quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Emissões oriundas do lixo crescem 58% em São Paulo

Emissões oriundas do lixo crescem 58% em São Paulo

As emissões de gases causadores de efeito estufa provenientes dos resíduos sólidos aumentaram 58% no estado de São Paulo entre 1990 e 2008. Há 20 anos, o setor lançou para a atmosfera 5,8 milhões de toneladas desses poluentes. Após 18 anos, o número passou para 9,2 milhões de toneladas, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo.

Os dados foram divulgados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e farão parte do primeiro inventário estadual de emissões. Do total registrado, 55,7% correspondem a emissões de aterros, 17,5% aos efluentes industriais e 26,4% aos efluentes domésticos. Os gases de efeito estufa contribuem para o agravamento do aquecimento global.

O estudo também analisa as emissões decorrentes do lixo por habitante: elas passaram de 205 quilos de gases-estufa em 1990 para 234 quilos em 2008 - um crescimento de 14%. Segundo a Cetesb, uma das causas para o aumento das emissões é o fato de que as pessoas consomem cada vez mais e, dessa forma, geram uma quantidade maior de resíduos.

De acordo com Oswaldo Lucon, assessor de gabinete da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, outro motivo é a redução dos lixões em São Paulo (eram 143 em 2007 e são apenas 3 em operação atualmente). "Isso porque quando os resíduos orgânicos vão para o lixão a céu aberto, sofrem pouca decomposição anaeróbia, situação em que bactérias anaeróbicas, que sobrevivem na ausência de oxigênio, conseguem decompor os resíduos orgânicos."

Os três lixões em operação em São Paulo estão em Presidente Prudente, Vargem Grande do Sul e Peruíbe. "Isso é positivo, claro [redução de lixões]. Porém, com mais aterros controlados, temos maior emissão de metano. E até agora ainda não há muita recuperação desse poluente", alertou Lucon ao Estadão. A capacidade nociva do gás metano é superior a do CO2.

Captação de metano e menor geração de resíduos

A iniciativa de captar metano para geração de energia elétrica já tem sido feita em São Paulo, nos aterros Bandeirantes (Zona Norte da capital) e São João (Zona Leste). Em 2006, a Biogás Energia Ambiental S/A (concessionária da Prefeitura) fechou um negócio com um banco alemão no valor de R$ 58,8 milhões referente à venda dos créditos de carbono na redução das emissões no local.

Os resultados já foram visíveis no ano seguinte. Depois de crescerem quase ininterruptamente até 2006, as emissões de gases-estufa dos resíduos sólidos tiveram uma ligeira queda em 2007. Em 2008, as emissões subiram novamente, mas ainda assim foram menores que as de 2005 e 2006. "Isso reforça o entendimento geral de que essas emissões estão ou podem estar concentradas em poucos empreendimentos e que mais projetos de créditos de carbono devem ser implantados", afirma o relatório.

No entanto, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), defende que o setor não pode se contentar apenas em captar metano nos aterros. Para Carlos Silva Filho, diretor executivo da entidade, é fundamental minimizar a geração de resíduos.

Ele também sugere a troca de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, por alternativas mais limpas, a exemplo do gás natural, biodiesel e etanol, nos veículos de coleta do lixo. Outra proposta do diretor da Abrelpe inclui que, com aterros cada vez mais distantes, os resíduos poderiam ser transportados por trens em vez de em carretas. "O setor tem potencial para ser um redutor de emissões", destacou.

Ainda em relação ao perigo representado pelas emissões de metano, um dos problemas diz respeito a uma brecha na legislação, pois o gás-estufa não está incluso na lei climática de São Paulo, que prevê cortes de 20% de dióxido de carbono (CO2) até 2020, em relação ao que se emitia em 2005. Não há, dessa forma, uma obrigação para cortar as emissões de todos os gases de efeito estufa.

Sancionada em agosto deste ano, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevê, entre outros pontos, a proibição de lixões e determina a criação de aterros para lixo sem possibilidade de reaproveitamento ou de decomposição (matéria orgânica). Nos aterros, que poderão ser formados até por consórcios de municípios, será proibido catar lixo, morar ou criar animais. As prefeituras poderão ter recursos para a criação de aterros, desde que aprovem nas câmaras de vereadores uma lei municipal criando um sistema de reciclagem dos resíduos.

Com informações do Estadão

Foto: WSDOT

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