quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

E-mails q recebi do tictactitac sobre a COP-16 em Cancun

Resumo do dia 8 de Dezembro de 2010

“A natureza não vai nos esperar enquanto negociemos”, comentou Ban Ki Moon, secretario geral da ONU em conferência de imprensa ontem, dia 7. De fato, a atmosfera não se abre mais para negociações. Assim a Presidenta da COP-16 informou que a sessão terminará na sexta-feira às 6 horas da tarde, afirmando que os negociadores e ministros não precisam de mais tempo para discutir, e que apenas precisam de vontade política para chegar a acordos.

A decisão final dos japoneses frente à Kyoto cobre as negociações como uma nuvem negra. É difícil imaginar que o país onde nasceu o Protocolo de Kyoto agora queira enterrar o mesmo, o único tratado internacional legal e vinculante para o clima. O Japão tem que mudar para uma posição positiva.

A equipe de negociação dos Estados Unidos agradecerá o Japão por deixar eles menos importantes nestas sessões. Mas os Estados Unidos estão de volta com suas velhas atitudes bloqueando progresso em diversos temas. Sabendo que não conseguiram avançar em suas próprias legislações internas e não têm muito a oferecer aqui, poderia se imaginar que o enfoque desta delegação seja mais construtivo.

O Canadá, Estados Unidos e a Austrália estão bloqueando o estabelecimento de um fundo para ajudar os países em desenvolvimento com mitigação e adaptação. Necessitamos continuar com os nossos esforços e garantir que os países desenvolvidos, mantenham, pelo menos, as promessas que fizeram no ano passado em Copenhague.

O que está acontecendo?

Ban Ki Moon ressaltou o fato que as mudanças climáticas afetam todo o trabalho da ONU – paz, seguridade, desenvolvimento e direitos humanos; mecanismos de prevenção para o desenvolvimento das Metas do Milênio, e ameaçam os ecossistemas, a segurança e a estabilidade dos pobres e vulneráveis. Ao mesmo tempo, destacou que as mudanças climáticas oferecem também oportunidades irresistíveis.

Estas oportunidades podem ser encontradas nos mercados de energia limpa, onde a Ásia já está deixando atrás a União Européia e os Estados Unidos. A Diretora Executiva da TckTckTck, Kelly Rigg ressaltou que “A Ásia está ganhando definitivamente a corrida do futuro da geração de energia”.

Um apelo semelhante foi feito por Christiana Figueres, Secretaria Executiva da UNFCCC, que disse que a batalha se faz entre os vencedores do setor privado e aqueles que se consideram perdedores, mas que estão bem organizados e financiados e que possam fazer muito mais pressão sobre os governos executivos, e nos Estados Unidos sobre o poder legislativo.

Você é um vencedor ou perdedor da corrida para o futuro?
América Latina na COP-16

O Brasil anuncia avanços nas negociações para estender o Protocolo de Kyoto.
http://noticias.terra.com.pe/calentamiento-global/brasil-anuncia-avances-en-negociacion-para-extender-protocolo-de-kioto,b29858be917cc210VgnVCM10000098f154d0RCRD.html
A luta contra as mudanças climáticas e a busca de soluções é um problema político: Rafael Correa, presidente do Equador afirma que as mudanças climáticas e a busca de soluções se tornaram um tema político, já que se os países ricos fossem os afetados e os pobres fossem os poluidores, muitas ações já teriam sido feitas.


http://www.eluniversal.com.mx/notas/728941.html

O Greenpeace, o Observatório do Clima, o GTA e a COIAB promoveram, na manhã do dia 8 de dezembro, duas ações contra a alteração do Código Florestal brasileiro, na COP-16 em Cancun. O alvo desse ato foi a Senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que tem sido fortemente criticada pelos movimentos sociais e organizações ambientais por sua posição em relação à alteração da lei. Kátia Abreu, que é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e principal representante dos ruralistas no Congresso, defende as propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro. Kátia Abreu foi surpreendida com uma réplica dourada do instrumento usado para desmatar florestas no lobby do hotel em Cancun. Paralelo a esse ato, Rubens Gomes, presidente do GTA, vestiu-se de Papai-Noel para presentear os participantes da COP-16 com mudas de árvores, ao lado de um banner com a frase “Mudar o Código Florestal = um Natal sem árvores”. O intuito é impedir a bancada do agronegócio a empurrar suas propostas de mudança no Código Florestal goela abaixo dos brasileiros.


Parceiros em ação

O Greenpeace afunda no Caribe os edifícios mais emblemáticos do planeta, para mostrar que o fenômeno das mudanças climáticas não discrimina entre países ricos ou pobres e afeta a todos.


http://www.yucatan.com.mx/20101207/temas-254/cumbre-climatica-en-cancun.htm
A Oxfam pediu aos ministros a tomar decisões políticas antes de deixar Cancun, para chegar a um acordo justo sobre financiamento na COP-16.

http://www.latercera.com/noticia/mundo/2010/12/678-329267-9-llaman-a-ministros-a-tomar-decisiones-antes-de-dejar-conferencia-de-cambio.shtml
Mensagem do Dia

Os Ministros podem escolher entre um resultado ambicioso e o mais baixo denominador comum, e parece que estão escolhendo o caminho mais fácil contornando os temas complicados e utilizando uma linguagem diluída. Deveriam escolher um caminho que traga benefícios para as pessoas e a natureza que lutam diariamente contra as mudanças climáticas, e lançar ações concretas, como fundos e iniciativas que possam reduzir as emissões ajudando os países pobres, e não iniciar novos processos ou grupos de trabalho para considerar alternativas que não vão melhorar as nossas vidas.

O desejo de ter algum sucesso, de qualquer forma, não deve tirar a atenção das ações necessárias para sobreviver. O Protocolo de Kyoto precisa de um futuro e as florestas precisam de um tratado; a redução das emissões de CO2 deve estar incluída no texto como parte de um plano de ação, e um fundo climático justo que financie todo não pode tampouco faltar.

O mundo pode receber tudo isso, mas o Japão deve abandonar este comportamento rígido estúpido com relação à Kyoto, a União Européia deve deixar de se comportar como si não tivesse nada a fazer nestas negociações. Os Estados Unidos, Canadá e Austrália devem assumir o fundo climático. Todos podem ter benefícios e mostrar liderança, pelo menos se não pretendam prejudicar as suas próprias economias, já que China e Índia podem dominar o mercado da energia limpa durante a próxima década – são esperadas US$2.3 trilhões de investimentos privados em energia limpa.

O que você pode fazer hoje – divulgue as mensagens

Afetados pelas mudanças climáticas cantam a sua experiência na Praça da Reforma no centro de Cancun.

Video: http://www.oneclimate.net/2010/12/08/beautiful-singing-dancing-at-indigenous-cop16-climate-talks-protest/

Japão: O Governo japonês necessita ouvir o que o Protocolo de Kyoto significa para você. Envie um e-mail, mensagens pelo twitter ou seu blog, ou uma mensagem pessoal às autoridades relevantes que você pode contatar: embaixador, representantes da ONU, consulados, delegados em Cancun o representantes do Governo japonês. Informe as suas ações para Julia Sánchez (julia.sanchez@tcktcktck.org).

Twitter: Se você acredita no Protocolo de Kyoto, envie uma mensagem ao governo japonês para manter a fé em Kyoto: http://ht.ly/3lFDO #climate #COP16 #cancun
Processo Negociador na COP16 paralisado: Os Estados Unidos não querem se comprometer com uma redução de suas emissões de gases de efeito estufa e tampouco querem se comprometer com a continuidade do Protocolo de Kyoto.

http://www.confidencial.com.ni/articulo/2611/ambiente-pesimista-en-cumbre-de-cancun
Quanto mais demoram os governos para chegar a consensos sobre ações contra o aquecimento global “mais vidas humanas se perderão”, alertou Ban Ki-moon, secretario geral da ONU, durante a inauguração da Sessão de Alto Nivel da COP-16.


http://excelsior.com.mx/index.php?m=nota&id_nota=694809

A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) apresentou no dia 7, no marco da COP-16, o estudo chamado 'A economia das mudanças climáticas na América Latina e No Caribe 2010'  no qual se analisam os efeitos econômicos das mudanças climáticas na região.
http://www.eluniversal.com.mx/notas/728925.html



terça-feira, 7 de dezembro de 2010

TERRAMÉRICA - Em busca das virtudes climáticas do bambu

Crédito da imagem: Cortesia Inbar

Crédito da imagem: Cortesia Inbar

Cancun, México, 6 de dezembro (Terramérica).- Vedadas, por ora, as soluções globais para a crise climática, muitos se lançam em busca de vegetais que possam mitigar a contaminação causadora do aquecimento e ajudem a suportar os embates de um clima enlouquecido. Agora, é a vez do bambu. “Cresce rápido, precisa de pouca água, absorve dióxido de carbono, protege os estuários, é resistente a tempestades”, enumerou ao Terramérica a holandesa Coosje Hoogendoorn, diretora-geral da Rede Internacional do Bambu e do Ratã (Inbar), que desde 1993 reúne 35 nações e tem sede em Pequim.

No mundo existem mais de mil espécies de bambu, Bambusa vulgaris, e 34% delas crescem na América Latina. Só no México, são 36 espécies, pouco estudadas e aproveitadas. A fibra de sua cana é uma eficaz matéria-prima para utensílios, móveis e artesanato, e um material apropriado para a construção de moradias resistentes aos ciclones. “Na América Latina, o potencial se desenvolve pouco a pouco. Sabe-se pouco sobre seu uso”, disse ao Terramérica o equatoriano Álvaro Cabrera, coordenador regional para América Latina e Caribe da Inbar.

A 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontece no balneário mexicano de Cancun até o dia 10, está quase absorta na exploração de opções técnicas para proteger e restaurar ecossistemas e ajudar na adaptação aos desastres naturais.

A fibra de bambu é usada para construir casas nos estados mexicanos de Puebla e Veracruz, sul do país, mas não de forma maciça. Este país não integra a Inbar. O limitado uso destas espécies nativas no México tem “razões históricas, culturais e econômicas”, segundo o informe “O Bambu. Estudo do Mercado Mundial”, feito pelo Ministério de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação.

“A planta é denegrida e combatida por ser considerada uma praga, particularmente em áreas onde se cultiva café, banana, tabaco e cacau e se cria extensivamente gado bovino”, acrescenta o documento. Em “dez anos, um hectare de bambu mossô (Phyllostachys pubescens) na China captura 30 toneladas de dióxido de carbono a mais do que uma plantação do mesmo tamanho de pinheiro chinês (Cunninghamia lanceolata)”, segundo um modelo comparativo da Inbar.

“O manejo sustentável e o uso apropriado do bambu podem aumentar a quantidade de carbono sequestrado, com mudanças no manejo que elevem a capacidade de armazenamento dentro do ecossistema no curto prazo”, afirma o estudo. O manejo florestal dessa planta ganhou força na Colômbia, no Equador e Peru, e, mais recentemente, na Argentina, membros da Inbar, junto com Cuba, Panamá e Venezuela.

Tudo bem “desenvolver projetos de proteção inovadores, mas é preciso estudá-los a fundo”, disse ao Terramérica o inglês Stephen Crooks, consultor da firma norte-americana ESA-PWA, coautor de um exame sobre captura de carbono nas zonas costeiras do planeta. É preciso analisar suas características e os efeitos que sua implantação maciça pode ter. No Equador foram construídas mais de cem mil casas de bambu para restaurar áreas devastadas por chuvas e inundações provocadas pelo fenômeno climático El Niño/Oscilação do Sul, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial.

Na cidade peruana de Ica, no Sul do país, foram utilizadas mais de 40 mil canas de bambu para erguer o Hotel Paracas. Na província equatoriana de Esmeraldas, a cadeia hoteleira norte-americana Royal Decameron também usou esse material na edificação de um alojamento. No Equador, a Inbar projeta 15 protótipos de casas de bambu. Em janeiro começará uma iniciativa semelhante no Peru, financiada com US$ 200 mil pelo Banco Mundial.

O objetivo é que os governos dos países financiem cada um a construção de 1.500 casas. “Estamos desenvolvendo uma tecnologia para fabricar telhas de bambu, em lugar das de zinco”, disse Coosje em Cancun. Produtores equatorianos e peruanos obtiveram a certificação da matéria-prima expedida pelo Conselho de Administração Florestal (FSC), que garante o manejo sustentável do cultivo.

“As plantações comerciais de bambu são uma das opções que poderiam contribuir mais eficazmente para compensar e corrigir a deterioração ambiental em territórios com climas quentes úmidos e muito quentes com chuvas o ano todo”, afirma o Ministério da Agricultura do México. O Congresso deste país pediu ao presidente Felipe Calderón que se associe à Inbar e estabeleça um programa de fomento ao bambu. “No México, há muito interesse em promover o bambu”, assegurou Álvaro. O comércio internacional do vegetal chega a US$ 7 bilhões.

* O autor é correspondente da IPS.

Crédito da imagem: Cortesia Inbar

Legenda: O bambu combate a erosão costeira e precisa de pouca água, afirmam seus defensores.

ONG britânica oferece cursos para salva-vidas de baleia

Uma entidade britânica está oferecendo cursos para voluntários que queiram se tornar especialistas em primeiros socorros de mamíferos marinhos.

A ONG British Divers Marine Life Rescue (BDMLR) já formou 2.500 especialistas que ficam de prontidão em vários pontos do país para salvar mamíferos marinhos - entre eles, golfinhos e baleias - encalhados nas praias da Grã-Bretanha.

Segundo especialistas, o número de encalhamentos tem aumentado e atualmente chega a 500 por ano.

Em um caso recente, o diretor da entidade, o biólogo Alan Knight, viajou por terra, água e ar para atender a um chamado de emergência: uma baleia corcunda corria risco de vida porque sua cauda havia ficado presa em uma corda na região das ilhas Shetlands, na costa da Escócia.

Mas o resgate que empolgou os britânicos ocorreu em 2006, quando a BDMLR participou da operação de salvamento de uma baleia que ficou encalhada em um trecho londrino do rio Tâmisa.

A mega-operação, que teve participação também do corpo de bombeiros, da polícia e da autoridade portuária de Londres, foi transmitida ao vivo pela TV britânica.

Infelizmente, a baleia, da espécie Hyperoodon ampullatus, ou nariz de garrafa do norte, acabou morrendo.

Porém, em entrevista à BBC, Alan Knight disse que ele e sua equipe aprenderam lições valiosas com a experiência.

'Estudos de patologia nessa e em outras baleias que morreram durante resgates nos ajudaram a entender o que acontece quando as baleias encalham na praia', disse o biólogo. 'Como resultado, nós mudamos nossos procedimentos.'

Segundo Knight, quando os músculos da baleia se rompem, ocorre a liberação de uma substância chamada mioglobina, que bloqueia o funcionamento dos rins do animal, contribuindo para a sua morte.

'Hoje em dia, sabemos que, para evitar o sofrimento do animal, devemos fazê-lo dormir antes de tentar resgatá-lo'.

Encalhamentos

Estudos feitos por especialistas em todo o mundo mostram que as baleias, assim como outros cetáceos, estão sob crescente ameaça por atividades humanas.

Entre os perigos, estão redes de pesca lançadas por navios pesqueiros, choques entre barcos e animais e substâncias poluentes que enfraquecem sua imunidade.

No caso específico das baleias, os cientistas acreditam que o sistema natural de orientação que utilizam para navegar pelos mares esteja sendo perturbado pelos sonares de navios de guerra.

Isso poderia explicar, ao menos parcialmente, um aumento de 25% no número de encalhamentos registrado em anos recentes.

Tomando como exemplo o caso da baleia que encalhou no Tâmisa, Alan Knight especula:

'Sabemos do que essas baleias se alimentam e sabemos que esse tipo de alimento não está disponível no Mar do Norte. Ela deveria ter cruzado pelo topo da Escócia, em direção às águas profundas do Atlântico Norte.'

'Acreditamos que ela estava tentando nadar para o oeste, seguindo a rota normal de migração, mas acabou entrando no Tâmisa. Aquela baleia já devia estar em sofrimento considerável quando desceu (para o Tâmisa)', disse o biólogo.

Uma outra possível explicação, mais positiva, para o aumento nos encalhamentos, seria o aumento nas populações de baleias em consequência das restrições à pesca.

ONG

A BDMLR foi fundada em 1990 e se baseia inteiramente em trabalho voluntário, com membros de prontidão 24 horas por dia durante todo o ano.

A entidade treina especialistas em primeiros socorros de mamíferos marinhos e possui vários tipos de equipamentos posicionados em locais estratégicos em todo o país. Há barcos de resgate, dispositivos de flutuação para os animais e kits para desembaraçá-los de redes, entre outros materiais.

Alan Knight, que também é presidente da ONG International Animal Rescue, disse que não é necessária qualquer experiência prévia em mergulho ou em medicina para se tornar voluntário.

'Eu encorajaria qualquer um a integrar nossa equipe. É uma experiência muito gratificante'.

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Sem grandes avanços mas com otimismo, reunião do clima entra na fase final

Sem grandes avanços mas com otimismo, reunião do clima entra na fase final

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"Polícia na conferência da ONU sobre mudanças climáticas"

Conferência da ONU acontece sob forte esquema de segurança

Ainda sem uma luz no fim do túnel, a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática entra nesta segunda-feira na sua última e decisiva semana, com a chegada de ministros da maioria dos cerca de 190 países que participam do encontro.

A primeira semana de discussões foi marcada pelo anúncio de que o Japão não tem planos de se comprometer com metas para um segundo período do Protocolo de Kyoto, que vence em 2012, e por uma continuação da desconfiança entre países ricos e em desenvolvimento.

Nos próximos dias, negociadores e ministros devem debater o rascunho de texto elaborado pela presidência da conferência, tradicionalmente entregue aos anfitriões, neste caso os mexicanos, a partir do que foi discutido durante a primeira semana.

A impressão que se tem nas conversas de corredores é de que o clima é bem mais amistoso e relaxado - mesmo com uma segurança que mais parece uma operação de guerra - do que durante a reunião do ano passado, em Copenhague.

O mantra repetido à exaustão pela secretária-executiva da ONU para mudança climática, Christiana Figueres, e por negociadores brasileiros, americanos e chineses, entre outros: é 'pacote equilibrado'.

Difícil meio termo

Na tradução do jargão, isso significa encontrar um meio termo entre as expectativas de todos (ou ambos, desenvolvidos e em desenvolvimento) os lados.

'Viemos aqui para negociar, não para reiterar as posições nacionais', afirmou a negociadora europeia Connie Hedegaard.

O negociador-chefe americano, Jonathan Pershing, também foi bem claro. Para ele, um resultado equilibrado exige que tanto americanos quanto chineses, indianos e brasileiros façam concessões.

O rascunho de acordo apresentado pelos organizadores mexicanos do encontro é amplamente baseado no Acordo de Copenhague - a carta de intenções lançada por um grupo de países, entre eles o Brasil, no ano passado, aponta as opções discutidas até o momento.

Neste denominador comum, pelo menos em uma das duas principais linhas de negociação, a que trata de ações de longo prazo, parece melhor encaminhada.

Ainda assim, ativistas criticam as opções deixadas pela presidência do encontro no texto.

'As opções representam as posições mais extremas dos países', afirmou o diretor de política climática do WWF, Wender Trio.

A outra vertente, que tenta negociar a extensão ou a renovação do Protocolo de Kyoto está em situação bem mais difícil. Com o desinteresse do Japão e os Estados Unidos fora de qualquer maneira, uma vez que não ratificaram o acordo, resta a pressão dos países em desenvolvimento.

No coro dos insatisfeitos, a voz do negociador-chefe brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo Machado, é uma das mais altas.

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Entraves que levaram ao fracasso em Copenhague voltam a aparecer em Cancún

Entraves que levaram ao fracasso em Copenhague voltam a aparecer em Cancún

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"Cancún"

ONGs exigem que reunião de Cancún faça progresso real

Depois de apenas três dias da conferência das Nações Unidas sobre mudança climática em Cancún, no México, as dificuldades que levaram ao fracasso do encontro anterior, em Copenhague, voltam a se tornar nítidas.

O Japão, por exemplo, já anunciou que não pretende se comprometer com a assinatura de um segundo período do Protocolo de Kyoto. O tratado, acertado em 1997, prevê reduções de emissões de gases do efeito estufa de 5,2% (em relação aos níveis de 1990) no período entre 2008 e 2012, e novas metas a partir de então.

O argumento japonês é de caráter prático: para os negociadores do país, não faz sentido abraçar um projeto que não terá grande efeito sobre o total de emissões, uma vez que os países atrelados a Kyoto representam menos de um terço das emissões do planeta.

Isso se deve, principalmente, à ausência dos Estados Unidos e da China, os dois principais poluidores, responsáveis, juntos, por cerca de metade das emissões globais.

Os americanos nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto, e a China e outros grandes emissores do mundo em desenvolvimento, como Brasil e Índia, não têm obrigações sob o tratado de reduzir a sua produção de gases.

Por isso, o anúncio japonês não chega a ser uma surpresa. Desde Copenhague, observadores dizem que os Estados Unidos vêm fazendo lobby pelo abandono de Kyoto e pela criação de um novo protocolo, válido para todos.

Acordo único

Oficialmente, em Cancún, correm duas linhas de discussão principais: a continuação do Protocolo de Kyoto a partir de 2012, e um plano de longo prazo.

Só as últimas incluem todos os 194 signatários da Convenção do Clima da ONU.

O Acordo de Copenhague, uma carta de intenções produzida depois de duas semanas de reuniões em 2009, reúne metas voluntárias de emissões de todos os países desenvolvidos e dos principais emergentes. Somadas, elas respondem por cerca de 80% da produção mundial de gases do efeito estufa.

A diplomacia japonesa agora defende abertamente um acordo único, com obrigações para todos.

Essa posição esbarra na opinião amplamente defendida entre países em desenvolvimento de que o Protocolo de Kyoto deve ser estendido. O Brasil, inclusive, já deixou claro que essa é a sua opção.

A União Europeia também defende, em princípio, a manutenção de Kyoto.

O aparente acirramento das posições acontece em um momento em que, em outros temas, parece estar havendo progresso.

De acordo com observadores das negociações, Estados Unidos e China estariam mais próximos de um acordo sobre um dos assuntos mais espinhosos do encontro: o aferimento de metas de emissão.

MRV

Em Copenhague, americanos deixaram claro que faziam questão de que metas assumidas por países em desenvolvimento fossem, no jargão, MRV - de 'mensuráveis, verificáveis e reportáveis'.

Chineses por outro lado, disseram que não aceitariam intromissões externas em assuntos nacionais, praticamente inviabilizando a implantação do MRV.

Agora, os dois países estariam mais próximos de um meio termo. O negociador-chefe americano Jonathan Pershing confirmou isso.

'Ficou bem claro que estamos convergindo. Mas ainda não encontramos um acordo', disse Pershing, sobre a primeira reunião com a delegação chinesa.

Em entrevista coletiva, a secretária-executiva da ONU para mudança climática, Christiana Figueres, considerou a participação inicial dos dois maiores poluidores de 'construtiva' e 'positiva'.

A 16ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas começou na segunda-feira, 29 de novembro, e vai até o dia 10 de dezembro.

Poucos esperam que um acordo abrangente saia do encontro no México. A expectativa é de que representantes de mais de 190 países pavimentem um possível acordo para o encontro de 2011, na África do Sul.

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O que acontece na COP-16 em Cancún

Após uma antecessora carregada de frustrações, começa a COP-16, a 16ª Conferência Climática das Nações Unidas, em Cancún, no México

Cúpula climática reúne representantes de 193 países em Cancún(Divulgação)

Divulgação
Cúpula climática reúne representantes de 193 países em Cancún

Após uma antecessora carregada de frustrações, começa a COP-16, a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún, no México. A reunião carrega baixas expectativas por causa da falta de resultados da COP-15, que teve como sede Copenhague, na Dinamarca.

Mesmo assim, alguns governantes e grupos de defesa do meio ambiente reconhecem a importância da reunião, que pode estabelecer novos acordos em busca da diminuição de emissão de gases poluidores e regras para as atividades 'ecologicamente incorretas' de países desenvolvidos. O Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e é o único tratado de redução de emissões que existe atualmente, também está no centro das atenções (e discussões) na paradisíaca Cancún.

Confira nas fotos a seguir o que aconteceu dentro e fora da reunião que pode definir alguns rumos das políticas climáticas no mundo.

A COP-16 teve início no dia 29 de novembro deste ano e vai até sexta, dia 10 de dezembro.

Balão do Greenpeace sobrevoa ruínas maias // Reuters (Reuters)

Reuters

Balão do Greenpeace sobrevoa ruínas maias

28/11 - Balão da organização ambiental Greenpeace sobrevoa ruínas maias com as mensagens 'Salvem o Clima' e 'Parem com o Aquecimento Global'.

Cancún: cidade que recebe COP-16 também é vítima do aquecimento

Ativistas da Oxfam carregam uma garrafa gigante com o recado 'Urgente: Salvem Vidas em Cancún' // Reuters (Reuters)

Reuters

Ativistas da Oxfam carregam uma garrafa gigante com o recado 'Urgente: Salvem Vidas em Cancún'

28/11 - Ativistas da Oxfam carregam uma garrafa gigante com o recado 'Urgente: Salvem Vidas em Cancún' dentro dela pelas areias de praia da cidade mexicana.

Tanque patrulha área da COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Tanque patrulha área da COP-16

29/11 - Tanque que patrulha os arredores do local onde ocorrem as discussões da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, onde representantes de centenas de países se reúnem, passa em frente a placa com a palavra 'Paz'.

Ativistas incentivando pessoas a se tornarem vegetarianas para salvar o planeta // Reuters (Reuters)

Reuters

Ativistas incentivando pessoas a se tornarem vegetarianas para salvar o planeta

29/11 - Ativistas carregam cartazes incentivando pessoas a se tornarem vegetarianas como medida para salvar o planeta, em Cancún.

Fazendeiros no Camboja seguram cartazes com os símbolos de diferentes moedas // Reuters (Reuters)

Reuters

Fazendeiros no Camboja seguram cartazes com os símbolos de diferentes moedas

29/11 - Fazendeiros no Camboja seguram cartazes com os símbolos de diferentes moedas pelo mundo em protesto pelo estabelecimento de acordos climáticos na COP-16.

Presidente mexicano marca presença na COP-16 // Divulgação (Divulgação)

Divulgação

Presidente mexicano marca presença na COP-16

30/11 - O presidente mexicano Felipe Calderón faz discurso de abertura da 16ª Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Lula diz que cúpula climática de Cancún acabará sem acordos

Em resposta a Lula, México diz que Cúpula de Cancún dará passos concretos

Representantes de diversos países começam a participar das reuniões da COP-16 // Divulgação (Divulgação)

Divulgação

Representantes de diversos países começam a participar das reuniões da COP-16

30/11 - Representantes de diversos países começam a participar das reuniões da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Desastres ambientais viram alerta na COP-16

A última década foi a mais quente da história // AP (AP)

AP

A última década foi a mais quente da história

30/11 - Nuvens ficam avermelhadas durante pôr-do-sol em Washington. Durante a COP-16, foi divulgada a informação de que a última década foi a mais quente da história.

Década 2001-2010 foi a mais quente da história, diz OMM

2010 pode ser um dos três anos mais quentes da história, diz ONU

Mulher balança bandeira dos Estados Unidos na COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Mulher balança bandeira dos Estados Unidos na COP-16

01/12 - Mulher balança bandeira dos Estados Unidos abaixo de bandeira que mostra o Planeta Terra ao lado das barricadas que protegem o local das reuniões da COP-16.

Vozes e mãos femininas se levantam em Cancún

Desastres ambientais viram alerta na COP-16

Homem assiste a vídeo que mostra consequências das mudanças climáticas ao planeta // Reuters (Reuters)

Reuters

Homem assiste a vídeo que mostra consequências das mudanças climáticas ao planeta

01/12 - Homem assiste a vídeo que mostra consequências das mudanças climáticas ao planeta nos últimos anos durante a COP-16, em Cancún.

COP16 caminha com passos pequenos

Fotógrafo tira fotos de exposição fotográfica em exibição na COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Fotógrafo tira fotos de exposição fotográfica em exibição na COP-16

01/12 - Fotógrafo tira fotos de exposição fotográfica em exibição em um dos locais onde acontece a 16ª Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún.

Ativistas usam máscaras de Obama, Angela Merkel e do primeiro-ministro Naoto Kan em protesto na COP-16 // AP (AP)

AP

Ativistas usam máscaras de Obama, Angela Merkel e do primeiro-ministro Naoto Kan em protesto na COP-16

01/12 - Ativistas usam máscaras gigantes do presidente americano Barack Obama, da chanceler alemã Angela Merkel e do primeiro-ministro japonês Naoto Kan para fazer crítica à política de consumo desenfreado destes países. Eles seguram cartazes que dizem 'Apoiamos o consumismo e Mudanças Climáticas'.

Guarda observa mapa com observações sobre o clima em Cancún, onde acontece a COP-16 // Reuters (Reuters)

Reuters

Guarda observa mapa com observações sobre o clima em Cancún, onde acontece a COP-16

01/12 - Guarda observa mapa com observações sobre o clima na região onde acontece a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún.

Ativistas de várias organizações se unem em protesto a favor da permanência do Protocolo de Kyoto // Reuters (Reuters)

Reuters

Ativistas de várias organizações se unem em protesto a favor da permanência do Protocolo de Kyoto

02/12 - Ativistas de várias organizações se unem em protesto a favor da permanência do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e é o único tratado de redução de emissões que existe atualmente.

Futuro do Protocolo de Kioto gera dúvidas na Cúpula de Cancún

Manifestantes do grupo Sierra Club vestindo bandeiras de diferentes países enfiam os rostos na areia de praia em Cancún // Reuters (Reuters)

Reuters

Manifestantes do grupo Sierra Club vestindo bandeiras de diferentes países enfiam os rostos na areia de praia em Cancún

03/12 -Manifestantes do grupo Sierra Club vestindo bandeiras de diferentes países enfiam os rostos na areia de praia em Cancún, em protesto durante a COP-16. Para eles, estes países não estão fazendo o suficiente para lutar contra o aquecimento global.

Entraves que levaram ao fracasso em Copenhague voltam a aparecer em Cancún

China admite ser maior emissor mundial de gases do efeito estufa

China admite ser maior emissor mundial de gases do efeito estufa

REUTERS

Por Chris Buckley

PEQUIM (Reuters) - A China admitiu nesta terça-feira que é o maior emissor global de gases do efeito estufa, confirmando o que cientistas já diziam há anos, mas defendeu o seu direito de continuar aumentando suas emissões.

Xie Zhenhua, principal negociador climático chinês, fez esse comentário ao explicar qual será a posição do seu país na próxima conferência da ONU sobre o tema, que começa na próxima segunda-feira em Cancún (México).

Cientistas e entidades internacionais dizem desde 2006/07 que a China superou os EUA como maior emissor mundial de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa.

Até agora a China se esquivava, dizendo que era preciso mais avaliações, e que seria mais justo levar em conta as emissões per capita.

Mas, na entrevista coletiva em Pequim, Xie disse: 'Agora estamos como número 1 do mundo em termos de volumes de emissões.'

Ele argumentou, no entanto, que ao longo do tempo os países ricos emitiram mais gases do efeito estufa, e que por isso deveriam fazer cortes mais profundos, permitindo aos países pobres que continuassem tendo margem para mais emissões - e para mais crescimento econômico.

'A China está dando passos na esperança de que possamos chegar ao auge (das emissões) assim que possível', afirmou ele.

Os comentários de Xie não apareceram na transcrição da entrevista coletiva no site do governo (http://www.gov.cn) nem nos relatos da agência oficial de notícias Xinhua.

A China, que não tem divulgado estatísticas recentes sobre suas emissões, se compromete a reduzir não o volume total de emissões, e sim a 'intensidade de carbono' - ou seja, as emissões de gases por cada dólar gerado na economia.

Segundo a empresa BP, as emissões chinesas de dióxido de carbono atingiram 7,5 bilhões de toneladas em 2009, um aumento de 9 por cento em relação ao ano anterior. O volume representa 24 por cento das emissões mundiais no ano passado.

Divergências entre países ricos e pobres são o principal entrave à adoção de um novo tratado climático global.

A China e outros grandes países emergentes rejeitam limites obrigatórios às suas emissões. No mês passado, o negociador climático dos EUA, Todd Stern, defendeu um 'novo paradigma' nas discussões, argumentando que os países desenvolvidos atualmente respondem por apenas 45 por cento do total global de emissões.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É preciso cuidar das selvas

Imagem Ilustrativa

Imagem Ilustrativa

Bangcoc, Tailândia, 18/11/2010 – A Indonésia e sua política florestal concentram a atenção de ativistas e delegados que participarão das negociações sobre mudança climática, que começarão este mês no balneário mexicano de Cancún, onde será discutida a colaboração dos países ricos na manutenção das selvas do Sul.

Os delegados que participarão da 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá de 29 deste mês a 10 de dezembro, negociarão o mecanismo conhecido como Redução de Emissões de Carbono Causadas pelo Desmatamento e a Degradação das Florestas (REDD). Por esta iniciativa, os países mais contaminantes tentam compensar suas emissões de carbono, o principal gás responsável pelo aquecimento global.

Os esforços internacionais se concentram no sentido de que a Indonésia, o maior país do sudeste da Ásia, se beneficie da REDD porque tem uma das selvas com maior diversidade biológica da região. Esse país tem 94 milhões de hectares de florestas tropicais, dos 124 milhões que o sudeste asiático possui, distribuídos em dez Estados, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

A Birmânia, com 32 milhões de hectares, é o país com mais território de selva depois da Indonésia. “A REDD pode ser uma ferramenta útil e um incentivo para que os países detenham o desmatamento”, disse Patrick Durst, especialista da FAO para a Ásia-Pacífico. A Indonésia já adotou medidas para deter o corte de árvores. A proporção de desmatamento diminuiu de 1,7% na década de 1990, para 0,7% nos últimos cinco anos, completou Patrick.

A Indonésia é importante para mitigar os efeitos globais da mudança climática por ser o maior emissor de gases-estufa do mundo decorrentes do desmatamento e da destruição de selvas pela agricultura, especialmente para cultivo de palma. O presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, assumiu o compromisso, na reunião do G-20 de setembro de 2009, de reduzir de forma drástica as emissões contaminantes, freando o desmatamento e a degradação, principais causas do aquecimento global.

“Uma redução do desmatamento de 5% implica US$ 765 milhões ao ano graças ao mecanismo REDD, enquanto uma queda de 30% representa US$ 4,5 bilhões”, segundo o Centro Internacional de Pesquisa Florestal (Cifor), com sede em Bogor, na Indonésia. “A REDD é uma oportunidade única que permite à Indonésia ter renda e diminuir a perda de selvas, contribuindo para mitigar as consequências da mudança climática”, ainda de acordo com o Cifor. Entretanto, o caminho para a prosperidade está cheio de obstáculos, sendo o mais desanimador a corrupção endêmica no setor florestal local.

“A corrupção é grave em Papua Nova Guiné, Indonésia e Malásia”, disse Manoj Nadkarni, diretor do programa de integridade na governança florestal para a Ásia-Pacífico da Transparência Internacional, com sede em Berlim. “A Indonésia está entre os cinco países pior colocados na lista de percepção de corrupção preparada por essa organização”, ressaltou, acrescentando que “a corrupção coloca a REDD em risco”. “O problema é o corte ilegal, em grande parte devido à galopante corrupção no setor florestal indonésio”, afirmou Manoj à IPS durante uma conferência internacional contra a corrupção (UACC), que terminou no dia 13 na capital tailandesa.

É um problema que “priva os cofres públicos de aproximadamente US$ 10 bilhões por ano em ganhos com suas próprias selvas”, diz a Transparência Internacional no estudo intitulado “Análises da Corrupção no Setor Florestal”, divulgado ao fim da conferência de Bangcoc. “O não pagamento de impostos pelos concessionários significa a perda de outros US$ 5 bilhões”, acrescenta.

O corte ilegal, para alimentar a voraz demanda por madeira para fabricar móveis e revestimentos de solos no mundo, coloca em risco cerca de 700 milhões de hectares de florestas da Ásia-Pacífico. Há estimativas de que, se for mantida a prática ilegal nos países onde se concentram as madeireiras, Birmânia, Camboja, Indonésia, Laos, Papua Nova Guiné e Vietnã, pode-se chegar a perder 6,6 milhões de hectares até 2020.

É fundamental fortalecer a governança no âmbito local para que a REDD funcione, disse Bernd-Markus Liss, assessor em política florestal da Cooperação Técnica Alemã nas Filipinas. “A corrupção no setor florestal local é muito grande. É necessária maior transparência na concessão de licenças, em auditorias e investimentos”, afirmou. “Medidas bem intencionadas com adequados controles podem promover a corrupção se não levarem em conta a realidade local”, ressaltou. Envolverde/IPS

Por Por Marwaan Macan-Markar, da IPS, Envolverde

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Turismo costeiro e pesca rendem mais do que petróleo nos EUA, revela ONG

Turismo costeiro e pesca rendem mais do que petróleo nos EUA, revela ONG

O grupo ambientalista norte-americano Environment America afirmou que o turismo e a pesca nos EUA rendem anualmente US$ 204 bilhões para as economias das regiões costeiras do Pacífico, Atlântico e das margens do Golfo na Flórida. O valor é quatro vezes superior ao do montante anual estimado para o petróleo e o gás, obtidos de perfurações em alto mar.

"Os números mostram que os recursos potenciais da prospecção não valem o risco", destacou o autor do relatório, Michael Gravitz, ao jornal The New York Times, referindo-se à possibilidade de outro vazamento, que poderia contaminar recifes de corais próximos da Flórida e as águas do Pacífico, ricas em salmão.

"Nossa pesquisa torna claro que praias e oceanos limpos valem muito mais do que a procura pelas últimas gotas de óleo de nossas costas", complementou Gravitz.

A análise foi feita, em grande parte, com dados do governo federal sobre o comércio pesqueiro, a renda anual do turismo em áreas costeiras e a pesca recreativa nestas regiões, para posteriormente calcular o impacto econômico de um vazamento de óleo nas redondezas.

Depois do acidente da BP em abril deste ano, em que um poço de prospecção explodiu e deixou escapar cerca de 200 milhões de barris de petróleo no Golfo do México, o número de reservas em hotéis despencou e os operadores de barcos fretados para navegar pela costa do Golfo sofreram cancelamento dos serviços em grande escala. A consequência será um prejuízo de pelo menos US$ 7,6 bilhões para o setor, de acordo com um estudo da Associação de Turismo dos EUA.

Algumas semanas antes do vazamento da BP, o presidente americano Barack Obama havia anunciado planos de expansão das prospecções em regiões da costa do Atlântico, do Pacífico e na parte leste do Golfo do México.

Líderes da indústria de petróleo e gás argumentam que o valor das commodities só mostram parte do panorama: a análise neglicenciaria os gastos atrelados à atividade de prospecção, dos salários dos trabalhadores do setor em Louisiana e no Texas às tubulações construídas.

Jack Gerard, presidente do Instituto Americano do Petróleo, ressaltou que "explorar e desenvolver as reservas de petróleo nos mares dos EUA pode ajudar a gerar mais de um trilhão de dólares e somar milhares de novos empregos aos 9,2 milhões já existentes na indústria de petróleo e de gás".

Ativistas contrários às prospecções baseiam-se na renda do turismo e da recreação em seus argumentos contra a expansão da atividade industrial petroleira, especialmente após o acidente da BP. O senador de New Jersey, Robert Menendez, argumentou que, mesmo que as prospecções sejam barradas nas costas de seu estado, um vazamento no Sul do Golfo pode migrar para o Norte, ameaçando as praias de Nova Jersey.

Senadores da costa Oeste se uniram neste ano para propor um veto à atividade nas águas do Pacífico sob jurisdição federal porque, segundo eles, o risco é muito grande. A senadora Barbara Boxer, da Califórnia, que liderou a proposta, citou que 388 mil empregos são relacionados ao turismo californiano, à pesca e ao setor de recreação. "Nós simplesmente não podemos assumir o risco da atividade petroleira na nossa costa magnífica."

Com informações do New York Times

Foto: chemisti

Esquerda latino-americana vai com ambição para debate climático

Por Andrew Cawthorne

CARACAS (Reuters) - Um bloco de governos de esquerda da América Latina levará metas ambiciosas à reunião climática da Organização das Nações Unidas (ONU) no fim do mês em Cancún, mas sem a pirotecnia que caracterizou sua participação na frustrada cúpula de Copenhague no ano passado.

Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua rejeitaram o Acordo de Copenhague, em dezembro de 2009, alegando que ele não era suficientemente ambicioso e que havia sido preparado às escondidas pelas grandes potências.

Alguns governos e funcionários da ONU viram nisso uma postura de 'estraga-prazeres', mas muitos ativistas ambientais comemoraram essa resistência do grupo Aliança Bolivariana para as Américas (Alba).

'Eles nos chamam de 'a voz da consciência'', disse a representante climática da Venezuela, Claudia Salerno, que na conferência de Copenhague arrancou sangue da mão ao batê-la numa mesa para exigir o microfone.

'As nações desenvolvidas não podem nos ignorar, nos chantagear e nos comprar, como tentam fazer com os outros', disse ela à Reuters.

Na próxima rodada de negociações climáticas, de 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún (México), a esquerda latino-americana deve novamente buscar um protagonismo na busca por um novo tratado global que seja de cumprimento obrigatório para todos os países, algo que não aconteceu em Copenhague.

Mas não há sinais de que esse bloco queira assumir o papel de 'estraga-prazeres' desta vez, e, ao contrário de muitos especialistas, anteveem avanços significativos em Cancún.

A postura do grupo esquerdista já havia sido mais pragmática na reunião da ONU no mês passado para tratar de diversidade biológica, no Japão. Apesar de algumas queixas sobre o conteúdo do acordo final, esses países não bloquearam sua aprovação.

Argumentando que a culpa dos problemas ambientais é do capitalismo, os líderes da Alba querem que as nações desenvolvidas aceitem reduzir em quase 50 por cento as suas emissões de gases do efeito estufa até 2017, em comparação aos níveis de 1990, o que seria um corte muito mais ambicioso do que qualquer país rico já tenha oferecido.

Eles cobram também que o mundo rico dedique para o combate à mudança climática as mesmas verbas que dedica à sua defesa militar.

Outra posição comum da Alba é que o aquecimento global deveria ser limitado a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. É uma ideia apoiada por muitas nações em desenvolvimento, enquanto gigantes como EUA e China falam em 2 graus Celsius.

A Bolívia chegou a propor um limite até mais rígido, de 1 grau Celsius.

'HUMANIDADE EM RISCO'

Os líderes da Alba também consideram que os mercados de carbono, pelo qual nações e indústrias poluidoras podem adquirir créditos para compensar suas emissões em excesso, seriam uma forma de os países ricos se evadirem das suas obrigações.

Esses governantes argumentam a salvação do meio ambiente passa por uma mudança substancial no mundo, e não por um mero 'toma lá, dá cá' entre políticos.

'Se os líderes mundiais, especialmente das nações ricas, ouvirem seus povos, Cancún será uma festa', disse recentemente o presidente da Bolívia, Evo Morales, que planeja participar do evento. 'Se não, enfrentaremos o maior risco de que a vida humana desapareça do planeta Terra.'

Após o fracasso da conferência de Copenhague, os analistas esperam que Cancún resultará apenas em acordos generalistas sobre o financiamento a iniciativas climáticas e de compensação a nações em desenvolvimento, além de compromissos para uma revisão das metas globais de controle de emissões.

Isso poderia abrir caminho para um acordo definitivo na reunião do ano seguinte, na África do Sul, ainda antes que expire a atual fase do Protocolo de Kyoto, em 2012.

'Não será um acordo real, será mais estabelecer uma arquitetura', disse o diretor de políticas climáticas do Greenpeace, Wendel Trio.

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Equador, Rafael Correa, também devem se juntar a Morales em Cancún. A presença deles certamente apimentará o evento, pois os três gostam de investir contra o 'imperialismo' dos EUA e as agruras do capitalismo.

Mas nem mesmo a América Latina inteira chega unida à conferência. O Brasil atua nas questões ambientais junto a outras grandes potências emergentes, como China, Índia e África do Sul, e as propostas da Alba são consideradas radicais demais por outros países latino-americanos.

PAPEL DOS EUA

O embaixador da Bolívia junto à ONU, Pablo Solón, disse que a relutância dos EUA em controlar suas emissões prejudica o avanço das negociações climáticas globais.

'As promessas dos Estados Unidos são muito baixas, e isso tem um efeito dominó', disse ele à Reuters, acrescentando que as nações ricas estão com medo de perder competitividade econômica.'O processo ainda está sequestrado por fatores econômicos.

A Venezuela não espera que se repita desta vez o drama de Copenhague.

'O México não tem se comportado como a Dinamarca', disse Salerno, ainda irritada com o país anfitrião do ano passado, por ter, segundo ela, permitido que um grupo reduzido de países, liderado por China e EUA, tivesse redigido o texto.

'Tudo parece indicar que há condições para um avanço extraordinário em Cancún', afirmou ela.

(Reportagem adicional de Alister Doyle, em Oslo; de Hugh Bronstein, em Quito; de Jeff Franks, em Havana; de Carlos Quiroga, em La Paz)

Cientistas identificam três novas espécies de sapos na Colômbia

Cientistas identificam três novas espécies de sapos na Colômbia

BBC Brasil

Este sapo não é tão venenoso quanto outras espécies, mas pode te machucar. Foto: Robin Moore/ILCP

Um expedição de conservacionistas que procuravam uma espécie de sapo tida como extinta acabou descobrindo três novas espécies de anfíbios.

Os animais, nunca antes identificados, foram encontrados na Colômbia. Entre eles, está um sapo que produz veneno e um outro que tem olhos vermelhos.

Os animais identificados na expedição tendem a ser mais ativos durante o dia, um comportamento raro entre anfíbios.

No entanto, os mesmos cientistas falharam em localizar a espécie que procuravam: o sapo da Mesopotâmia (Rhinella rostrata), que teria sido visto pela última vez em 1914.

A macieira de Newton e outras árvores milenares

O National Trust, entidade britânica que trabalha pela conservação da natureza e de construções históricas no país, está organizando uma série de caminhadas por vários lugares da Grã-Bretanha para mostrar as árvores mais antigas do país

Entre as dez localidades previstas, está a que abriga a macieira que inspirou Isaac Newton - em 1665, ao observar, sentado ao lado da árvore, a queda de uma maçã - a formular a noção de gravidade.

De acordo com o National Trust, as idades de exemplares antigos variam muito de espécie para espécie.

Por isso, um velho carvalho de 600 anos ou uma faia de 300 anos se qualificaram para o projeto. O National Trust também cita exemplos como o teixo, que pode chegar a milhares de anos de idade, ou o carvalho e a castanheira, que chegam a ultrapassar os mil anos de idade.

"Ficar perto de uma árvore antiga, que viveu séculos de história, pode ser uma experiência de humildade. Queremos promover estas árvores especiais e divulgar o perfil (das árvores) dentro das paisagens onde elas podem ser encontradas", disse Brian Muelaner, conselheiro para o setor de árvores antigas do National Trust.

Sem proteção

A pesquisa do National Trust sobre as árvores mais antigas da Grã-Bretanha vai continuar até 2012.

A entidade visa analisar mais de 25 mil hectares de bosques e 200 mil hectares de terras cultivadas para incluir mais de 40 mil árvores antigas.

Apesar da importância, as árvores antigas da Grã-Bretanha não recebem nenhum status de patrimônio protegido.

Geralmente não há placas de indicação próximas a estas árvores ou listas oficiais. Se estas árvores estiverem fora das propriedades do National Trust, pouco pode ser feito para sua proteção, que pode ser ameaçada por atividade agrícola intensiva, pesticidas ou fertilizantes.

  • A macieira da gravidade

    Esta macieira pode ter inspirado Isaac Newton a elaborar a teoria da gravidade em 1665 // NTPL/Tessa Musgrave (NTPL/Tessa Musgrave)

NTPL/Tessa Musgrave

Acredita-se que esta macieira tenha inspirado Isaac Newton a elaborar a teoria da gravidade em 1665, supostamente após uma maçã cair em sua cabeça; ela fica em Lincolnshire.

  •  Idade não importa

  • Embora sejam centenárias, essas árvores estão em excelente estado // NTPL/Ross Hoddinot (NTPL/Ross Hoddinot)

NTPL/Ross Hoddinot

Embora sejam centenárias, essas faias da fazenda Lanhydrock, em Cornwall, estão em excelente estado.

  • Raízes expostas?

    Este teixo é formado por duas árvores plantadas uma ao lado da outra // NTPL/Joe Cornish (NTPL/Joe Cornish)

NTPL/Joe Cornish

Este teixo é formado por duas árvores plantadas uma ao lado da outra; elas ficam na Irlanda do Norte perto das ruínas de um castelo em Co Fermanagh.

  • Tudo amarelo

    Essas árvores se destacam pelas folhagens amareladas e pelas grandes copas // NTPL/Michael Caldwell (NTPL/Michael Caldwell)

NTPL/Michael Caldwell

Essas árvores da fazenda Ashridge se destacam pelas folhagens amareladas e pelas grandes co

  • Árvore milenar

    Estima-se que essas árvores tenham entre 2 mil e 2.500 anos // NTPL/Simon Fraser (NTPL/Simon Fraser)

NTPL/Simon Fraser

Estima-se que esses teixos tenham entre 2 mil e 2.500 anos; eles estão na fazenda Borrowdale, em Lake District, Cumbria.

  • Em período de repouso

    Este velho carvalho passou por uma 'cirurgia' // NTPL/Ross Hoddinott (NTPL/Ross Hoddinott)

NTPL/Ross Hoddinott

Este velho carvalho na fazenda Lanhydrock, Cornwall, passou por uma 'cirurgia' para se manter estável.

  • Belo e antigo castanheiro

    Este velho e largo castanheiro fica no parque Sheffield, em East Sussex // NTPL/Andrew Butler (NTPL/Andrew Butler)

NTPL/Andrew Butler

Este velho e largo castanheiro fica no parque Sheffield, em East Sussex.

  • Tronco em close

    Tronco de castanheiro aparece em close // NTPL/Paul Wakefield (NTPL/Paul Wakefield)

NTPL/Paul Wakefield

Tronco de castanheiro aparece em close

Em primeiro plano, tronco de castanheiro na floresta Hatfield, em Essex.

  • Carvalhos unidos

    Estes velhos carvalhos ficaram atrofiados // NTPL/Paul Wakefield (NTPL/Paul Wakefield)

NTPL/Paul Wakefield

Estes velhos carvalhos ficaram atrofiados, na fazenda de Holnicote, na região de Somerset.

  • Árvore na fronteira

    Uma grande árvore no meio da floresta // NTPL/Paul Wakefield (NTPL/Paul Wakefield)

NTPL/Paul Wakefield

Uma grande faia no meio da floresta da propriedade de Ashridge, na fronteira entre as regiões de Hertfordshire e Buckinghamshire.

Protestos contra ONU por cólera se intensificam no Haiti

Protestos contra ONU por cólera se intensificam no Haiti

BBC Brasil

"Haitiano leva vítima de cólera pela capital"

Ao menos 17 mil casos de cólera já foram registrados no país

Os protestos no Haiti contra as forças de segurança da ONU, responsabilizadas por alguns grupos pela epidemia de cólera que atinge o país, se espalharam nesta quinta-feira pela capital do país, Porto Príncipe.

A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que montaram barricadas e atiraram pedras em veículos das Nações Unidas.

Na segunda-feira, confrontos entre haitianos e tropas da ONU no norte do país deixaram duas pessoas mortas.

As manifestações ocorrem menos de duas semanas antes da eleição presidencial, marcada para o dia 28 de novembro.

Alguns haitianos vêm responsabilizando membros nepaleses das forças da ONU de levar a cólera ao país, o que é negado pela organização.

Mortes

Casos de cólera já foram identificados em todas as dez regiões do Haiti. Cerca de 1.100 pessoas já morreram em consequência da doença no último mês.

No total, ao menos 17 mil casos da doença já foram registrados no país.

A maioria das 38 mortes registradas na capital ocorreram na favela Cité Soleil.

Nesta quinta-feira, tiroteios esporádicos podiam ser ouvidos, após os manifestantes tomarem as ruas de Porto Príncipe.

Centenas de jovens ergueram barricadas colocando fogo em pneus e atacaram veículos da Minustah, a missão da ONU no país.

Os manifestantes gritavam slogans como 'Cólera, foi a Minustah que nos deu' ou 'Minustah, volte para casa'.

Condições sanitárias

Segundo o Centro para Controle de Doenças Infecciosas (CDC), baseado em Atlanta, nos Estados Unidos, cerca de 1,3 milhão de haitianos ainda vivem em campos de desabrigados após o terremoto de janeiro, dificultando o acesso a água potável, condições sanitárias e atendimento à saúde.

De acordo com o CDC, mesmo antes do terremoto, apenas 17% dos haitianos tinham acesso a condições sanitárias adequadas.

Em sua última análise sobre a situação no país, o centro disse que era 'difícil prever' a evolução da doença, já que esta é a primeira epidemia de cólera no país em mais de um século.

Os primeiros casos da doença, transmitida por meio da água ou comida contaminada, foram registrados na região do rio Arbonite, no norte do país.

Ainda não está clara a origem dos primeiros casos da doença no Haiti. Alguns grupos dizem que ela teria vindo de tanques sépticos de uma base das forças nepalesas da Minustah, mas a ONU diz não haver evidências sobre isso.

O cólera provoca diarreia e vômitos, levando a uma grave desidratação. A doença pode matar rapidamente, mas é tratada facilmente por meio da reidratação e de antibióticos.

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O computdor mais rápido do mundo

1  Tianhe-1A  - 1 (Imagens: reprodução.)

Tianhe-1A

Velocidade de Processamento: 2.57 petaflops / Localização: Centro Nacional de Computadores de Tianjin – China / Uso: Pesquisas Climáticas e localização de campos petrolíferos

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fotos do dia ^^

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Cientistas descobrem solução para evitar a colisão de pássaros contra moinhos de vento

Cientistas descobrem solução para evitar a colisão de pássaros contra moinhos de vento

Cientistas da Universidade Loughborough, no Reino Unido, divulgaram uma possível solução para o problema ambiental que surgiu com o crescimento das instalações de fazendas de energia eólica: a colisão de pássaros e morcegos nos moinhos. A alternativa seria pintar as turbinas eólicas, de preferência de roxo.

Sabe-se que os pássaros são daltônicos e morcegos são cegos. Porém, especula-se que o que os atrai em direção às turbinas é a presença de insetos, que são afetados pela cor, de acordo com a estudante de PhD Chloe Long. Ela também afirma que não existem estudos detalhados que dizem que tipo de inseto específico pode ser atraído pelas turbinas ou o porquê.

Chloe e seus colegas de universidade Dr. James Flint e Paul Lepper chegaram a essa conclusão após fazer um estudo empírico onde pintaram vários moinhos de vento de 13m de altura de forma aleatória e de diversas cores, como branco, cinza, azul, vermelho e roxo.

O resultado foi uma repulsão maior dos insetos com a cor roxa. Isso não significa, necessariamente, que todas as turbinas devam que ser roxas, mas significa que há uma mudança na vida desses seres vivos que pode resultar em um impacto nos pássaros e morcegos que os seguem.

Descobriu-se, também, que cores com componentes ultravioleta e infravermelho, invisíveis aos humanos e visíveis aos insetos, podem aumentar a atração.

"Se a solução fosse tão simples quanto pintar turbinas em diferentes cores, poderia ser uma estratégia de redução de custo-benefício", completou Chloe.

Foto: Changhua Coast Conservation Action

Brasil precisa de US$ 20 bilhões por ano para reduzir emissões de gases

São Paulo, 10 nov (EFE).- O Brasil precisa investir anualmente US$ 20 bilhões até 2030 para se tornar uma economia de baixas emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo um relatório do Banco Mundial (BM) divulgado nesta quarta-feira em São Paulo.

O Estudo de Baixo Carbono para o Brasil foi apresentado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pelo Banco Mundial, que aponta o setor energético como o principal foco dos investimentos destinados a reduzir a emissão de gases.

As atividades do setor energético, de acordo com o relatório, demandam por ano investimentos que totalizam US$ 7 bilhões para mitigar as emissões de gás carbônico (CO2) para 11 milhões de toneladas anuais.

No entanto, a maior redução, de 356 milhões de toneladas anuais de CO2, deve proceder das atividades agrícolas e do combate ao desmatamento, que exigem investimentos de cerca de US$ 5,4 bilhões por ano.

Segundo a "Agência Brasil", o pesquisador do BM Cristhopher Gouvello descartou a tese de que se o Brasil se tornar uma economia de "baixo carbono" irá registrar desaceleração do ritmo de crescimento e de desenvolvimento. "A ideia de que tornar-se uma 'economia de baixo carbono' é um freio para a economia não é verdade. As atividades de baixo carbono são mais intensivas que as tradicionais", disse Gouvello. EFE

BNDES lança fundo de R$1 bi para reduzir emissões na agricultura

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O BNDES anunciou nesta quarta-feira a abertura de um programa de 1 bilhão de reais para financiar projetos que reduzam o desmatamento e a emissão de gases do efeito estufa na atividade agropecuária.

O fundo vai oferecer empréstimos com taxas de juro de 5,5 por cento ao para cooperativas e produtores rurais para investimento na recuperação de áreas degradadas e a implantação de sistemas de integração entre a floresta e terras utilizadas para agricultura e pecuária, informou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social em comunicado.

'A taxa de 5,5 por cento é uma das mais baixas praticadas pelo BNDES e será equalizada pelo Tesouro Nacional. O limite de financiamento será de até 1 milhão de reais por beneficiário por ano-safra', disse o banco em nota.

O projeto faz parte da Política Nacional de Mudança do Clima para tentar reduzir as emissões de dióxido de carbono, que tem como principal ação o combate ao desmatamento da Amazônia. A queima das árvores, que libera CO2 na atmosfera, é a principal causa de emissões do país.

O governo pretende utilizar a redução das emissões no Brasil para pressionar os países desenvolvidos a adotarem compromissos mais amplos em termos de redução de emissões na reunião de clima da ONU em Cancún, no México, em novembro.

(Reportagem de Brian Ellsworth)

Desastres naturais mataram 3,3 milhões de pesssoas em 40 anos, diz estudo

Os desastres naturais, como enchentes, terremotos e tsunamis, mataram 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo nos últimos 40 anos, diz um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Mundial, em parceria com as Nações Unidas.

Desse total, cerca de 1 milhão de pessoas morreram na África, vítimas da seca.

Após dois anos de pesquisa, os dois organismos internacionais estimaram ainda que os prejuízos causados por esses desastres poderão triplicar até o final do século, atingindo a cifra de US$ 185 bilhões ao ano.

De acordo com o levantamento, o número fica ainda maior quando considerado o impacto das mudanças climáticas. Apenas os ciclones tropicais têm potencial de causar prejuízos que variam de US$ 28 bilhões a US$ 68 bilhões a cada ano, diz o estudo.

Além disso, cerca de 1,5 bilhão de pessoas poderão estar expostas a tempestades e terremotos até 2050 - o dobro do número considerado atualmente.

Com 250 páginas, o levantamento tem como objetivo 'alertar' os ministros das finanças em todo o mundo para a necessidade de programas de prevenção aos desastres naturais.

O documento também traz uma série de sugestões sobre o que pode e deve ser feito nesse área e, segundo os autores, muitas dessas ações surpreendem por sua 'simplicidade'.

'São os mais vulneráveis, e não os ricos, que acabam enfrentando o peso das ameaças naturais, muitas vezes agravadas por políticas ruins', diz o texto.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fotos do dia ^^

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 outono

Emissões oriundas do lixo crescem 58% em São Paulo

Emissões oriundas do lixo crescem 58% em São Paulo

As emissões de gases causadores de efeito estufa provenientes dos resíduos sólidos aumentaram 58% no estado de São Paulo entre 1990 e 2008. Há 20 anos, o setor lançou para a atmosfera 5,8 milhões de toneladas desses poluentes. Após 18 anos, o número passou para 9,2 milhões de toneladas, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo.

Os dados foram divulgados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e farão parte do primeiro inventário estadual de emissões. Do total registrado, 55,7% correspondem a emissões de aterros, 17,5% aos efluentes industriais e 26,4% aos efluentes domésticos. Os gases de efeito estufa contribuem para o agravamento do aquecimento global.

O estudo também analisa as emissões decorrentes do lixo por habitante: elas passaram de 205 quilos de gases-estufa em 1990 para 234 quilos em 2008 - um crescimento de 14%. Segundo a Cetesb, uma das causas para o aumento das emissões é o fato de que as pessoas consomem cada vez mais e, dessa forma, geram uma quantidade maior de resíduos.

De acordo com Oswaldo Lucon, assessor de gabinete da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, outro motivo é a redução dos lixões em São Paulo (eram 143 em 2007 e são apenas 3 em operação atualmente). "Isso porque quando os resíduos orgânicos vão para o lixão a céu aberto, sofrem pouca decomposição anaeróbia, situação em que bactérias anaeróbicas, que sobrevivem na ausência de oxigênio, conseguem decompor os resíduos orgânicos."

Os três lixões em operação em São Paulo estão em Presidente Prudente, Vargem Grande do Sul e Peruíbe. "Isso é positivo, claro [redução de lixões]. Porém, com mais aterros controlados, temos maior emissão de metano. E até agora ainda não há muita recuperação desse poluente", alertou Lucon ao Estadão. A capacidade nociva do gás metano é superior a do CO2.

Captação de metano e menor geração de resíduos

A iniciativa de captar metano para geração de energia elétrica já tem sido feita em São Paulo, nos aterros Bandeirantes (Zona Norte da capital) e São João (Zona Leste). Em 2006, a Biogás Energia Ambiental S/A (concessionária da Prefeitura) fechou um negócio com um banco alemão no valor de R$ 58,8 milhões referente à venda dos créditos de carbono na redução das emissões no local.

Os resultados já foram visíveis no ano seguinte. Depois de crescerem quase ininterruptamente até 2006, as emissões de gases-estufa dos resíduos sólidos tiveram uma ligeira queda em 2007. Em 2008, as emissões subiram novamente, mas ainda assim foram menores que as de 2005 e 2006. "Isso reforça o entendimento geral de que essas emissões estão ou podem estar concentradas em poucos empreendimentos e que mais projetos de créditos de carbono devem ser implantados", afirma o relatório.

No entanto, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), defende que o setor não pode se contentar apenas em captar metano nos aterros. Para Carlos Silva Filho, diretor executivo da entidade, é fundamental minimizar a geração de resíduos.

Ele também sugere a troca de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, por alternativas mais limpas, a exemplo do gás natural, biodiesel e etanol, nos veículos de coleta do lixo. Outra proposta do diretor da Abrelpe inclui que, com aterros cada vez mais distantes, os resíduos poderiam ser transportados por trens em vez de em carretas. "O setor tem potencial para ser um redutor de emissões", destacou.

Ainda em relação ao perigo representado pelas emissões de metano, um dos problemas diz respeito a uma brecha na legislação, pois o gás-estufa não está incluso na lei climática de São Paulo, que prevê cortes de 20% de dióxido de carbono (CO2) até 2020, em relação ao que se emitia em 2005. Não há, dessa forma, uma obrigação para cortar as emissões de todos os gases de efeito estufa.

Sancionada em agosto deste ano, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevê, entre outros pontos, a proibição de lixões e determina a criação de aterros para lixo sem possibilidade de reaproveitamento ou de decomposição (matéria orgânica). Nos aterros, que poderão ser formados até por consórcios de municípios, será proibido catar lixo, morar ou criar animais. As prefeituras poderão ter recursos para a criação de aterros, desde que aprovem nas câmaras de vereadores uma lei municipal criando um sistema de reciclagem dos resíduos.

Com informações do Estadão

Foto: WSDOT

Cidade alemã investe em eficiência energética de prédios públicos

Cidade alemã investe em eficiência energética de prédios públicos

A cidade alemã de Heidelberg desenvolveu um sistema integrado de gestão energética para prédios públicos, por meio de ações que buscam aumentar a participação de energias renováveis no município, segundo apuraram os pesquisadores da Plataforma de Cidades Sustentáveis.

O Plano de Proteção Climática e a Estratégia Energética (ambos de 2004) estabelecem normas obrigatórias para os edifícios que excedem os padrões nacionais determinados, mas o projeto em Heidelberg, cidade com cerca de 150 mil habitantes, nasceu em 1992.

De 1993 a 2004, a cidade conseguiu uma redução de 35% das emissões de dióxido de carbono (CO2) dos prédios municipais e 13% das instalações da universidade. Em 2005, Heidelberg conseguiu deixar de emitir 15.751 toneladas do gás na atmosfera.

Atualmente, a cidade tem o objetivo de cortar as emissões em 20% até 2015. Para cumprir essa meta foram criados fóruns cívicos no sentido de garantir a participação da comunidade local no projeto. A população discute e desenvolve ações, além de recomendá-las para a gestão pública municipal.

Em 1997, o primeiro fórum temático sobre energia foi criado, abrindo o caminho para a criação da agência de energéitica local, fundada três anos depois. Este fórum se desenvolveu e se tornou o Ciclo de Energia e Proteção Climática de Heidelberg, compreedendo todos os parceiros do setor da energia e do clima, juntamente com os principais atores sociais.

Foto: DOS82

Comissão diz que empresas tomaram 'decisões ruins' em vazamento no Golfo

Comissão diz que empresas tomaram 'decisões ruins' em vazamento no Golfo

BBC Brasil

"Explosão de plataforma, em abril"

'Decisões ruins' resultaram em acidente, diz chefe de comissão

A comissão do governo americano que apura o vazamento de petróleo no Golfo do México afirmou nesta terça-feira que as três empresas envolvidas na catástrofe ambiental não tinham 'cultura de segurança' e tomaram uma série de 'decisões ruins' relacionadas ao caso.

'Aparentemente não havia uma cultura de segurança (no poço). BP, Halliburton e Transocean precisam de uma reforma da cabeça aos pés', disse William Reilly, copresidente da comissão montada pela Casa Branca para apurar o caso.

A explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril, resultou na morte de 11 pessoas, no vazamento de cerca de 4 milhões de barris de petróleo e no maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

A petrolífera BP era a operadora do poço, e Halliburton e Transocean eram suas parceiras na exploração.

Neste segundo dia de audiência da comissão, Reilly disse que uma 'cultura de complacência' e uma série de 'decisões ruins' nas três empresas resultaram no acidente.

Ele também deu a entender que as empresas se apressaram demais para concluir a exploração do poço.

A comissão havia dito que o cimento usado para selar o poço pode ter contribuído para causar a explosão e que as companhias envolvidas tinham feito testes e notado que o cimento estava instável.

Culpa

A fala de Reilly nesta terça contrasta com as declarações, na véspera, do advogado-chefe da comissão, Fred Bartlit, que dissera não ter encontrado provas de que a BP tomou decisões arriscadas ou 'sacrificou preocupações de segurança' com o objetivo de economizar dinheiro.

A comissão estatal, formada por sete pessoas, foi incumbida pelo presidente Barack Obama de investigar as causas do acidente. Suas conclusões e recomendações são esperadas para janeiro.

O correspondente da BBC em Washington Paul Adams relata que ainda é cedo para que qualquer envolvido no vazamento sinta que está livre de culpa.

Também nesta terça, o ex-executivo-chefe da BP Tony Hayward admitiu, em entrevista à BBC, que a petrolífera não estava 'preparada' para lidar com o vazamento e com o 'frenesi midiático' que se seguiu.

'O plano de contingência da BP era inadequado. Era feito por nós no dia a dia', disse o executivo. 'Fizemos uma engenharia extraordinária, mas (diante da imprensa) tudo parecia como um descuido e incompetência.'

Hayward, que ficou famoso por ter dito que queria sua 'vida de volta' enquanto lidava com o vazamento, deixou o comando da BP em outubro.

O poço danificado foi definitivamente selado em setembro.

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Foto do dia

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Coruja da neve *-*

 

'Rio Kitka' coberto de neve

'Rio Kitka' coberto de neve

TERRAMÉRICA - COP 16: Cancún despreparada

Crédito: Centro Mexicano Direito Ambiental

Crédito: Centro Mexicano Direito Ambiental

Cidade do México, México, 8 de novembro (Terramérica).- As belezas da cidade oceânica mexicana de Cancún podem ser uma das razões para ter sido escolhida como sede da próxima cúpula mundial sobre mudança climática. Contudo, nada indica que seja um modelo de adaptação aos rigores do aquecimento global. Destruição de mangues, excesso de lixo e superpopulação hoteleira são alguns dos problemas de Cancún, “onda de serpente”, segundo um dos vários significados atribuídos ao seu nome maia.

“Cancún é uma vergonha. Não entendo como foi escolhida para a cúpula, pois é um exemplo do que não se deve fazer”, disse ao Terramérica a ecologista e ex-funcionária pública Guadalupe Álvarez, fundadora da organização não governamental Céu, Terra e Mar. Entre 29 de novembro e 10 de dezembro acontecerá nesse balneário a 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em busca de um acordo global para reduzir a contaminação que está aquecendo a atmosfera terrestre.

Situado no Mar do Caribe, no município de Benito Juárez, que pertence ao Estado de Quintana Roo, Cancún acelerou seu crescimento desde 1980 para se converter no principal destino turístico mexicano, e pagou por isso um alto custo ambiental. Este ano, o México recebeu, no mínimo, 11 milhões de turistas – que deixaram US$ 13 bilhões – e seis milhões deles se dirigiram a Cancún, onde gastaram mais de US$ 4 bilhões. Além dos visitantes, vivem ali 900 mil pessoas. A cada dia são geradas cerca de 800 toneladas de lixo, e o único aterro sanitário autorizado não tem capacidade para receber mais lixo.

“A cidade tem um problema de planejamento, houve um esquema de crescimento fora dos instrumentos legais, o que ocasionou a erosão de praias, e há contaminação forte”, disse ao Terramérica a delegada do não governamental Centro Mexicano de Direito Ambiental, Alejandra Serrano. Os mangues ocupam 64.755 hectares em Quintana Roo, o quinto dos 32 Estados deste país com maior superfície destes biomas costeiros, caracterizados pela árvore de mangue (gênero Rhizophora).

Em Cancún, esses mangues salobros se estendem por 11.392 hectares, mas perdem anualmente 4,84% de sua superfície, segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística. Além de abrigar uma importante variedade de espécies, têm uma função purificadora e protegem a costa de marejadas, furacões e também da erosão. Também têm capacidade de absorver carbono. Em 2008, os mangues mexicanos capturaram 1,48 milhão de toneladas de dióxido de carbono, segundo o The Global Peatland CO² Picture (O Mapa Mundial do Dióxido de Carbono nas Turfeiras), publicado pela Wetlands International.

O México emite 715,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono, das quais 9,9% provêm do desmatamento, segundo o Ministério de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat). Por trás da extinção dos mangues está a poderosa indústria hoteleira. Neste ponto, as estatísticas mantêm a disputa entre a Semarnat e a sua agência Procuradoria Federal de Proteção Ambiental (Profepa). Os programas de desenvolvimento urbano e ordenamento ecológico do município, que estabelecem o uso do solo em Cancún, fixam a capacidade máxima hoteleira em 30.990 quartos. A Profepa afirma que são 36.852, 5.862 a mais do que o permitido, um dado não reconhecido pela Semanart.

“A cobertura vegetal sobre a barra que detinha sedimentos diminuiu drasticamente durante o período de desenvolvimento da zona hoteleira”, afirmou, em 2009, uma recomendação enviada pela Profepa ao ministro do Meio Ambiente, Juan Elvira. “A erosão aumentou do mesmo modo que o crescimento antropogênico. O que é óbvio quando se observa que a maioria das construções foi feita sobre a duna costeira”, acrescentou. Após os furacões Wilma, em 2005, e Ida, em 2009, as praias passaram de nove milhões de metros cúbicos de areia para apenas 700 mil metros cúbicos, segundo a Secretaria do Turismo.

As areias brancas de Cancún não existiriam “não fossem os arrecifes de coral”, disse ao Terramérica, em 2008, o ecofisiologista marinho Roberto Iglesias-Prieto, do Instituto de Ciências do Mar e Limnologia da Universidade Nacional Autônoma do México. O Arrecife Mesoamericanao, em águas da península de Yucatán e compartilhado por México, Belize, Guatemala e Honduras, se estende por 1.100 quilômetros, é uma grande atração turística, uma proteção contra furacões e uma barreira à erosão costeira. Porém, está declinando devido à pesca excessiva, à contaminação e à mudança climática, que aquece e acidifica os oceanos.

Depois dos furacões, as autoridades turísticas retiraram nove milhões de metros cúbicos de areia de outras praias e as colocaram em Cancún e nas vizinhas Praia do Carmen e Cozumel, ao custo de US$ 80 milhões. Uma das mais duras críticas desse resgate de praia é a ativista Guadalupe. Em julho, denunciou o transporte de areia à Secretária da Função Pública, ainda sem resposta, e em setembro dirigiu carta ao presidente Felipe Calderón.

A Semarnat está para publicar no Diário Oficial da Federação uma nova norma de sustentabilidade hoteleira que obrigará o setor a cumprir padrões desde a concepção do projeto. Serão estabelecidas regras para uso de energias alternativas, tipo de material de construção, vegetação a ser plantada, manejo do esgoto e prioridade para contratar mão-de-obra local. Além disso, não serão autorizadas construções em locais ocupados por mangues. “É um grande avanço, porque cada projeto pode se tornar sustentável em cada uma de suas etapas”, disse Alejandra, cuja organização acompanhou o processo de criação do novo contexto legal.

* Este artigo da IPS é parte de uma série que conta com apoio da Climate and Development Knowledge Network (http://www.cdkn.org).

Crédito da imagem: Cortesia Centro Mexicano de Direito Ambiental (Cemda)

Legenda: Vista aérea do hotel Moon Palace, sede oficial da COP 16, onde está planejada a instalação de um aerogerador sem estudo de impacto ambiental.

LINKS

“As areias brancas de Cancun não existiriam sem os corais”

Rumo à hotelaria sustentável em Cancún

Museu subaquático para proteger arrecifes

Clima descontrolado para Cancún

Cúpula do clima em Cancún requer esperança modesta

O menu legal mexicano frente às mudanças climáticas, em espanhol

Centro Mexicano de Direito Ambiental, em espanhol e inglês

Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, em espanhol

Procuradoria Federal de Proteção ao Ambiente, em espanhol

Secretaria de Turismo, em espanhol

Céu, Terra e Mar, em espanhol

Secretaria da Função Pública, em espanhol

Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade, em espanhol

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.