O grupo ambientalista norte-americano Environment America afirmou que o turismo e a pesca nos EUA rendem anualmente US$ 204 bilhões para as economias das regiões costeiras do Pacífico, Atlântico e das margens do Golfo na Flórida. O valor é quatro vezes superior ao do montante anual estimado para o petróleo e o gás, obtidos de perfurações em alto mar.
"Os números mostram que os recursos potenciais da prospecção não valem o risco", destacou o autor do relatório, Michael Gravitz, ao jornal The New York Times, referindo-se à possibilidade de outro vazamento, que poderia contaminar recifes de corais próximos da Flórida e as águas do Pacífico, ricas em salmão.
"Nossa pesquisa torna claro que praias e oceanos limpos valem muito mais do que a procura pelas últimas gotas de óleo de nossas costas", complementou Gravitz.
A análise foi feita, em grande parte, com dados do governo federal sobre o comércio pesqueiro, a renda anual do turismo em áreas costeiras e a pesca recreativa nestas regiões, para posteriormente calcular o impacto econômico de um vazamento de óleo nas redondezas.
Depois do acidente da BP em abril deste ano, em que um poço de prospecção explodiu e deixou escapar cerca de 200 milhões de barris de petróleo no Golfo do México, o número de reservas em hotéis despencou e os operadores de barcos fretados para navegar pela costa do Golfo sofreram cancelamento dos serviços em grande escala. A consequência será um prejuízo de pelo menos US$ 7,6 bilhões para o setor, de acordo com um estudo da Associação de Turismo dos EUA.
Algumas semanas antes do vazamento da BP, o presidente americano Barack Obama havia anunciado planos de expansão das prospecções em regiões da costa do Atlântico, do Pacífico e na parte leste do Golfo do México.
Líderes da indústria de petróleo e gás argumentam que o valor das commodities só mostram parte do panorama: a análise neglicenciaria os gastos atrelados à atividade de prospecção, dos salários dos trabalhadores do setor em Louisiana e no Texas às tubulações construídas.
Jack Gerard, presidente do Instituto Americano do Petróleo, ressaltou que "explorar e desenvolver as reservas de petróleo nos mares dos EUA pode ajudar a gerar mais de um trilhão de dólares e somar milhares de novos empregos aos 9,2 milhões já existentes na indústria de petróleo e de gás".
Ativistas contrários às prospecções baseiam-se na renda do turismo e da recreação em seus argumentos contra a expansão da atividade industrial petroleira, especialmente após o acidente da BP. O senador de New Jersey, Robert Menendez, argumentou que, mesmo que as prospecções sejam barradas nas costas de seu estado, um vazamento no Sul do Golfo pode migrar para o Norte, ameaçando as praias de Nova Jersey.
Senadores da costa Oeste se uniram neste ano para propor um veto à atividade nas águas do Pacífico sob jurisdição federal porque, segundo eles, o risco é muito grande. A senadora Barbara Boxer, da Califórnia, que liderou a proposta, citou que 388 mil empregos são relacionados ao turismo californiano, à pesca e ao setor de recreação. "Nós simplesmente não podemos assumir o risco da atividade petroleira na nossa costa magnífica."
Com informações do New York Times
Foto: chemisti
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