BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil já desmatou quase a metade da caatinga, um índice alto considerando-se que a região é a mais vulnerável do país aos efeitos das mudanças climáticas, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Ministério do Meio Ambiente.
Até 2008, 45,39 por cento do total de 826.411 quilômetros quadrados de mata original já havia sido devastado. Bahia e Ceará lideram o ranking dos Estados que mais desmataram.
Dados do monitoramento do desmatamento no bioma realizado entre 2002 e 2008 revelam que, neste período, o território devastado foi de 16.576 quilômetros quadrados, o equivalente a 2 por cento de toda a caatinga.
Grande parte do desmatamento é causada pelo uso da mata para a produção de carvão e lenha, além do uso para atividades agropecuárias.
"O principal fator de desmatamento da caatinga é energético, é conversão de mata nativa em lenha e carvão", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a jornalistas.
Segundo Minc, grande parte do carvão vai para siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo, mas também para o polo gesseiro do Nordeste, para o polo de cerâmica e várias pequenas e médias indústrias que usam lenha e carvão.
"Não haverá solução para a defesa da caatinga sem mudar a matriz energética", disse Minc, acrescentando que é fundamental apresentar alternativas energéticas para a região, como matrizes eólicas e de gás natural, a fim de reduzir a forte tendência de desertificação na área.
Considerado o único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga é encontrada em cerca de 11 por cento do país e é a principal vegetação existente na Região Nordeste.
De acordo com Minc, o ministério passará a monitorar o bioma em razão da riqueza da biodiversidade e da preocupação com os impactos das mudanças climáticas na região.
O ministro explicou que o padrão de desmatamento da caatinga é completamente diferente daquele encontrado na Amazônia e no Cerrado, pois ocorre de forma pulverizada.
Os números apresentados pelo ministério são parte do processo de implementação do Plano de Controle do Desmatamento da Caatinga, que deve ser lançado na quarta-feira simultaneamente em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
O prazo para que o plano entre em vigor vai até o próximo dia 28 de abril, quando se celebra o Dia da Caatinga.
O ministro antecipou ainda que será lançado o Fundo Caatinga, de caráter privado, que será gerido pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
O fundo proverá recursos para projetos de combate à desertificação e promoção da conservação e do uso sustentável dos recursos do bioma. Também devem ser divulgadas 25 operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para combater o desmatamento na região.
(Reportagem de Bruno Peres)
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