Resumo do dia 8 de Dezembro de 2010
“A natureza não vai nos esperar enquanto negociemos”, comentou Ban Ki Moon, secretario geral da ONU em conferência de imprensa ontem, dia 7. De fato, a atmosfera não se abre mais para negociações. Assim a Presidenta da COP-16 informou que a sessão terminará na sexta-feira às 6 horas da tarde, afirmando que os negociadores e ministros não precisam de mais tempo para discutir, e que apenas precisam de vontade política para chegar a acordos.
A decisão final dos japoneses frente à Kyoto cobre as negociações como uma nuvem negra. É difícil imaginar que o país onde nasceu o Protocolo de Kyoto agora queira enterrar o mesmo, o único tratado internacional legal e vinculante para o clima. O Japão tem que mudar para uma posição positiva.
A equipe de negociação dos Estados Unidos agradecerá o Japão por deixar eles menos importantes nestas sessões. Mas os Estados Unidos estão de volta com suas velhas atitudes bloqueando progresso em diversos temas. Sabendo que não conseguiram avançar em suas próprias legislações internas e não têm muito a oferecer aqui, poderia se imaginar que o enfoque desta delegação seja mais construtivo.
O Canadá, Estados Unidos e a Austrália estão bloqueando o estabelecimento de um fundo para ajudar os países em desenvolvimento com mitigação e adaptação. Necessitamos continuar com os nossos esforços e garantir que os países desenvolvidos, mantenham, pelo menos, as promessas que fizeram no ano passado em Copenhague.
O que está acontecendo?
Ban Ki Moon ressaltou o fato que as mudanças climáticas afetam todo o trabalho da ONU – paz, seguridade, desenvolvimento e direitos humanos; mecanismos de prevenção para o desenvolvimento das Metas do Milênio, e ameaçam os ecossistemas, a segurança e a estabilidade dos pobres e vulneráveis. Ao mesmo tempo, destacou que as mudanças climáticas oferecem também oportunidades irresistíveis.
Estas oportunidades podem ser encontradas nos mercados de energia limpa, onde a Ásia já está deixando atrás a União Européia e os Estados Unidos. A Diretora Executiva da TckTckTck, Kelly Rigg ressaltou que “A Ásia está ganhando definitivamente a corrida do futuro da geração de energia”.
Um apelo semelhante foi feito por Christiana Figueres, Secretaria Executiva da UNFCCC, que disse que a batalha se faz entre os vencedores do setor privado e aqueles que se consideram perdedores, mas que estão bem organizados e financiados e que possam fazer muito mais pressão sobre os governos executivos, e nos Estados Unidos sobre o poder legislativo.
Você é um vencedor ou perdedor da corrida para o futuro?
América Latina na COP-16
O Brasil anuncia avanços nas negociações para estender o Protocolo de Kyoto.
http://noticias.terra.com.pe/calentamiento-global/brasil-anuncia-avances-en-negociacion-para-extender-protocolo-de-kioto,b29858be917cc210VgnVCM10000098f154d0RCRD.html
A luta contra as mudanças climáticas e a busca de soluções é um problema político: Rafael Correa, presidente do Equador afirma que as mudanças climáticas e a busca de soluções se tornaram um tema político, já que se os países ricos fossem os afetados e os pobres fossem os poluidores, muitas ações já teriam sido feitas.
http://www.eluniversal.com.mx/notas/728941.html
O Greenpeace, o Observatório do Clima, o GTA e a COIAB promoveram, na manhã do dia 8 de dezembro, duas ações contra a alteração do Código Florestal brasileiro, na COP-16 em Cancun. O alvo desse ato foi a Senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que tem sido fortemente criticada pelos movimentos sociais e organizações ambientais por sua posição em relação à alteração da lei. Kátia Abreu, que é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e principal representante dos ruralistas no Congresso, defende as propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro. Kátia Abreu foi surpreendida com uma réplica dourada do instrumento usado para desmatar florestas no lobby do hotel em Cancun. Paralelo a esse ato, Rubens Gomes, presidente do GTA, vestiu-se de Papai-Noel para presentear os participantes da COP-16 com mudas de árvores, ao lado de um banner com a frase “Mudar o Código Florestal = um Natal sem árvores”. O intuito é impedir a bancada do agronegócio a empurrar suas propostas de mudança no Código Florestal goela abaixo dos brasileiros.
Parceiros em ação
O Greenpeace afunda no Caribe os edifícios mais emblemáticos do planeta, para mostrar que o fenômeno das mudanças climáticas não discrimina entre países ricos ou pobres e afeta a todos.
http://www.yucatan.com.mx/20101207/temas-254/cumbre-climatica-en-cancun.htm
A Oxfam pediu aos ministros a tomar decisões políticas antes de deixar Cancun, para chegar a um acordo justo sobre financiamento na COP-16.
http://www.latercera.com/noticia/mundo/2010/12/678-329267-9-llaman-a-ministros-a-tomar-decisiones-antes-de-dejar-conferencia-de-cambio.shtml
Mensagem do Dia
Os Ministros podem escolher entre um resultado ambicioso e o mais baixo denominador comum, e parece que estão escolhendo o caminho mais fácil contornando os temas complicados e utilizando uma linguagem diluída. Deveriam escolher um caminho que traga benefícios para as pessoas e a natureza que lutam diariamente contra as mudanças climáticas, e lançar ações concretas, como fundos e iniciativas que possam reduzir as emissões ajudando os países pobres, e não iniciar novos processos ou grupos de trabalho para considerar alternativas que não vão melhorar as nossas vidas.
O desejo de ter algum sucesso, de qualquer forma, não deve tirar a atenção das ações necessárias para sobreviver. O Protocolo de Kyoto precisa de um futuro e as florestas precisam de um tratado; a redução das emissões de CO2 deve estar incluída no texto como parte de um plano de ação, e um fundo climático justo que financie todo não pode tampouco faltar.
O mundo pode receber tudo isso, mas o Japão deve abandonar este comportamento rígido estúpido com relação à Kyoto, a União Européia deve deixar de se comportar como si não tivesse nada a fazer nestas negociações. Os Estados Unidos, Canadá e Austrália devem assumir o fundo climático. Todos podem ter benefícios e mostrar liderança, pelo menos se não pretendam prejudicar as suas próprias economias, já que China e Índia podem dominar o mercado da energia limpa durante a próxima década – são esperadas US$2.3 trilhões de investimentos privados em energia limpa.
O que você pode fazer hoje – divulgue as mensagens
Afetados pelas mudanças climáticas cantam a sua experiência na Praça da Reforma no centro de Cancun.
Japão: O Governo japonês necessita ouvir o que o Protocolo de Kyoto significa para você. Envie um e-mail, mensagens pelo twitter ou seu blog, ou uma mensagem pessoal às autoridades relevantes que você pode contatar: embaixador, representantes da ONU, consulados, delegados em Cancun o representantes do Governo japonês. Informe as suas ações para Julia Sánchez (julia.sanchez@tcktcktck.org).
Twitter: Se você acredita no Protocolo de Kyoto, envie uma mensagem ao governo japonês para manter a fé em Kyoto: http://ht.ly/3lFDO #climate #COP16 #cancun
Processo Negociador na COP16 paralisado: Os Estados Unidos não querem se comprometer com uma redução de suas emissões de gases de efeito estufa e tampouco querem se comprometer com a continuidade do Protocolo de Kyoto.
http://www.confidencial.com.ni/articulo/2611/ambiente-pesimista-en-cumbre-de-cancun
Quanto mais demoram os governos para chegar a consensos sobre ações contra o aquecimento global “mais vidas humanas se perderão”, alertou Ban Ki-moon, secretario geral da ONU, durante a inauguração da Sessão de Alto Nivel da COP-16.
http://excelsior.com.mx/index.php?m=nota&id_nota=694809
A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) apresentou no dia 7, no marco da COP-16, o estudo chamado 'A economia das mudanças climáticas na América Latina e No Caribe 2010' no qual se analisam os efeitos econômicos das mudanças climáticas na região.
http://www.eluniversal.com.mx/notas/728925.html