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Nova York, Estados Unidos, 18/3/2011 – O avançadíssimo sistema de alerta de desastres do Japão evitou uma quantidade maior de mortes com o terremoto de nove graus na escala Richter na semana passada, mas não pôde com o tsunami, que afogou a capacidade de reação deste que é o terceiro país mais industrializado do mundo.
O terremoto deixou cem mortos. Mas a posterior onda de dez metros matou 3.200 pessoas em 12 municípios, embora outros dados menos conservadores falem que foi pelo menos o dobro. Estima-se que nos próximos dias a quantidade de mortes chegue a dez mil. Além disso, há mais de 15 mil desaparecidos nas áreas afetadas, informou a imprensa oficial.
Somente em Fukushima, é desconhecido o paradeiro de 1.200 pessoas, quantidade que seguramente aumentará nos próximos dias. Mais de dez mil ficaram perdidas em Iwate e outras mil em Miyagi e Fukushima. A localidade de Minami Sannriku, em Miyagi, e a de Otsuchi, em Iwate, são as mais afetadas com cerca de 20 mil pessoas, e cerca da metade não manteve contato com o exterior até o dia 15.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação da Assistência Humanitária (Ocha) enviou a Tóquio, no dia 14, sua equipe de Coordenação e Avaliação de Desastres (Undac), a pedido do governo japonês, para coordenar o fluxo de assistência estrangeira. “A equipe colabora com a gestão de informação e as ofertas de ajuda”, disse à imprensa Martin Nesirky, porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que ontem “enviou uma missão de reconhecimento para Fukushima e Miyagi”.
A Undac desempenha um papel mais limitado porque as autoridades japonesas estão preparadas para dirigir o grosso da busca e dos resgates. Sua missão é oferecer alguns serviços específicos e deixar para o governo as grandes decisões. “A Undac oferece assessoria sobre serviços e produtos internacionais que chegam ao país para reduzir as contribuições não solicitadas”, disse à IPS Stephanie Bunker, porta-voz do Ocha em Nova York. “É um trabalho muito importante. As pessoas têm boas intenções, mas um excesso de assistência sem coordenação não é bom”, acrescentou.
A equipe de resposta a desastres é formada por sete pessoas, da França, Grã-Bretanha, Índia, República da Coreia, Suécia e também do Japão. Foi criado um Centro de Coordenação e Operações no local para distribuir informação à comunidade internacional nos próximos dias.
Cerca de 420 mil pessoas foram evacuadas das áreas atingidas pelo terremoto e pelo tsunami, das quais metade é de Miyagi e o restante de Fukushima, Iwate, Ibaraki, Tochibi e Aomori, segundo o Ocha. “Não temos estimativas sólidas do custo total que implica o desastre. É muito cedo para ter um número coerente”, disse Stephanie à IPS. Quase quatro mil construções no Nordeste de Tohuku foram totalmente destruídas e outras 55 mil ficaram muito danificadas pelo terremoto, o tsunami e os incêndios.
A Autoridade Nacional da Polícia Japonesa informou que a interrupção de estradas e pontes virtualmente paralisou grande parte do sistema de transporte. Quase 850 mil famílias clientes da Companhia de Energia Elétrica de Tóquio e de Tohuku carecem de água, gás e eletricidade. A falta de alimento e água piora a cada hora.
A Cruz Vermelha japonesa começou a oferecer assistência médica e psicológica a sobreviventes e evacuados. “Nunca vi algo tão terrível como isto”, disse Tadateru Konoé, presidente dessa organização, após visitar Iwate. Cerca de 430 mil evacuados moram em menos de 2.500 locais provisórios como escolas e outros prédios públicos, segundo a organização. “Chegam muitas pessoas aos hospitais com hipotermia e risco de pneumonia. Muitas pessoas sofrem as consequências de terem bebido água contaminada durante o tsunami”, diz o informe divulgado à imprensa.
O Japão aceita a ajuda especializada de algumas agências humanitárias, mas demonstra uma extraordinária resiliência e grande eficiência diante do desastre. Mais de cem mil soldados, 95 mil bombeiros e 920 unidades da polícia trabalham sem cessar retirando pessoas em perigo, localizando desaparecidos e distribuindo ajuda o mais rápido possível.
Exército e polícia resgataram mais de 2.200 pessoas e a guarda costeira e a Agência de Gestão de Desastres e Incêndios quase outras três mil, entre elas 970 que estavam em povoados isolados, informou o Ocha. Além disso, já foram reparadas 121 estradas e 28 pontes, o que facilita as operações de assistência e resgate. Envolverde/IPS
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