O Brasil perde, ao ano, R$ 7,4 bilhões por falta de infraestrutura relacionada ao uso da água no território. Falta de investimentos e de manutenção dos sistemas já instalados são algumas das causas que fizeram o especialista em eficiência energética e da água, Airton Gomes, concluir o desperdício de recursos.
O consultor avaliou todos os gastos de acordo com as informações do relatório de 2008 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que cobriu 4.561 municípios, e alertou que dos 7,4 bilhões de reais, apenas R$ 4,4 bilhões ainda podem ser recuperados.
O SNIS analisa a produção, o tempo médio de abastecimento de 20 horas por dia, consumo autorizado não faturado e a estimativa de perdas reais e aparentes na realização do seu relatório anual.
Porém, para existir esta recuperação, grandes incentivos orçamentários deverão ser feitos nos sistemas de saneamento do país até a universalização dos serviços de água e esgoto previsto para 2015.
Uma maior fiscalização e manutenção das redes antigas de abastecimento merecem ser realizadas para impedir ligações clandestinas (os popularmente conhecidos como "gatos") e os erros de medição, creditando um total de R$ 10 bilhões em recursos do governo.
Para Gomes, as empresas brasileiras estão perdendo dinheiro com a falta de preocupação com os sistemas de abastecimento da água. Para reverter a situação, medidas urgentes devem ser tomadas para que o custo da redução da perda não se torne maior do que o resultado alcançado.
Falta de estrutura
Segundo o especialista, o grande número de sistemas de abastecimento instalados desde a década de 60 até hoje (de 500 para 5, 5 mil neste ano) pode ter sido responsável pela falta de organização do país quanto ao uso da água.
"Tem um caminhão de dinheiro, mas o setor demora de 4 a 5 anos para se reestruturar. Não tem quem faça projetos. Ou seja, não é uma questão apenas de dinheiro, pois não há quadro técnico.", destacou o consultor, que criticou também a grande quantidade de novas obras que vem sendo construídas.
Em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o especialista analisou que os sistemas de abastecimento antigos foram preteridos às novas obras de infrestrutura, que traz mais visibilidade política as autoridades do setor. "Passamos décadas construindo sistemas. É preciso mudar a cultura de obras. Em tempos de PAC, só se pensou nisso", afirmou Gomes.
Já para o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, o governo está sim preocupado com a sustentabilidade do sistema a longo prazo. Segundo o secretário, o PAC 2 terá uma linha de crédito específica para a diminuição desses desperdícios de verbas para os antigos sistemas.
Foto: Keneth Cruz
Nenhum comentário:
Postar um comentário