáticas, e lançar ações concretas, como fundos e iniciativas que possam reduzir as emissões ajudando os países pobres, e não iniciar novos processos ou grupos de trabalho para considerar alternativas que não vão melhorar as nossas vidas.

O desejo de ter algum sucesso, de qualquer forma, não deve tirar a atenção das ações necessárias para sobreviver. O Protocolo de Kyoto precisa de um futuro e as florestas precisam de um tratado; a redução das emissões de CO2 deve estar incluída no texto como parte de um plano de ação, e um fundo climático justo que financie todo não pode tampouco faltar.

O mundo pode receber tudo isso, mas o Japão deve abandonar este comportamento rígido estúpido com relação à Kyoto, a União Européia deve deixar de se comportar como si não tivesse nada a fazer nestas negociações. Os Estados Unidos, Canadá e Austrália devem assumir o fundo climático. Todos podem ter benefícios e mostrar liderança, pelo menos se não pretendam prejudicar as suas próprias economias, já que China e Índia podem dominar o mercado da energia limpa durante a próxima década – são esperadas US$2.3 trilhões de investimentos privados em energia limpa.

O que você pode fazer hoje – divulgue as mensagens

Afetados pelas mudanças climáticas cantam a sua experiência na Praça da Reforma no centro de Cancun.

Video: http://www.oneclimate.net/2010/12/08/beautiful-singing-dancing-at-indigenous-cop16-climate-talks-protest/

Japão: O Governo japonês necessita ouvir o que o Protocolo de Kyoto significa para você. Envie um e-mail, mensagens pelo twitter ou seu blog, ou uma mensagem pessoal às autoridades relevantes que você pode contatar: embaixador, representantes da ONU, consulados, delegados em Cancun o representantes do Governo japonês. Informe as suas ações para Julia Sánchez (julia.sanchez@tcktcktck.org).

Twitter: Se você acredita no Protocolo de Kyoto, envie uma mensagem ao governo japonês para manter a fé em Kyoto: http://ht.ly/3lFDO #climate #COP16 #cancun
Processo Negociador na COP16 paralisado: Os Estados Unidos não querem se comprometer com uma redução de suas emissões de gases de efeito estufa e tampouco querem se comprometer com a continuidade do Protocolo de Kyoto.

http://www.confidencial.com.ni/articulo/2611/ambiente-pesimista-en-cumbre-de-cancun
Quanto mais demoram os governos para chegar a consensos sobre ações contra o aquecimento global “mais vidas humanas se perderão”, alertou Ban Ki-moon, secretario geral da ONU, durante a inauguração da Sessão de Alto Nivel da COP-16.


http://excelsior.com.mx/index.php?m=nota&id_nota=694809

A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) apresentou no dia 7, no marco da COP-16, o estudo chamado 'A economia das mudanças climáticas na América Latina e No Caribe 2010'  no qual se analisam os efeitos econômicos das mudanças climáticas na região.
http://www.eluniversal.com.mx/notas/728925.html



terça-feira, 7 de dezembro de 2010

TERRAMÉRICA - Em busca das virtudes climáticas do bambu

Crédito da imagem: Cortesia Inbar

Crédito da imagem: Cortesia Inbar

Cancun, México, 6 de dezembro (Terramérica).- Vedadas, por ora, as soluções globais para a crise climática, muitos se lançam em busca de vegetais que possam mitigar a contaminação causadora do aquecimento e ajudem a suportar os embates de um clima enlouquecido. Agora, é a vez do bambu. “Cresce rápido, precisa de pouca água, absorve dióxido de carbono, protege os estuários, é resistente a tempestades”, enumerou ao Terramérica a holandesa Coosje Hoogendoorn, diretora-geral da Rede Internacional do Bambu e do Ratã (Inbar), que desde 1993 reúne 35 nações e tem sede em Pequim.

No mundo existem mais de mil espécies de bambu, Bambusa vulgaris, e 34% delas crescem na América Latina. Só no México, são 36 espécies, pouco estudadas e aproveitadas. A fibra de sua cana é uma eficaz matéria-prima para utensílios, móveis e artesanato, e um material apropriado para a construção de moradias resistentes aos ciclones. “Na América Latina, o potencial se desenvolve pouco a pouco. Sabe-se pouco sobre seu uso”, disse ao Terramérica o equatoriano Álvaro Cabrera, coordenador regional para América Latina e Caribe da Inbar.

A 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontece no balneário mexicano de Cancun até o dia 10, está quase absorta na exploração de opções técnicas para proteger e restaurar ecossistemas e ajudar na adaptação aos desastres naturais.

A fibra de bambu é usada para construir casas nos estados mexicanos de Puebla e Veracruz, sul do país, mas não de forma maciça. Este país não integra a Inbar. O limitado uso destas espécies nativas no México tem “razões históricas, culturais e econômicas”, segundo o informe “O Bambu. Estudo do Mercado Mundial”, feito pelo Ministério de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação.

“A planta é denegrida e combatida por ser considerada uma praga, particularmente em áreas onde se cultiva café, banana, tabaco e cacau e se cria extensivamente gado bovino”, acrescenta o documento. Em “dez anos, um hectare de bambu mossô (Phyllostachys pubescens) na China captura 30 toneladas de dióxido de carbono a mais do que uma plantação do mesmo tamanho de pinheiro chinês (Cunninghamia lanceolata)”, segundo um modelo comparativo da Inbar.

“O manejo sustentável e o uso apropriado do bambu podem aumentar a quantidade de carbono sequestrado, com mudanças no manejo que elevem a capacidade de armazenamento dentro do ecossistema no curto prazo”, afirma o estudo. O manejo florestal dessa planta ganhou força na Colômbia, no Equador e Peru, e, mais recentemente, na Argentina, membros da Inbar, junto com Cuba, Panamá e Venezuela.

Tudo bem “desenvolver projetos de proteção inovadores, mas é preciso estudá-los a fundo”, disse ao Terramérica o inglês Stephen Crooks, consultor da firma norte-americana ESA-PWA, coautor de um exame sobre captura de carbono nas zonas costeiras do planeta. É preciso analisar suas características e os efeitos que sua implantação maciça pode ter. No Equador foram construídas mais de cem mil casas de bambu para restaurar áreas devastadas por chuvas e inundações provocadas pelo fenômeno climático El Niño/Oscilação do Sul, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial.

Na cidade peruana de Ica, no Sul do país, foram utilizadas mais de 40 mil canas de bambu para erguer o Hotel Paracas. Na província equatoriana de Esmeraldas, a cadeia hoteleira norte-americana Royal Decameron também usou esse material na edificação de um alojamento. No Equador, a Inbar projeta 15 protótipos de casas de bambu. Em janeiro começará uma iniciativa semelhante no Peru, financiada com US$ 200 mil pelo Banco Mundial.

O objetivo é que os governos dos países financiem cada um a construção de 1.500 casas. “Estamos desenvolvendo uma tecnologia para fabricar telhas de bambu, em lugar das de zinco”, disse Coosje em Cancun. Produtores equatorianos e peruanos obtiveram a certificação da matéria-prima expedida pelo Conselho de Administração Florestal (FSC), que garante o manejo sustentável do cultivo.

“As plantações comerciais de bambu são uma das opções que poderiam contribuir mais eficazmente para compensar e corrigir a deterioração ambiental em territórios com climas quentes úmidos e muito quentes com chuvas o ano todo”, afirma o Ministério da Agricultura do México. O Congresso deste país pediu ao presidente Felipe Calderón que se associe à Inbar e estabeleça um programa de fomento ao bambu. “No México, há muito interesse em promover o bambu”, assegurou Álvaro. O comércio internacional do vegetal chega a US$ 7 bilhões.

* O autor é correspondente da IPS.

Crédito da imagem: Cortesia Inbar

Legenda: O bambu combate a erosão costeira e precisa de pouca água, afirmam seus defensores.

ONG britânica oferece cursos para salva-vidas de baleia

Uma entidade britânica está oferecendo cursos para voluntários que queiram se tornar especialistas em primeiros socorros de mamíferos marinhos.

A ONG British Divers Marine Life Rescue (BDMLR) já formou 2.500 especialistas que ficam de prontidão em vários pontos do país para salvar mamíferos marinhos - entre eles, golfinhos e baleias - encalhados nas praias da Grã-Bretanha.

Segundo especialistas, o número de encalhamentos tem aumentado e atualmente chega a 500 por ano.

Em um caso recente, o diretor da entidade, o biólogo Alan Knight, viajou por terra, água e ar para atender a um chamado de emergência: uma baleia corcunda corria risco de vida porque sua cauda havia ficado presa em uma corda na região das ilhas Shetlands, na costa da Escócia.

Mas o resgate que empolgou os britânicos ocorreu em 2006, quando a BDMLR participou da operação de salvamento de uma baleia que ficou encalhada em um trecho londrino do rio Tâmisa.

A mega-operação, que teve participação também do corpo de bombeiros, da polícia e da autoridade portuária de Londres, foi transmitida ao vivo pela TV britânica.

Infelizmente, a baleia, da espécie Hyperoodon ampullatus, ou nariz de garrafa do norte, acabou morrendo.

Porém, em entrevista à BBC, Alan Knight disse que ele e sua equipe aprenderam lições valiosas com a experiência.

'Estudos de patologia nessa e em outras baleias que morreram durante resgates nos ajudaram a entender o que acontece quando as baleias encalham na praia', disse o biólogo. 'Como resultado, nós mudamos nossos procedimentos.'

Segundo Knight, quando os músculos da baleia se rompem, ocorre a liberação de uma substância chamada mioglobina, que bloqueia o funcionamento dos rins do animal, contribuindo para a sua morte.

'Hoje em dia, sabemos que, para evitar o sofrimento do animal, devemos fazê-lo dormir antes de tentar resgatá-lo'.

Encalhamentos

Estudos feitos por especialistas em todo o mundo mostram que as baleias, assim como outros cetáceos, estão sob crescente ameaça por atividades humanas.

Entre os perigos, estão redes de pesca lançadas por navios pesqueiros, choques entre barcos e animais e substâncias poluentes que enfraquecem sua imunidade.

No caso específico das baleias, os cientistas acreditam que o sistema natural de orientação que utilizam para navegar pelos mares esteja sendo perturbado pelos sonares de navios de guerra.

Isso poderia explicar, ao menos parcialmente, um aumento de 25% no número de encalhamentos registrado em anos recentes.

Tomando como exemplo o caso da baleia que encalhou no Tâmisa, Alan Knight especula:

'Sabemos do que essas baleias se alimentam e sabemos que esse tipo de alimento não está disponível no Mar do Norte. Ela deveria ter cruzado pelo topo da Escócia, em direção às águas profundas do Atlântico Norte.'

'Acreditamos que ela estava tentando nadar para o oeste, seguindo a rota normal de migração, mas acabou entrando no Tâmisa. Aquela baleia já devia estar em sofrimento considerável quando desceu (para o Tâmisa)', disse o biólogo.

Uma outra possível explicação, mais positiva, para o aumento nos encalhamentos, seria o aumento nas populações de baleias em consequência das restrições à pesca.

ONG

A BDMLR foi fundada em 1990 e se baseia inteiramente em trabalho voluntário, com membros de prontidão 24 horas por dia durante todo o ano.

A entidade treina especialistas em primeiros socorros de mamíferos marinhos e possui vários tipos de equipamentos posicionados em locais estratégicos em todo o país. Há barcos de resgate, dispositivos de flutuação para os animais e kits para desembaraçá-los de redes, entre outros materiais.

Alan Knight, que também é presidente da ONG International Animal Rescue, disse que não é necessária qualquer experiência prévia em mergulho ou em medicina para se tornar voluntário.

'Eu encorajaria qualquer um a integrar nossa equipe. É uma experiência muito gratificante'.

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Sem grandes avanços mas com otimismo, reunião do clima entra na fase final

Sem grandes avanços mas com otimismo, reunião do clima entra na fase final

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"Polícia na conferência da ONU sobre mudanças climáticas"

Conferência da ONU acontece sob forte esquema de segurança

Ainda sem uma luz no fim do túnel, a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática entra nesta segunda-feira na sua última e decisiva semana, com a chegada de ministros da maioria dos cerca de 190 países que participam do encontro.

A primeira semana de discussões foi marcada pelo anúncio de que o Japão não tem planos de se comprometer com metas para um segundo período do Protocolo de Kyoto, que vence em 2012, e por uma continuação da desconfiança entre países ricos e em desenvolvimento.

Nos próximos dias, negociadores e ministros devem debater o rascunho de texto elaborado pela presidência da conferência, tradicionalmente entregue aos anfitriões, neste caso os mexicanos, a partir do que foi discutido durante a primeira semana.

A impressão que se tem nas conversas de corredores é de que o clima é bem mais amistoso e relaxado - mesmo com uma segurança que mais parece uma operação de guerra - do que durante a reunião do ano passado, em Copenhague.

O mantra repetido à exaustão pela secretária-executiva da ONU para mudança climática, Christiana Figueres, e por negociadores brasileiros, americanos e chineses, entre outros: é 'pacote equilibrado'.

Difícil meio termo

Na tradução do jargão, isso significa encontrar um meio termo entre as expectativas de todos (ou ambos, desenvolvidos e em desenvolvimento) os lados.

'Viemos aqui para negociar, não para reiterar as posições nacionais', afirmou a negociadora europeia Connie Hedegaard.

O negociador-chefe americano, Jonathan Pershing, também foi bem claro. Para ele, um resultado equilibrado exige que tanto americanos quanto chineses, indianos e brasileiros façam concessões.

O rascunho de acordo apresentado pelos organizadores mexicanos do encontro é amplamente baseado no Acordo de Copenhague - a carta de intenções lançada por um grupo de países, entre eles o Brasil, no ano passado, aponta as opções discutidas até o momento.

Neste denominador comum, pelo menos em uma das duas principais linhas de negociação, a que trata de ações de longo prazo, parece melhor encaminhada.

Ainda assim, ativistas criticam as opções deixadas pela presidência do encontro no texto.

'As opções representam as posições mais extremas dos países', afirmou o diretor de política climática do WWF, Wender Trio.

A outra vertente, que tenta negociar a extensão ou a renovação do Protocolo de Kyoto está em situação bem mais difícil. Com o desinteresse do Japão e os Estados Unidos fora de qualquer maneira, uma vez que não ratificaram o acordo, resta a pressão dos países em desenvolvimento.

No coro dos insatisfeitos, a voz do negociador-chefe brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo Machado, é uma das mais altas.

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Entraves que levaram ao fracasso em Copenhague voltam a aparecer em Cancún

Entraves que levaram ao fracasso em Copenhague voltam a aparecer em Cancún

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"Cancún"

ONGs exigem que reunião de Cancún faça progresso real

Depois de apenas três dias da conferência das Nações Unidas sobre mudança climática em Cancún, no México, as dificuldades que levaram ao fracasso do encontro anterior, em Copenhague, voltam a se tornar nítidas.

O Japão, por exemplo, já anunciou que não pretende se comprometer com a assinatura de um segundo período do Protocolo de Kyoto. O tratado, acertado em 1997, prevê reduções de emissões de gases do efeito estufa de 5,2% (em relação aos níveis de 1990) no período entre 2008 e 2012, e novas metas a partir de então.

O argumento japonês é de caráter prático: para os negociadores do país, não faz sentido abraçar um projeto que não terá grande efeito sobre o total de emissões, uma vez que os países atrelados a Kyoto representam menos de um terço das emissões do planeta.

Isso se deve, principalmente, à ausência dos Estados Unidos e da China, os dois principais poluidores, responsáveis, juntos, por cerca de metade das emissões globais.

Os americanos nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto, e a China e outros grandes emissores do mundo em desenvolvimento, como Brasil e Índia, não têm obrigações sob o tratado de reduzir a sua produção de gases.

Por isso, o anúncio japonês não chega a ser uma surpresa. Desde Copenhague, observadores dizem que os Estados Unidos vêm fazendo lobby pelo abandono de Kyoto e pela criação de um novo protocolo, válido para todos.

Acordo único

Oficialmente, em Cancún, correm duas linhas de discussão principais: a continuação do Protocolo de Kyoto a partir de 2012, e um plano de longo prazo.

Só as últimas incluem todos os 194 signatários da Convenção do Clima da ONU.

O Acordo de Copenhague, uma carta de intenções produzida depois de duas semanas de reuniões em 2009, reúne metas voluntárias de emissões de todos os países desenvolvidos e dos principais emergentes. Somadas, elas respondem por cerca de 80% da produção mundial de gases do efeito estufa.

A diplomacia japonesa agora defende abertamente um acordo único, com obrigações para todos.

Essa posição esbarra na opinião amplamente defendida entre países em desenvolvimento de que o Protocolo de Kyoto deve ser estendido. O Brasil, inclusive, já deixou claro que essa é a sua opção.

A União Europeia também defende, em princípio, a manutenção de Kyoto.

O aparente acirramento das posições acontece em um momento em que, em outros temas, parece estar havendo progresso.

De acordo com observadores das negociações, Estados Unidos e China estariam mais próximos de um acordo sobre um dos assuntos mais espinhosos do encontro: o aferimento de metas de emissão.

MRV

Em Copenhague, americanos deixaram claro que faziam questão de que metas assumidas por países em desenvolvimento fossem, no jargão, MRV - de 'mensuráveis, verificáveis e reportáveis'.

Chineses por outro lado, disseram que não aceitariam intromissões externas em assuntos nacionais, praticamente inviabilizando a implantação do MRV.

Agora, os dois países estariam mais próximos de um meio termo. O negociador-chefe americano Jonathan Pershing confirmou isso.

'Ficou bem claro que estamos convergindo. Mas ainda não encontramos um acordo', disse Pershing, sobre a primeira reunião com a delegação chinesa.

Em entrevista coletiva, a secretária-executiva da ONU para mudança climática, Christiana Figueres, considerou a participação inicial dos dois maiores poluidores de 'construtiva' e 'positiva'.

A 16ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas começou na segunda-feira, 29 de novembro, e vai até o dia 10 de dezembro.

Poucos esperam que um acordo abrangente saia do encontro no México. A expectativa é de que representantes de mais de 190 países pavimentem um possível acordo para o encontro de 2011, na África do Sul.

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O que acontece na COP-16 em Cancún

Após uma antecessora carregada de frustrações, começa a COP-16, a 16ª Conferência Climática das Nações Unidas, em Cancún, no México

Cúpula climática reúne representantes de 193 países em Cancún(Divulgação)

Divulgação
Cúpula climática reúne representantes de 193 países em Cancún

Após uma antecessora carregada de frustrações, começa a COP-16, a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún, no México. A reunião carrega baixas expectativas por causa da falta de resultados da COP-15, que teve como sede Copenhague, na Dinamarca.

Mesmo assim, alguns governantes e grupos de defesa do meio ambiente reconhecem a importância da reunião, que pode estabelecer novos acordos em busca da diminuição de emissão de gases poluidores e regras para as atividades 'ecologicamente incorretas' de países desenvolvidos. O Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e é o único tratado de redução de emissões que existe atualmente, também está no centro das atenções (e discussões) na paradisíaca Cancún.

Confira nas fotos a seguir o que aconteceu dentro e fora da reunião que pode definir alguns rumos das políticas climáticas no mundo.

A COP-16 teve início no dia 29 de novembro deste ano e vai até sexta, dia 10 de dezembro.

Balão do Greenpeace sobrevoa ruínas maias // Reuters (Reuters)

Reuters

Balão do Greenpeace sobrevoa ruínas maias

28/11 - Balão da organização ambiental Greenpeace sobrevoa ruínas maias com as mensagens 'Salvem o Clima' e 'Parem com o Aquecimento Global'.

Cancún: cidade que recebe COP-16 também é vítima do aquecimento

Ativistas da Oxfam carregam uma garrafa gigante com o recado 'Urgente: Salvem Vidas em Cancún' // Reuters (Reuters)

Reuters

Ativistas da Oxfam carregam uma garrafa gigante com o recado 'Urgente: Salvem Vidas em Cancún'

28/11 - Ativistas da Oxfam carregam uma garrafa gigante com o recado 'Urgente: Salvem Vidas em Cancún' dentro dela pelas areias de praia da cidade mexicana.

Tanque patrulha área da COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Tanque patrulha área da COP-16

29/11 - Tanque que patrulha os arredores do local onde ocorrem as discussões da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, onde representantes de centenas de países se reúnem, passa em frente a placa com a palavra 'Paz'.

Ativistas incentivando pessoas a se tornarem vegetarianas para salvar o planeta // Reuters (Reuters)

Reuters

Ativistas incentivando pessoas a se tornarem vegetarianas para salvar o planeta

29/11 - Ativistas carregam cartazes incentivando pessoas a se tornarem vegetarianas como medida para salvar o planeta, em Cancún.

Fazendeiros no Camboja seguram cartazes com os símbolos de diferentes moedas // Reuters (Reuters)

Reuters

Fazendeiros no Camboja seguram cartazes com os símbolos de diferentes moedas

29/11 - Fazendeiros no Camboja seguram cartazes com os símbolos de diferentes moedas pelo mundo em protesto pelo estabelecimento de acordos climáticos na COP-16.

Presidente mexicano marca presença na COP-16 // Divulgação (Divulgação)

Divulgação

Presidente mexicano marca presença na COP-16

30/11 - O presidente mexicano Felipe Calderón faz discurso de abertura da 16ª Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Lula diz que cúpula climática de Cancún acabará sem acordos

Em resposta a Lula, México diz que Cúpula de Cancún dará passos concretos

Representantes de diversos países começam a participar das reuniões da COP-16 // Divulgação (Divulgação)

Divulgação

Representantes de diversos países começam a participar das reuniões da COP-16

30/11 - Representantes de diversos países começam a participar das reuniões da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Desastres ambientais viram alerta na COP-16

A última década foi a mais quente da história // AP (AP)

AP

A última década foi a mais quente da história

30/11 - Nuvens ficam avermelhadas durante pôr-do-sol em Washington. Durante a COP-16, foi divulgada a informação de que a última década foi a mais quente da história.

Década 2001-2010 foi a mais quente da história, diz OMM

2010 pode ser um dos três anos mais quentes da história, diz ONU

Mulher balança bandeira dos Estados Unidos na COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Mulher balança bandeira dos Estados Unidos na COP-16

01/12 - Mulher balança bandeira dos Estados Unidos abaixo de bandeira que mostra o Planeta Terra ao lado das barricadas que protegem o local das reuniões da COP-16.

Vozes e mãos femininas se levantam em Cancún

Desastres ambientais viram alerta na COP-16

Homem assiste a vídeo que mostra consequências das mudanças climáticas ao planeta // Reuters (Reuters)

Reuters

Homem assiste a vídeo que mostra consequências das mudanças climáticas ao planeta

01/12 - Homem assiste a vídeo que mostra consequências das mudanças climáticas ao planeta nos últimos anos durante a COP-16, em Cancún.

COP16 caminha com passos pequenos

Fotógrafo tira fotos de exposição fotográfica em exibição na COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Fotógrafo tira fotos de exposição fotográfica em exibição na COP-16

01/12 - Fotógrafo tira fotos de exposição fotográfica em exibição em um dos locais onde acontece a 16ª Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún.

Ativistas usam máscaras de Obama, Angela Merkel e do primeiro-ministro Naoto Kan em protesto na COP-16 // AP (AP)

AP

Ativistas usam máscaras de Obama, Angela Merkel e do primeiro-ministro Naoto Kan em protesto na COP-16

01/12 - Ativistas usam máscaras gigantes do presidente americano Barack Obama, da chanceler alemã Angela Merkel e do primeiro-ministro japonês Naoto Kan para fazer crítica à política de consumo desenfreado destes países. Eles seguram cartazes que dizem 'Apoiamos o consumismo e Mudanças Climáticas'.

Guarda observa mapa com observações sobre o clima em Cancún, onde acontece a COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Guarda observa mapa com observações sobre o clima em Cancún, onde acontece a COP-16

01/12 - Guarda observa mapa com observações sobre o clima na região onde acontece a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún.

Ativistas de várias organizações se unem em protesto a favor da permanência do Protocolo de Kyoto // Reuters (Reuters)

Reuters

Ativistas de várias organizações se unem em protesto a favor da permanência do Protocolo de Kyoto

02/12 - Ativistas de várias organizações se unem em protesto a favor da permanência do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e é o único tratado de redução de emissões que existe atualmente.

Futuro do Protocolo de Kioto gera dúvidas na Cúpula de Cancún

Manifestantes do grupo Sierra Club vestindo bandeiras de diferentes países enfiam os rostos na areia de praia em Cancún // Reuters (Reuters)

Reuters

Manifestantes do grupo Sierra Club vestindo bandeiras de diferentes países enfiam os rostos na areia de praia em Cancún

03/12 -Manifestantes do grupo Sierra Club vestindo bandeiras de diferentes países enfiam os rostos na areia de praia em Cancún, em protesto durante a COP-16. Para eles, estes países não estão fazendo o suficiente para lutar contra o aquecimento global.

Entraves que levaram ao fracasso em Copenhague voltam a aparecer em Cancún

China admite ser maior emissor mundial de gases do efeito estufa

China admite ser maior emissor mundial de gases do efeito estufa

REUTERS

Por Chris Buckley

PEQUIM (Reuters) - A China admitiu nesta terça-feira que é o maior emissor global de gases do efeito estufa, confirmando o que cientistas já diziam há anos, mas defendeu o seu direito de continuar aumentando suas emissões.

Xie Zhenhua, principal negociador climático chinês, fez esse comentário ao explicar qual será a posição do seu país na próxima conferência da ONU sobre o tema, que começa na próxima segunda-feira em Cancún (México).

Cientistas e entidades internacionais dizem desde 2006/07 que a China superou os EUA como maior emissor mundial de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa.

Até agora a China se esquivava, dizendo que era preciso mais avaliações, e que seria mais justo levar em conta as emissões per capita.

Mas, na entrevista coletiva em Pequim, Xie disse: 'Agora estamos como número 1 do mundo em termos de volumes de emissões.'

Ele argumentou, no entanto, que ao longo do tempo os países ricos emitiram mais gases do efeito estufa, e que por isso deveriam fazer cortes mais profundos, permitindo aos países pobres que continuassem tendo margem para mais emissões - e para mais crescimento econômico.

'A China está dando passos na esperança de que possamos chegar ao auge (das emissões) assim que possível', afirmou ele.

Os comentários de Xie não apareceram na transcrição da entrevista coletiva no site do governo (http://www.gov.cn) nem nos relatos da agência oficial de notícias Xinhua.

A China, que não tem divulgado estatísticas recentes sobre suas emissões, se compromete a reduzir não o volume total de emissões, e sim a 'intensidade de carbono' - ou seja, as emissões de gases por cada dólar gerado na economia.

Segundo a empresa BP, as emissões chinesas de dióxido de carbono atingiram 7,5 bilhões de toneladas em 2009, um aumento de 9 por cento em relação ao ano anterior. O volume representa 24 por cento das emissões mundiais no ano passado.

Divergências entre países ricos e pobres são o principal entrave à adoção de um novo tratado climático global.

A China e outros grandes países emergentes rejeitam limites obrigatórios às suas emissões. No mês passado, o negociador climático dos EUA, Todd Stern, defendeu um 'novo paradigma' nas discussões, argumentando que os países desenvolvidos atualmente respondem por apenas 45 por cento do total global de emissões.