sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É preciso cuidar das selvas

Imagem Ilustrativa

Imagem Ilustrativa

Bangcoc, Tailândia, 18/11/2010 – A Indonésia e sua política florestal concentram a atenção de ativistas e delegados que participarão das negociações sobre mudança climática, que começarão este mês no balneário mexicano de Cancún, onde será discutida a colaboração dos países ricos na manutenção das selvas do Sul.

Os delegados que participarão da 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá de 29 deste mês a 10 de dezembro, negociarão o mecanismo conhecido como Redução de Emissões de Carbono Causadas pelo Desmatamento e a Degradação das Florestas (REDD). Por esta iniciativa, os países mais contaminantes tentam compensar suas emissões de carbono, o principal gás responsável pelo aquecimento global.

Os esforços internacionais se concentram no sentido de que a Indonésia, o maior país do sudeste da Ásia, se beneficie da REDD porque tem uma das selvas com maior diversidade biológica da região. Esse país tem 94 milhões de hectares de florestas tropicais, dos 124 milhões que o sudeste asiático possui, distribuídos em dez Estados, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

A Birmânia, com 32 milhões de hectares, é o país com mais território de selva depois da Indonésia. “A REDD pode ser uma ferramenta útil e um incentivo para que os países detenham o desmatamento”, disse Patrick Durst, especialista da FAO para a Ásia-Pacífico. A Indonésia já adotou medidas para deter o corte de árvores. A proporção de desmatamento diminuiu de 1,7% na década de 1990, para 0,7% nos últimos cinco anos, completou Patrick.

A Indonésia é importante para mitigar os efeitos globais da mudança climática por ser o maior emissor de gases-estufa do mundo decorrentes do desmatamento e da destruição de selvas pela agricultura, especialmente para cultivo de palma. O presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, assumiu o compromisso, na reunião do G-20 de setembro de 2009, de reduzir de forma drástica as emissões contaminantes, freando o desmatamento e a degradação, principais causas do aquecimento global.

“Uma redução do desmatamento de 5% implica US$ 765 milhões ao ano graças ao mecanismo REDD, enquanto uma queda de 30% representa US$ 4,5 bilhões”, segundo o Centro Internacional de Pesquisa Florestal (Cifor), com sede em Bogor, na Indonésia. “A REDD é uma oportunidade única que permite à Indonésia ter renda e diminuir a perda de selvas, contribuindo para mitigar as consequências da mudança climática”, ainda de acordo com o Cifor. Entretanto, o caminho para a prosperidade está cheio de obstáculos, sendo o mais desanimador a corrupção endêmica no setor florestal local.

“A corrupção é grave em Papua Nova Guiné, Indonésia e Malásia”, disse Manoj Nadkarni, diretor do programa de integridade na governança florestal para a Ásia-Pacífico da Transparência Internacional, com sede em Berlim. “A Indonésia está entre os cinco países pior colocados na lista de percepção de corrupção preparada por essa organização”, ressaltou, acrescentando que “a corrupção coloca a REDD em risco”. “O problema é o corte ilegal, em grande parte devido à galopante corrupção no setor florestal indonésio”, afirmou Manoj à IPS durante uma conferência internacional contra a corrupção (UACC), que terminou no dia 13 na capital tailandesa.

É um problema que “priva os cofres públicos de aproximadamente US$ 10 bilhões por ano em ganhos com suas próprias selvas”, diz a Transparência Internacional no estudo intitulado “Análises da Corrupção no Setor Florestal”, divulgado ao fim da conferência de Bangcoc. “O não pagamento de impostos pelos concessionários significa a perda de outros US$ 5 bilhões”, acrescenta.

O corte ilegal, para alimentar a voraz demanda por madeira para fabricar móveis e revestimentos de solos no mundo, coloca em risco cerca de 700 milhões de hectares de florestas da Ásia-Pacífico. Há estimativas de que, se for mantida a prática ilegal nos países onde se concentram as madeireiras, Birmânia, Camboja, Indonésia, Laos, Papua Nova Guiné e Vietnã, pode-se chegar a perder 6,6 milhões de hectares até 2020.

É fundamental fortalecer a governança no âmbito local para que a REDD funcione, disse Bernd-Markus Liss, assessor em política florestal da Cooperação Técnica Alemã nas Filipinas. “A corrupção no setor florestal local é muito grande. É necessária maior transparência na concessão de licenças, em auditorias e investimentos”, afirmou. “Medidas bem intencionadas com adequados controles podem promover a corrupção se não levarem em conta a realidade local”, ressaltou. Envolverde/IPS

Por Por Marwaan Macan-Markar, da IPS, Envolverde

B4906C19442912C389ED146574A9BD

Turismo costeiro e pesca rendem mais do que petróleo nos EUA, revela ONG

Turismo costeiro e pesca rendem mais do que petróleo nos EUA, revela ONG

O grupo ambientalista norte-americano Environment America afirmou que o turismo e a pesca nos EUA rendem anualmente US$ 204 bilhões para as economias das regiões costeiras do Pacífico, Atlântico e das margens do Golfo na Flórida. O valor é quatro vezes superior ao do montante anual estimado para o petróleo e o gás, obtidos de perfurações em alto mar.

"Os números mostram que os recursos potenciais da prospecção não valem o risco", destacou o autor do relatório, Michael Gravitz, ao jornal The New York Times, referindo-se à possibilidade de outro vazamento, que poderia contaminar recifes de corais próximos da Flórida e as águas do Pacífico, ricas em salmão.

"Nossa pesquisa torna claro que praias e oceanos limpos valem muito mais do que a procura pelas últimas gotas de óleo de nossas costas", complementou Gravitz.

A análise foi feita, em grande parte, com dados do governo federal sobre o comércio pesqueiro, a renda anual do turismo em áreas costeiras e a pesca recreativa nestas regiões, para posteriormente calcular o impacto econômico de um vazamento de óleo nas redondezas.

Depois do acidente da BP em abril deste ano, em que um poço de prospecção explodiu e deixou escapar cerca de 200 milhões de barris de petróleo no Golfo do México, o número de reservas em hotéis despencou e os operadores de barcos fretados para navegar pela costa do Golfo sofreram cancelamento dos serviços em grande escala. A consequência será um prejuízo de pelo menos US$ 7,6 bilhões para o setor, de acordo com um estudo da Associação de Turismo dos EUA.

Algumas semanas antes do vazamento da BP, o presidente americano Barack Obama havia anunciado planos de expansão das prospecções em regiões da costa do Atlântico, do Pacífico e na parte leste do Golfo do México.

Líderes da indústria de petróleo e gás argumentam que o valor das commodities só mostram parte do panorama: a análise neglicenciaria os gastos atrelados à atividade de prospecção, dos salários dos trabalhadores do setor em Louisiana e no Texas às tubulações construídas.

Jack Gerard, presidente do Instituto Americano do Petróleo, ressaltou que "explorar e desenvolver as reservas de petróleo nos mares dos EUA pode ajudar a gerar mais de um trilhão de dólares e somar milhares de novos empregos aos 9,2 milhões já existentes na indústria de petróleo e de gás".

Ativistas contrários às prospecções baseiam-se na renda do turismo e da recreação em seus argumentos contra a expansão da atividade industrial petroleira, especialmente após o acidente da BP. O senador de New Jersey, Robert Menendez, argumentou que, mesmo que as prospecções sejam barradas nas costas de seu estado, um vazamento no Sul do Golfo pode migrar para o Norte, ameaçando as praias de Nova Jersey.

Senadores da costa Oeste se uniram neste ano para propor um veto à atividade nas águas do Pacífico sob jurisdição federal porque, segundo eles, o risco é muito grande. A senadora Barbara Boxer, da Califórnia, que liderou a proposta, citou que 388 mil empregos são relacionados ao turismo californiano, à pesca e ao setor de recreação. "Nós simplesmente não podemos assumir o risco da atividade petroleira na nossa costa magnífica."

Com informações do New York Times

Foto: chemisti

Esquerda latino-americana vai com ambição para debate climático

Por Andrew Cawthorne

CARACAS (Reuters) - Um bloco de governos de esquerda da América Latina levará metas ambiciosas à reunião climática da Organização das Nações Unidas (ONU) no fim do mês em Cancún, mas sem a pirotecnia que caracterizou sua participação na frustrada cúpula de Copenhague no ano passado.

Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua rejeitaram o Acordo de Copenhague, em dezembro de 2009, alegando que ele não era suficientemente ambicioso e que havia sido preparado às escondidas pelas grandes potências.

Alguns governos e funcionários da ONU viram nisso uma postura de 'estraga-prazeres', mas muitos ativistas ambientais comemoraram essa resistência do grupo Aliança Bolivariana para as Américas (Alba).

'Eles nos chamam de 'a voz da consciência'', disse a representante climática da Venezuela, Claudia Salerno, que na conferência de Copenhague arrancou sangue da mão ao batê-la numa mesa para exigir o microfone.

'As nações desenvolvidas não podem nos ignorar, nos chantagear e nos comprar, como tentam fazer com os outros', disse ela à Reuters.

Na próxima rodada de negociações climáticas, de 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún (México), a esquerda latino-americana deve novamente buscar um protagonismo na busca por um novo tratado global que seja de cumprimento obrigatório para todos os países, algo que não aconteceu em Copenhague.

Mas não há sinais de que esse bloco queira assumir o papel de 'estraga-prazeres' desta vez, e, ao contrário de muitos especialistas, anteveem avanços significativos em Cancún.

A postura do grupo esquerdista já havia sido mais pragmática na reunião da ONU no mês passado para tratar de diversidade biológica, no Japão. Apesar de algumas queixas sobre o conteúdo do acordo final, esses países não bloquearam sua aprovação.

Argumentando que a culpa dos problemas ambientais é do capitalismo, os líderes da Alba querem que as nações desenvolvidas aceitem reduzir em quase 50 por cento as suas emissões de gases do efeito estufa até 2017, em comparação aos níveis de 1990, o que seria um corte muito mais ambicioso do que qualquer país rico já tenha oferecido.

Eles cobram também que o mundo rico dedique para o combate à mudança climática as mesmas verbas que dedica à sua defesa militar.

Outra posição comum da Alba é que o aquecimento global deveria ser limitado a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. É uma ideia apoiada por muitas nações em desenvolvimento, enquanto gigantes como EUA e China falam em 2 graus Celsius.

A Bolívia chegou a propor um limite até mais rígido, de 1 grau Celsius.

'HUMANIDADE EM RISCO'

Os líderes da Alba também consideram que os mercados de carbono, pelo qual nações e indústrias poluidoras podem adquirir créditos para compensar suas emissões em excesso, seriam uma forma de os países ricos se evadirem das suas obrigações.

Esses governantes argumentam a salvação do meio ambiente passa por uma mudança substancial no mundo, e não por um mero 'toma lá, dá cá' entre políticos.

'Se os líderes mundiais, especialmente das nações ricas, ouvirem seus povos, Cancún será uma festa', disse recentemente o presidente da Bolívia, Evo Morales, que planeja participar do evento. 'Se não, enfrentaremos o maior risco de que a vida humana desapareça do planeta Terra.'

Após o fracasso da conferência de Copenhague, os analistas esperam que Cancún resultará apenas em acordos generalistas sobre o financiamento a iniciativas climáticas e de compensação a nações em desenvolvimento, além de compromissos para uma revisão das metas globais de controle de emissões.

Isso poderia abrir caminho para um acordo definitivo na reunião do ano seguinte, na África do Sul, ainda antes que expire a atual fase do Protocolo de Kyoto, em 2012.

'Não será um acordo real, será mais estabelecer uma arquitetura', disse o diretor de políticas climáticas do Greenpeace, Wendel Trio.

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Equador, Rafael Correa, também devem se juntar a Morales em Cancún. A presença deles certamente apimentará o evento, pois os três gostam de investir contra o 'imperialismo' dos EUA e as agruras do capitalismo.

Mas nem mesmo a América Latina inteira chega unida à conferência. O Brasil atua nas questões ambientais junto a outras grandes potências emergentes, como China, Índia e África do Sul, e as propostas da Alba são consideradas radicais demais por outros países latino-americanos.

PAPEL DOS EUA

O embaixador da Bolívia junto à ONU, Pablo Solón, disse que a relutância dos EUA em controlar suas emissões prejudica o avanço das negociações climáticas globais.

'As promessas dos Estados Unidos são muito baixas, e isso tem um efeito dominó', disse ele à Reuters, acrescentando que as nações ricas estão com medo de perder competitividade econômica.'O processo ainda está sequestrado por fatores econômicos.

A Venezuela não espera que se repita desta vez o drama de Copenhague.

'O México não tem se comportado como a Dinamarca', disse Salerno, ainda irritada com o país anfitrião do ano passado, por ter, segundo ela, permitido que um grupo reduzido de países, liderado por China e EUA, tivesse redigido o texto.

'Tudo parece indicar que há condições para um avanço extraordinário em Cancún', afirmou ela.

(Reportagem adicional de Alister Doyle, em Oslo; de Hugh Bronstein, em Quito; de Jeff Franks, em Havana; de Carlos Quiroga, em La Paz)

Cientistas identificam três novas espécies de sapos na Colômbia

Cientistas identificam três novas espécies de sapos na Colômbia

BBC Brasil

Este sapo não é tão venenoso quanto outras espécies, mas pode te machucar. Foto: Robin Moore/ILCP

Um expedição de conservacionistas que procuravam uma espécie de sapo tida como extinta acabou descobrindo três novas espécies de anfíbios.

Os animais, nunca antes identificados, foram encontrados na Colômbia. Entre eles, está um sapo que produz veneno e um outro que tem olhos vermelhos.

Os animais identificados na expedição tendem a ser mais ativos durante o dia, um comportamento raro entre anfíbios.

No entanto, os mesmos cientistas falharam em localizar a espécie que procuravam: o sapo da Mesopotâmia (Rhinella rostrata), que teria sido visto pela última vez em 1914.

A macieira de Newton e outras árvores milenares

O National Trust, entidade britânica que trabalha pela conservação da natureza e de construções históricas no país, está organizando uma série de caminhadas por vários lugares da Grã-Bretanha para mostrar as árvores mais antigas do país

Entre as dez localidades previstas, está a que abriga a macieira que inspirou Isaac Newton - em 1665, ao observar, sentado ao lado da árvore, a queda de uma maçã - a formular a noção de gravidade.

De acordo com o National Trust, as idades de exemplares antigos variam muito de espécie para espécie.

Por isso, um velho carvalho de 600 anos ou uma faia de 300 anos se qualificaram para o projeto. O National Trust também cita exemplos como o teixo, que pode chegar a milhares de anos de idade, ou o carvalho e a castanheira, que chegam a ultrapassar os mil anos de idade.

"Ficar perto de uma árvore antiga, que viveu séculos de história, pode ser uma experiência de humildade. Queremos promover estas árvores especiais e divulgar o perfil (das árvores) dentro das paisagens onde elas podem ser encontradas", disse Brian Muelaner, conselheiro para o setor de árvores antigas do National Trust.

Sem proteção

A pesquisa do National Trust sobre as árvores mais antigas da Grã-Bretanha vai continuar até 2012.

A entidade visa analisar mais de 25 mil hectares de bosques e 200 mil hectares de terras cultivadas para incluir mais de 40 mil árvores antigas.

Apesar da importância, as árvores antigas da Grã-Bretanha não recebem nenhum status de patrimônio protegido.

Geralmente não há placas de indicação próximas a estas árvores ou listas oficiais. Se estas árvores estiverem fora das propriedades do National Trust, pouco pode ser feito para sua proteção, que pode ser ameaçada por atividade agrícola intensiva, pesticidas ou fertilizantes.

  • A macieira da gravidade

    Esta macieira pode ter inspirado Isaac Newton a elaborar a teoria da gravidade em 1665 // NTPL/Tessa Musgrave (NTPL/Tessa Musgrave)

NTPL/Tessa Musgrave

Acredita-se que esta macieira tenha inspirado Isaac Newton a elaborar a teoria da gravidade em 1665, supostamente após uma maçã cair em sua cabeça; ela fica em Lincolnshire.

  •  Idade não importa

  • Embora sejam centenárias, essas árvores estão em excelente estado // NTPL/Ross Hoddinot (NTPL/Ross Hoddinot)

NTPL/Ross Hoddinot

Embora sejam centenárias, essas faias da fazenda Lanhydrock, em Cornwall, estão em excelente estado.

  • Raízes expostas?

    Este teixo é formado por duas árvores plantadas uma ao lado da outra // NTPL/Joe Cornish (NTPL/Joe Cornish)

NTPL/Joe Cornish

Este teixo é formado por duas árvores plantadas uma ao lado da outra; elas ficam na Irlanda do Norte perto das ruínas de um castelo em Co Fermanagh.

  • Tudo amarelo

    Essas árvores se destacam pelas folhagens amareladas e pelas grandes copas // NTPL/Michael Caldwell (NTPL/Michael Caldwell)

NTPL/Michael Caldwell

Essas árvores da fazenda Ashridge se destacam pelas folhagens amareladas e pelas grandes co

  • Árvore milenar

    Estima-se que essas árvores tenham entre 2 mil e 2.500 anos // NTPL/Simon Fraser (NTPL/Simon Fraser)

NTPL/Simon Fraser

Estima-se que esses teixos tenham entre 2 mil e 2.500 anos; eles estão na fazenda Borrowdale, em Lake District, Cumbria.

  • Em período de repouso

    Este velho carvalho passou por uma 'cirurgia' // NTPL/Ross Hoddinott (NTPL/Ross Hoddinott)

NTPL/Ross Hoddinott

Este velho carvalho na fazenda Lanhydrock, Cornwall, passou por uma 'cirurgia' para se manter estável.

  • Belo e antigo castanheiro

    Este velho e largo castanheiro fica no parque Sheffield, em East Sussex // NTPL/Andrew Butler (NTPL/Andrew Butler)

NTPL/Andrew Butler

Este velho e largo castanheiro fica no parque Sheffield, em East Sussex.

  • Tronco em close

    Tronco de castanheiro aparece em close // NTPL/Paul Wakefield (NTPL/Paul Wakefield)

NTPL/Paul Wakefield

Tronco de castanheiro aparece em close

Em primeiro plano, tronco de castanheiro na floresta Hatfield, em Essex.

  • Carvalhos unidos

    Estes velhos carvalhos ficaram atrofiados // NTPL/Paul Wakefield (NTPL/Paul Wakefield)

NTPL/Paul Wakefield

Estes velhos carvalhos ficaram atrofiados, na fazenda de Holnicote, na região de Somerset.

  • Árvore na fronteira

    Uma grande árvore no meio da floresta // NTPL/Paul Wakefield (NTPL/Paul Wakefield)

NTPL/Paul Wakefield

Uma grande faia no meio da floresta da propriedade de Ashridge, na fronteira entre as regiões de Hertfordshire e Buckinghamshire.

Protestos contra ONU por cólera se intensificam no Haiti

Protestos contra ONU por cólera se intensificam no Haiti

BBC Brasil

"Haitiano leva vítima de cólera pela capital"

Ao menos 17 mil casos de cólera já foram registrados no país

Os protestos no Haiti contra as forças de segurança da ONU, responsabilizadas por alguns grupos pela epidemia de cólera que atinge o país, se espalharam nesta quinta-feira pela capital do país, Porto Príncipe.

A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que montaram barricadas e atiraram pedras em veículos das Nações Unidas.

Na segunda-feira, confrontos entre haitianos e tropas da ONU no norte do país deixaram duas pessoas mortas.

As manifestações ocorrem menos de duas semanas antes da eleição presidencial, marcada para o dia 28 de novembro.

Alguns haitianos vêm responsabilizando membros nepaleses das forças da ONU de levar a cólera ao país, o que é negado pela organização.

Mortes

Casos de cólera já foram identificados em todas as dez regiões do Haiti. Cerca de 1.100 pessoas já morreram em consequência da doença no último mês.

No total, ao menos 17 mil casos da doença já foram registrados no país.

A maioria das 38 mortes registradas na capital ocorreram na favela Cité Soleil.

Nesta quinta-feira, tiroteios esporádicos podiam ser ouvidos, após os manifestantes tomarem as ruas de Porto Príncipe.

Centenas de jovens ergueram barricadas colocando fogo em pneus e atacaram veículos da Minustah, a missão da ONU no país.

Os manifestantes gritavam slogans como 'Cólera, foi a Minustah que nos deu' ou 'Minustah, volte para casa'.

Condições sanitárias

Segundo o Centro para Controle de Doenças Infecciosas (CDC), baseado em Atlanta, nos Estados Unidos, cerca de 1,3 milhão de haitianos ainda vivem em campos de desabrigados após o terremoto de janeiro, dificultando o acesso a água potável, condições sanitárias e atendimento à saúde.

De acordo com o CDC, mesmo antes do terremoto, apenas 17% dos haitianos tinham acesso a condições sanitárias adequadas.

Em sua última análise sobre a situação no país, o centro disse que era 'difícil prever' a evolução da doença, já que esta é a primeira epidemia de cólera no país em mais de um século.

Os primeiros casos da doença, transmitida por meio da água ou comida contaminada, foram registrados na região do rio Arbonite, no norte do país.

Ainda não está clara a origem dos primeiros casos da doença no Haiti. Alguns grupos dizem que ela teria vindo de tanques sépticos de uma base das forças nepalesas da Minustah, mas a ONU diz não haver evidências sobre isso.

O cólera provoca diarreia e vômitos, levando a uma grave desidratação. A doença pode matar rapidamente, mas é tratada facilmente por meio da reidratação e de antibióticos.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

O computdor mais rápido do mundo

1  Tianhe-1A  - 1 (Imagens: reprodução.)

Tianhe-1A

Velocidade de Processamento: 2.57 petaflops / Localização: Centro Nacional de Computadores de Tianjin – China / Uso: Pesquisas Climáticas e localização de campos petrolíferos

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fotos do dia ^^

445CF1C1EA6DAAD24643B23E4765FB 

714EA6C05325143C39073243F893E 

F43584C8293C46FD690E1B668E16

EE30DB51EEDCF9C32993FB296E30

Cientistas descobrem solução para evitar a colisão de pássaros contra moinhos de vento

Cientistas descobrem solução para evitar a colisão de pássaros contra moinhos de vento

Cientistas da Universidade Loughborough, no Reino Unido, divulgaram uma possível solução para o problema ambiental que surgiu com o crescimento das instalações de fazendas de energia eólica: a colisão de pássaros e morcegos nos moinhos. A alternativa seria pintar as turbinas eólicas, de preferência de roxo.

Sabe-se que os pássaros são daltônicos e morcegos são cegos. Porém, especula-se que o que os atrai em direção às turbinas é a presença de insetos, que são afetados pela cor, de acordo com a estudante de PhD Chloe Long. Ela também afirma que não existem estudos detalhados que dizem que tipo de inseto específico pode ser atraído pelas turbinas ou o porquê.

Chloe e seus colegas de universidade Dr. James Flint e Paul Lepper chegaram a essa conclusão após fazer um estudo empírico onde pintaram vários moinhos de vento de 13m de altura de forma aleatória e de diversas cores, como branco, cinza, azul, vermelho e roxo.

O resultado foi uma repulsão maior dos insetos com a cor roxa. Isso não significa, necessariamente, que todas as turbinas devam que ser roxas, mas significa que há uma mudança na vida desses seres vivos que pode resultar em um impacto nos pássaros e morcegos que os seguem.

Descobriu-se, também, que cores com componentes ultravioleta e infravermelho, invisíveis aos humanos e visíveis aos insetos, podem aumentar a atração.

"Se a solução fosse tão simples quanto pintar turbinas em diferentes cores, poderia ser uma estratégia de redução de custo-benefício", completou Chloe.

Foto: Changhua Coast Conservation Action

Brasil precisa de US$ 20 bilhões por ano para reduzir emissões de gases

São Paulo, 10 nov (EFE).- O Brasil precisa investir anualmente US$ 20 bilhões até 2030 para se tornar uma economia de baixas emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo um relatório do Banco Mundial (BM) divulgado nesta quarta-feira em São Paulo.

O Estudo de Baixo Carbono para o Brasil foi apresentado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pelo Banco Mundial, que aponta o setor energético como o principal foco dos investimentos destinados a reduzir a emissão de gases.

As atividades do setor energético, de acordo com o relatório, demandam por ano investimentos que totalizam US$ 7 bilhões para mitigar as emissões de gás carbônico (CO2) para 11 milhões de toneladas anuais.

No entanto, a maior redução, de 356 milhões de toneladas anuais de CO2, deve proceder das atividades agrícolas e do combate ao desmatamento, que exigem investimentos de cerca de US$ 5,4 bilhões por ano.

Segundo a "Agência Brasil", o pesquisador do BM Cristhopher Gouvello descartou a tese de que se o Brasil se tornar uma economia de "baixo carbono" irá registrar desaceleração do ritmo de crescimento e de desenvolvimento. "A ideia de que tornar-se uma 'economia de baixo carbono' é um freio para a economia não é verdade. As atividades de baixo carbono são mais intensivas que as tradicionais", disse Gouvello. EFE

BNDES lança fundo de R$1 bi para reduzir emissões na agricultura

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O BNDES anunciou nesta quarta-feira a abertura de um programa de 1 bilhão de reais para financiar projetos que reduzam o desmatamento e a emissão de gases do efeito estufa na atividade agropecuária.

O fundo vai oferecer empréstimos com taxas de juro de 5,5 por cento ao para cooperativas e produtores rurais para investimento na recuperação de áreas degradadas e a implantação de sistemas de integração entre a floresta e terras utilizadas para agricultura e pecuária, informou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social em comunicado.

'A taxa de 5,5 por cento é uma das mais baixas praticadas pelo BNDES e será equalizada pelo Tesouro Nacional. O limite de financiamento será de até 1 milhão de reais por beneficiário por ano-safra', disse o banco em nota.

O projeto faz parte da Política Nacional de Mudança do Clima para tentar reduzir as emissões de dióxido de carbono, que tem como principal ação o combate ao desmatamento da Amazônia. A queima das árvores, que libera CO2 na atmosfera, é a principal causa de emissões do país.

O governo pretende utilizar a redução das emissões no Brasil para pressionar os países desenvolvidos a adotarem compromissos mais amplos em termos de redução de emissões na reunião de clima da ONU em Cancún, no México, em novembro.

(Reportagem de Brian Ellsworth)

Desastres naturais mataram 3,3 milhões de pesssoas em 40 anos, diz estudo

Os desastres naturais, como enchentes, terremotos e tsunamis, mataram 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo nos últimos 40 anos, diz um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Mundial, em parceria com as Nações Unidas.

Desse total, cerca de 1 milhão de pessoas morreram na África, vítimas da seca.

Após dois anos de pesquisa, os dois organismos internacionais estimaram ainda que os prejuízos causados por esses desastres poderão triplicar até o final do século, atingindo a cifra de US$ 185 bilhões ao ano.

De acordo com o levantamento, o número fica ainda maior quando considerado o impacto das mudanças climáticas. Apenas os ciclones tropicais têm potencial de causar prejuízos que variam de US$ 28 bilhões a US$ 68 bilhões a cada ano, diz o estudo.

Além disso, cerca de 1,5 bilhão de pessoas poderão estar expostas a tempestades e terremotos até 2050 - o dobro do número considerado atualmente.

Com 250 páginas, o levantamento tem como objetivo 'alertar' os ministros das finanças em todo o mundo para a necessidade de programas de prevenção aos desastres naturais.

O documento também traz uma série de sugestões sobre o que pode e deve ser feito nesse área e, segundo os autores, muitas dessas ações surpreendem por sua 'simplicidade'.

'São os mais vulneráveis, e não os ricos, que acabam enfrentando o peso das ameaças naturais, muitas vezes agravadas por políticas ruins', diz o texto.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fotos do dia ^^

62AD1C80D1C33F5FEE68471FD7D3A0

 

91C315AC83B81178061AEB65E4450  

 outono

Emissões oriundas do lixo crescem 58% em São Paulo

Emissões oriundas do lixo crescem 58% em São Paulo

As emissões de gases causadores de efeito estufa provenientes dos resíduos sólidos aumentaram 58% no estado de São Paulo entre 1990 e 2008. Há 20 anos, o setor lançou para a atmosfera 5,8 milhões de toneladas desses poluentes. Após 18 anos, o número passou para 9,2 milhões de toneladas, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo.

Os dados foram divulgados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e farão parte do primeiro inventário estadual de emissões. Do total registrado, 55,7% correspondem a emissões de aterros, 17,5% aos efluentes industriais e 26,4% aos efluentes domésticos. Os gases de efeito estufa contribuem para o agravamento do aquecimento global.

O estudo também analisa as emissões decorrentes do lixo por habitante: elas passaram de 205 quilos de gases-estufa em 1990 para 234 quilos em 2008 - um crescimento de 14%. Segundo a Cetesb, uma das causas para o aumento das emissões é o fato de que as pessoas consomem cada vez mais e, dessa forma, geram uma quantidade maior de resíduos.

De acordo com Oswaldo Lucon, assessor de gabinete da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, outro motivo é a redução dos lixões em São Paulo (eram 143 em 2007 e são apenas 3 em operação atualmente). "Isso porque quando os resíduos orgânicos vão para o lixão a céu aberto, sofrem pouca decomposição anaeróbia, situação em que bactérias anaeróbicas, que sobrevivem na ausência de oxigênio, conseguem decompor os resíduos orgânicos."

Os três lixões em operação em São Paulo estão em Presidente Prudente, Vargem Grande do Sul e Peruíbe. "Isso é positivo, claro [redução de lixões]. Porém, com mais aterros controlados, temos maior emissão de metano. E até agora ainda não há muita recuperação desse poluente", alertou Lucon ao Estadão. A capacidade nociva do gás metano é superior a do CO2.

Captação de metano e menor geração de resíduos

A iniciativa de captar metano para geração de energia elétrica já tem sido feita em São Paulo, nos aterros Bandeirantes (Zona Norte da capital) e São João (Zona Leste). Em 2006, a Biogás Energia Ambiental S/A (concessionária da Prefeitura) fechou um negócio com um banco alemão no valor de R$ 58,8 milhões referente à venda dos créditos de carbono na redução das emissões no local.

Os resultados já foram visíveis no ano seguinte. Depois de crescerem quase ininterruptamente até 2006, as emissões de gases-estufa dos resíduos sólidos tiveram uma ligeira queda em 2007. Em 2008, as emissões subiram novamente, mas ainda assim foram menores que as de 2005 e 2006. "Isso reforça o entendimento geral de que essas emissões estão ou podem estar concentradas em poucos empreendimentos e que mais projetos de créditos de carbono devem ser implantados", afirma o relatório.

No entanto, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), defende que o setor não pode se contentar apenas em captar metano nos aterros. Para Carlos Silva Filho, diretor executivo da entidade, é fundamental minimizar a geração de resíduos.

Ele também sugere a troca de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, por alternativas mais limpas, a exemplo do gás natural, biodiesel e etanol, nos veículos de coleta do lixo. Outra proposta do diretor da Abrelpe inclui que, com aterros cada vez mais distantes, os resíduos poderiam ser transportados por trens em vez de em carretas. "O setor tem potencial para ser um redutor de emissões", destacou.

Ainda em relação ao perigo representado pelas emissões de metano, um dos problemas diz respeito a uma brecha na legislação, pois o gás-estufa não está incluso na lei climática de São Paulo, que prevê cortes de 20% de dióxido de carbono (CO2) até 2020, em relação ao que se emitia em 2005. Não há, dessa forma, uma obrigação para cortar as emissões de todos os gases de efeito estufa.

Sancionada em agosto deste ano, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevê, entre outros pontos, a proibição de lixões e determina a criação de aterros para lixo sem possibilidade de reaproveitamento ou de decomposição (matéria orgânica). Nos aterros, que poderão ser formados até por consórcios de municípios, será proibido catar lixo, morar ou criar animais. As prefeituras poderão ter recursos para a criação de aterros, desde que aprovem nas câmaras de vereadores uma lei municipal criando um sistema de reciclagem dos resíduos.

Com informações do Estadão

Foto: WSDOT

Cidade alemã investe em eficiência energética de prédios públicos

Cidade alemã investe em eficiência energética de prédios públicos

A cidade alemã de Heidelberg desenvolveu um sistema integrado de gestão energética para prédios públicos, por meio de ações que buscam aumentar a participação de energias renováveis no município, segundo apuraram os pesquisadores da Plataforma de Cidades Sustentáveis.

O Plano de Proteção Climática e a Estratégia Energética (ambos de 2004) estabelecem normas obrigatórias para os edifícios que excedem os padrões nacionais determinados, mas o projeto em Heidelberg, cidade com cerca de 150 mil habitantes, nasceu em 1992.

De 1993 a 2004, a cidade conseguiu uma redução de 35% das emissões de dióxido de carbono (CO2) dos prédios municipais e 13% das instalações da universidade. Em 2005, Heidelberg conseguiu deixar de emitir 15.751 toneladas do gás na atmosfera.

Atualmente, a cidade tem o objetivo de cortar as emissões em 20% até 2015. Para cumprir essa meta foram criados fóruns cívicos no sentido de garantir a participação da comunidade local no projeto. A população discute e desenvolve ações, além de recomendá-las para a gestão pública municipal.

Em 1997, o primeiro fórum temático sobre energia foi criado, abrindo o caminho para a criação da agência de energéitica local, fundada três anos depois. Este fórum se desenvolveu e se tornou o Ciclo de Energia e Proteção Climática de Heidelberg, compreedendo todos os parceiros do setor da energia e do clima, juntamente com os principais atores sociais.

Foto: DOS82

Comissão diz que empresas tomaram 'decisões ruins' em vazamento no Golfo

Comissão diz que empresas tomaram 'decisões ruins' em vazamento no Golfo

BBC Brasil

"Explosão de plataforma, em abril"

'Decisões ruins' resultaram em acidente, diz chefe de comissão

A comissão do governo americano que apura o vazamento de petróleo no Golfo do México afirmou nesta terça-feira que as três empresas envolvidas na catástrofe ambiental não tinham 'cultura de segurança' e tomaram uma série de 'decisões ruins' relacionadas ao caso.

'Aparentemente não havia uma cultura de segurança (no poço). BP, Halliburton e Transocean precisam de uma reforma da cabeça aos pés', disse William Reilly, copresidente da comissão montada pela Casa Branca para apurar o caso.

A explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril, resultou na morte de 11 pessoas, no vazamento de cerca de 4 milhões de barris de petróleo e no maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

A petrolífera BP era a operadora do poço, e Halliburton e Transocean eram suas parceiras na exploração.

Neste segundo dia de audiência da comissão, Reilly disse que uma 'cultura de complacência' e uma série de 'decisões ruins' nas três empresas resultaram no acidente.

Ele também deu a entender que as empresas se apressaram demais para concluir a exploração do poço.

A comissão havia dito que o cimento usado para selar o poço pode ter contribuído para causar a explosão e que as companhias envolvidas tinham feito testes e notado que o cimento estava instável.

Culpa

A fala de Reilly nesta terça contrasta com as declarações, na véspera, do advogado-chefe da comissão, Fred Bartlit, que dissera não ter encontrado provas de que a BP tomou decisões arriscadas ou 'sacrificou preocupações de segurança' com o objetivo de economizar dinheiro.

A comissão estatal, formada por sete pessoas, foi incumbida pelo presidente Barack Obama de investigar as causas do acidente. Suas conclusões e recomendações são esperadas para janeiro.

O correspondente da BBC em Washington Paul Adams relata que ainda é cedo para que qualquer envolvido no vazamento sinta que está livre de culpa.

Também nesta terça, o ex-executivo-chefe da BP Tony Hayward admitiu, em entrevista à BBC, que a petrolífera não estava 'preparada' para lidar com o vazamento e com o 'frenesi midiático' que se seguiu.

'O plano de contingência da BP era inadequado. Era feito por nós no dia a dia', disse o executivo. 'Fizemos uma engenharia extraordinária, mas (diante da imprensa) tudo parecia como um descuido e incompetência.'

Hayward, que ficou famoso por ter dito que queria sua 'vida de volta' enquanto lidava com o vazamento, deixou o comando da BP em outubro.

O poço danificado foi definitivamente selado em setembro.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Foto do dia

184E1551A943936118F16A11C94A1

Coruja da neve *-*

 

'Rio Kitka' coberto de neve

'Rio Kitka' coberto de neve

TERRAMÉRICA - COP 16: Cancún despreparada

Crédito: Centro Mexicano Direito Ambiental

Crédito: Centro Mexicano Direito Ambiental

Cidade do México, México, 8 de novembro (Terramérica).- As belezas da cidade oceânica mexicana de Cancún podem ser uma das razões para ter sido escolhida como sede da próxima cúpula mundial sobre mudança climática. Contudo, nada indica que seja um modelo de adaptação aos rigores do aquecimento global. Destruição de mangues, excesso de lixo e superpopulação hoteleira são alguns dos problemas de Cancún, “onda de serpente”, segundo um dos vários significados atribuídos ao seu nome maia.

“Cancún é uma vergonha. Não entendo como foi escolhida para a cúpula, pois é um exemplo do que não se deve fazer”, disse ao Terramérica a ecologista e ex-funcionária pública Guadalupe Álvarez, fundadora da organização não governamental Céu, Terra e Mar. Entre 29 de novembro e 10 de dezembro acontecerá nesse balneário a 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em busca de um acordo global para reduzir a contaminação que está aquecendo a atmosfera terrestre.

Situado no Mar do Caribe, no município de Benito Juárez, que pertence ao Estado de Quintana Roo, Cancún acelerou seu crescimento desde 1980 para se converter no principal destino turístico mexicano, e pagou por isso um alto custo ambiental. Este ano, o México recebeu, no mínimo, 11 milhões de turistas – que deixaram US$ 13 bilhões – e seis milhões deles se dirigiram a Cancún, onde gastaram mais de US$ 4 bilhões. Além dos visitantes, vivem ali 900 mil pessoas. A cada dia são geradas cerca de 800 toneladas de lixo, e o único aterro sanitário autorizado não tem capacidade para receber mais lixo.

“A cidade tem um problema de planejamento, houve um esquema de crescimento fora dos instrumentos legais, o que ocasionou a erosão de praias, e há contaminação forte”, disse ao Terramérica a delegada do não governamental Centro Mexicano de Direito Ambiental, Alejandra Serrano. Os mangues ocupam 64.755 hectares em Quintana Roo, o quinto dos 32 Estados deste país com maior superfície destes biomas costeiros, caracterizados pela árvore de mangue (gênero Rhizophora).

Em Cancún, esses mangues salobros se estendem por 11.392 hectares, mas perdem anualmente 4,84% de sua superfície, segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística. Além de abrigar uma importante variedade de espécies, têm uma função purificadora e protegem a costa de marejadas, furacões e também da erosão. Também têm capacidade de absorver carbono. Em 2008, os mangues mexicanos capturaram 1,48 milhão de toneladas de dióxido de carbono, segundo o The Global Peatland CO² Picture (O Mapa Mundial do Dióxido de Carbono nas Turfeiras), publicado pela Wetlands International.

O México emite 715,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono, das quais 9,9% provêm do desmatamento, segundo o Ministério de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat). Por trás da extinção dos mangues está a poderosa indústria hoteleira. Neste ponto, as estatísticas mantêm a disputa entre a Semarnat e a sua agência Procuradoria Federal de Proteção Ambiental (Profepa). Os programas de desenvolvimento urbano e ordenamento ecológico do município, que estabelecem o uso do solo em Cancún, fixam a capacidade máxima hoteleira em 30.990 quartos. A Profepa afirma que são 36.852, 5.862 a mais do que o permitido, um dado não reconhecido pela Semanart.

“A cobertura vegetal sobre a barra que detinha sedimentos diminuiu drasticamente durante o período de desenvolvimento da zona hoteleira”, afirmou, em 2009, uma recomendação enviada pela Profepa ao ministro do Meio Ambiente, Juan Elvira. “A erosão aumentou do mesmo modo que o crescimento antropogênico. O que é óbvio quando se observa que a maioria das construções foi feita sobre a duna costeira”, acrescentou. Após os furacões Wilma, em 2005, e Ida, em 2009, as praias passaram de nove milhões de metros cúbicos de areia para apenas 700 mil metros cúbicos, segundo a Secretaria do Turismo.

As areias brancas de Cancún não existiriam “não fossem os arrecifes de coral”, disse ao Terramérica, em 2008, o ecofisiologista marinho Roberto Iglesias-Prieto, do Instituto de Ciências do Mar e Limnologia da Universidade Nacional Autônoma do México. O Arrecife Mesoamericanao, em águas da península de Yucatán e compartilhado por México, Belize, Guatemala e Honduras, se estende por 1.100 quilômetros, é uma grande atração turística, uma proteção contra furacões e uma barreira à erosão costeira. Porém, está declinando devido à pesca excessiva, à contaminação e à mudança climática, que aquece e acidifica os oceanos.

Depois dos furacões, as autoridades turísticas retiraram nove milhões de metros cúbicos de areia de outras praias e as colocaram em Cancún e nas vizinhas Praia do Carmen e Cozumel, ao custo de US$ 80 milhões. Uma das mais duras críticas desse resgate de praia é a ativista Guadalupe. Em julho, denunciou o transporte de areia à Secretária da Função Pública, ainda sem resposta, e em setembro dirigiu carta ao presidente Felipe Calderón.

A Semarnat está para publicar no Diário Oficial da Federação uma nova norma de sustentabilidade hoteleira que obrigará o setor a cumprir padrões desde a concepção do projeto. Serão estabelecidas regras para uso de energias alternativas, tipo de material de construção, vegetação a ser plantada, manejo do esgoto e prioridade para contratar mão-de-obra local. Além disso, não serão autorizadas construções em locais ocupados por mangues. “É um grande avanço, porque cada projeto pode se tornar sustentável em cada uma de suas etapas”, disse Alejandra, cuja organização acompanhou o processo de criação do novo contexto legal.

* Este artigo da IPS é parte de uma série que conta com apoio da Climate and Development Knowledge Network (http://www.cdkn.org).

Crédito da imagem: Cortesia Centro Mexicano de Direito Ambiental (Cemda)

Legenda: Vista aérea do hotel Moon Palace, sede oficial da COP 16, onde está planejada a instalação de um aerogerador sem estudo de impacto ambiental.

LINKS

“As areias brancas de Cancun não existiriam sem os corais”

Rumo à hotelaria sustentável em Cancún

Museu subaquático para proteger arrecifes

Clima descontrolado para Cancún

Cúpula do clima em Cancún requer esperança modesta

O menu legal mexicano frente às mudanças climáticas, em espanhol

Centro Mexicano de Direito Ambiental, em espanhol e inglês

Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, em espanhol

Procuradoria Federal de Proteção ao Ambiente, em espanhol

Secretaria de Turismo, em espanhol

Céu, Terra e Mar, em espanhol

Secretaria da Função Pública, em espanhol

Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade, em espanhol

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

TERRAMÉRICA - O Mar da Patagônia

Crédito: Adm Parques Nac da Argentina

Crédito: Adm Parques Nac da Argentina

Buenos Aires, Argentina, 8 de novembro (IPS/IFEF).- O vazamento de petróleo da British Petroleum (BP) no Golfo do México parece ter escaldado a Argentina, que decidiu duplicar a extensão de áreas preservadas no Mar Patagônio, rico em petróleo e biodiversidade. “O que nos mostrou o vazamento no Golfo do México (ocorrido em abril) é que mesmo as empresas mais modernas podem demorar meses para interromper a perda, e isso para nós seria fatal”, disse ao Terramérica o biólogo Santiago Krapovickas, coordenador do Fórum para a Conservação do Mar Patagônio e Áreas de Influência.

O ecossistema marinho patagônio, no extremo Sudoeste do Oceano Atlântico, abriga uma grande variedade de espécies de mamíferos e aves, bem como de moluscos e peixes de importância comercial. São mais de três milhões de quilômetros quadrados, e apenas 0,5% do Mar estava protegido, sem recursos reais e com um manejo pouco efetivo, segundo a “Síntese do Estado de Conservação do Mar Patagônio e Áreas de Influência”, publicado em 2008 pelo Fórum, que reúne dez organizações nacionais e internacionais.

Até agora, só existia um parque nacional marinho costeiro, o de Monte León, na província austral de Santa Cruz. Entretanto, no dia 27 de outubro, na cúpula da biodiversidade realizada em Nagoya, no Japão, a Administração de Parques Nacionais (APN) anunciou quatro novas áreas marinhas protegidas. São eles o Parque Marinho Costeiro Patagônia Austral, na província de Chubut e já em fase de implementação, dos parques Isla Pingüino e Makenke, em Santa Cruz, e um oceânico, o Parque Nacional Marinho Banco Burdwood, ao Sul das Ilhas Malvinas.

A aplicação e implementação das novas áreas consumirá de dois a cinco anos. As novas áreas deixarão 1.360.800 hectares de águas marinhas argentinas sob proteção, o que ainda está longe dos 10%, meta fixada para 2020 pelo Convênio sobre a Diversidade Biológica ao qual Buenos Aires aderiu em 1994. “Estamos bastante atrasados”, disse ao Terramérica Flavia Broffoni, da Fundação Vida Silvestre Argentina. “Com estes parques cobriremos 1,5%, que é o dobro do que tínhamos protegido”, afirmou. Não se trata de limitar ou restringir o uso dessas áreas, explicou, mas de dotá-las de ferramentas para um manejo que permita conservar sua diversidade biológica no longo prazo.

Para Santiago, é vital evitar a contaminação com hidrocarbonos, a pesca excessiva, a captura incidental de exemplares pequenos, e a pesca de arrasto. “O mar tem muito volume e, ao contrário do que ocorre nas áreas terrestres, os hectares de uma área protegida no mar são apenas um detalhe”, disse. Há milhões de metros cúbicos com muita vida, desde plantas microscópicas até grandes mamíferos, incluindo espécies de interesse pesqueiro como lula, lagosta, caranguejo, vieira e mexilhão, disse.

É “extremamente importante” preservar áreas onde as populações de valor econômico se recuperam, seguindo exemplos de sucesso como a reserva marinha De Hoop, na África do Sul, e a chilena reserva Punta del Lacho, no Pacífico. O parque Patagônia Austral é uma das áreas de maior biodiversidade do mar argentino. “É zona de criação de lagosta, merluza comum e, entre a fauna mais espetacular, tem os pinguins de Magalhães (Spheniscus magellanicus)”, destacou Santiago. Na extensão a ser conservada, de 132 mil hectares, que inclui 140 ilhotas, há golfinhos e colônias de cormorão imperial (Phalacrocorax atriceps), garajau real (Sterna maxima) e de bico amarelo (S. eurygnatha) e petrel gigante do sul (Macronectes giganteus).

O turismo “é muito pouco explorado, mas tem um enorme potencial” por sua paisagem de costa rochosa, mar intensamente azul e ilhas de fauna surpreendente, afirmou Santiago. Em Isla Pingüino, de 170 mil hectares de mar e ilhas, habita o pinguim de penacho amarelo (Eudyptes chrysocome), lobos marinhos, e diferentes espécies de golfinhos, como o golfinho de commerson (Cephalorhynchus commersonii). Também é uma região fundamental para a preservação de espécies comerciais. “Ali o mar é tormentoso e muito frio, mas altamente produtivo”, garantiu o biólogo.

Além do Parque Makenke, de 90 mil hectares e com numerosas espécies de pinguins e outras aves marinhas, o Banco Burdwood é uma área quase desconhecida, até agora parcialmente preservada por precaução. “Fica a leste da Ilha dos Estados, ao Sul do arquipélago das Malvinas, e a estimativa é de que abriga uma enorme variedade de invertebrados, esponjas, corais de águas frias, moluscos únicos e espécies novas”, contou Santiago. Entretanto, “não temos experiência neste tipo de controle tão afastado da costa, e será um verdadeiro desafio”, acrescentou.

Nessa área de bacias de gás e petróleo, parte das águas do Banco são disputadas por Argentina e Grã-Bretanha, no contexto do conflito pela soberania das Malvinas. “Se uma empresa como a BP demorou meses para controlar o vazamento no Golfo do México, se ocorresse isso em nosso mar não nos restaria outra alternativa a não ser nos resignarmos a perder irreversivelmente áreas sensíveis para a biodiversidade”, concluiu o biólogo.

* Este artigo é parte de uma série de reportagens sobre biodiversidade produzida por IPS, CGIAR/Bioversity International, IFEJ e Pnuma/CDB, membros da Aliança de Comunicadores para o Desenvolvimento Sustentável (http://www.complusalliance.org).

Crédito da imagem: Cortesia da Administração de Parques Nacionais da Argentina

Legenda: Pinguim de penacho amarelo no Parque de Isla Pingüino, Argentina.

LINKS

Outro modo de viver das baleias

Argentina quer ampliar sua fronteira maritime

Argentina cria seu primeiro parque maritime

Quando um oceano não basta

Alerta em águas patagônias

Fórum para a Conservação do Mar Patagônio e Áreas de Influência, em espanhol

Administração de Parques Nacionais, em espanhol

Convênio sobre a Diversidade Biológica, , em espanhol, inglês e francês

Fundação Vida Silvestre Argentina, em espanhol

Conselho Federal Pesqueiro da Argentina, em espanhol

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

TERRAMÉRICA - Atum em risco de extinção

Crédito: Fabricio Vanden Broeck

Crédito: Fabricio Vanden Broeck

Madri, Espanha, 8 de novembro (Terramérica).- O risco de extinção do atum vermelho do Atlântico (Thunnus thynnus) será novamente tema dominante da conferência anual da Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT). A reunião, que acontecerá em Paris entre 17 e 27 de novembro, será para alguns uma nova “mise-en-scène” para os meios de comunicação, para fazer parecer bom para o ambiente o manejo das áreas de pesca, o que foi definido como uma “vergonha internacional”. Para outros, a reunião fracassará novamente.

De fato, a incapacidade está profundamente enraizada na essência genética deste organismo intergovernamental para o manejo das áreas pesqueiras, mas na realidade controlado pela indústria pesqueira. Em 2006, a ICCAT adotou um plano de 15 anos para a recuperação do atum, que foi modificado em 2008 e 2009. Os fracassos para aplicar as medidas acordadas de manejo dos pesqueiros e as regras básicas pesam na pesca do atum vermelho há quatro anos.

A estendida e ilegal pesca abusiva e sua fraudulenta “lavagem” no mercado negro, com a conivência de governos representados na ICCAT, que por sua vez ofereceram dados insuficientes e inexatos sobre capturas, são práticas comuns desde 2006. Um informe divulgado em outubro, com os resultados do primeiro programa oficial regional de observação da ICCAT, mostra que o rastreamento dos atuns, dos barcos de pesca até as fábricas, é, no mínimo, imperfeita, apesar das normas e dos recursos destinados ao controle dessas atividades, o que confirma a completa ineficácia da Comissão para cumprir suas próprias regras.

Os registros de mercado que estabelecem quanto atum foi pescado e processado no Mediterrâneo e leiloado fresco no Japão, entre 2003 e 2008, mostra uma queda de 37% no tamanho médio dos peixes. A tendência é consequência do forte aumento da mortalidade pela pesca de peixes maiores, informado pelo Comitê Científico da ICCAT no período 2000-2005, o que provocou uma grave redução de fêmeas maiores de oito anos.

Essa foi uma das verdadeiras razões da tentativa de fazer uma lista com as existências de atum “tipo bonsai” no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres, em sua reunião de março deste ano no Catar. A audaciosa, mas fracassada, listagem, promovida por organizações ambientalistas, teve a encarniçada oposição dos barões da indústria pesqueira apoiados pela poderosa diplomacia do Japão, enquanto um confuso e ineficaz Estados Unidos se mantiveram à parte.

Em outubro, o comitê científico apresentou uma nova avaliação, que será examinada em Paris, para determinar os limites de captura do atum vermelho a partir do próximo ano. O informe indica que os dados disponíveis são insuficientes para determinar a verdadeira situação das reservas do Atlântico oriental e do Mediterrâneo. No ano passado, a ICCAT adotou o limite de Capturas Totais Admissíveis (TAC), que chega a 13.500 toneladas para 2010, o que contradisse novamente o aconselhado pelos cientistas.

Além disso, a ICAAT decidiu posteriormente apresentar um plano de três anos (2011-2013) na reunião deste mês com base nos conselhos do comitê científico. Entretanto, e segundo o último e débil assessoramento do comitê, querem nos fazer crer que a manutenção das atuais TAC seria coerente com a meta de recuperação de 60% das reservas até 2022. Contrastando com essa infundada previsão, a comissária europeia de Pesca e Assuntos Marinhos, Maria Damanaki, deixou claro que a posição da União Europeia (UE) será coerente com os objetivos, compromissos e contextos legais do bloco.

Os 27 países da UE estão obrigados a adotar medidas de manejo dos pesqueiros que permitam recuperar as existências de peixes em suas águas até 2020, o que equivale a uma cota anual de atum vermelho da ICCAT na escala de zero a seis mil toneladas. Contudo, os senhores da indústria pesqueira alertam que “reduzir a cota de 13.500 toneladas para seis mil toneladas significaria que a tentação de pescar ilegalmente aumentaria, já que na maioria dos casos as capturas admitidas não permitiriam aos pescadores nem mesmo recuperar os custos”.

Até haver progresso substancial em todas as frentes, o manejo da pesca deveria estar sujeito a: - Uma TAC zero para 2011-2013 - Fechamento para pesca direta dos locais de criação na temporada de desova. - Imediata suspensão de toda pesca industrial pelos barcos de atum que fornecem o produto para as fábricas do Mediterrâneo, onde a produção está bem acima de 75% do total de capturas. - A redução de 5.192,6 toneladas das futuras cotas destinadas à França para penalizá-la por sua pesca excessiva em 2007, segundo as regras sobre devolução de cotas. - A criação de santuários em correlação com os lugares de desova para que as existências de biomassa de desova possam recuperar níveis de sustentabilidade.

Até então, o império da lei deve impedir que os ladrões de atum continuem saqueando as riquezas de nossos mares. Nada menos do que isso será suficiente para os decepcionados contribuintes que subsidiam generosamente esta vergonha ambiental, política, legal e econômica.

* O autor é analista de mercado e consultor independente sobre a indústria do atum vermelho. Direitos exclusivos IPS.

Crédito da imagem: Fabricio Vanden Broeck

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

Egito transforma deserto em florestas utilizando água reaproveitada

Aleida Rueda.

Cairo, 9 nov (EFE).- O Governo egípcio desafia a natureza ao regar áreas desérticas com água reaproveitada para convertê-las em florestas, cuja superfície já equivale ao território do Panamá.

A diferença verificada após a intervenção humana é dramática: onde antes havia uma paisagem desértica e inóspita, agora há áreas verdes cobertas de árvores de alto valor econômico como álamos, papiros e eucaliptos.

Tudo isso foi possível graças à água que utilizam, poluem e desperdiçam todos os dias os 80 milhões de egípcios. Ironicamente, esta é a melhor opção para as chamadas "florestas feitas à mão".

"A água residual pode transformar o que não é fértil, como o deserto, em algo fértil, já que contém nitrogênio, micronutrientes e substâncias orgânicas ricas para a terra", disse à Agência Efe o professor do Instituto de Pesquisa de Solo, Água e Meio Ambiente Nabil Kandil, especializado na análise de terrenos desérticos adequados para o florestamento.

A opinião é compartilhada pelo professor do Departamento de Pesquisa de Contaminação da Água, Hamdy el Awady, que até ressalta a superioridade das plantas regadas com água reaproveitada.

"Esse tipo de água tem muito mais nutrientes do que a água tratada e, por isso, é uma fonte extra de nutrição que pode fazer com que as plantas resistentes aos climas hostis cresçam mais rápido e, inclusive, tenham folhas mais verdes", explica El Awady

Os dois professores sabem bem a importância de equilibrar a oferta e a demanda em um país que produz 7 milhões de metros cúbicos de água residual ao ano e que, ao mesmo tempo, tem 95% de seu território coberto por desertos estéreis ou com pouca vegetação.

Ao todo, há 34 florestas ao longo do país, localizadas em cidades como Ismailia e Sinai, no norte, e em regiões turísticas do sul, como Luxor e Assuã, num total de 71.400 quilômetros quadrados que equivalem à superfície total do Panamá.

De acordo com o Governo egípcio, há outras dez florestas em processo de "construção", em uma área de 18.600 quilômetros quadrados.

Os mais de 71 mil quilômetros quadrados de floresta plantados até agora são resultado das análises de solo, clima e água que possibilitaram a escolha das espécies de árvores capazes de sobreviver em condições extremas.

"A boa notícia é que as plantas são seletivas. São elas que selecionam a quantidade de água e os nutrientes necessários para sobreviver", explica El Awady.

A maioria das espécies cultivadas até agora são árvores como álamos, papiros, casuarinas e eucaliptos, semeadas para responder à demanda de madeira do país, além plantas para produzir biocombustíveis como a jatrofa e a jojoba, e para fabricar óleo, como a colza, a soja e o girassol.

Para Kandil, estes resultados são a prova de que "o problema não é a terra, pois no Egito há de sobra, mas de onde extrair a água".

E obtê-la das estações de tratamento primário - onde são eliminados os poluentes sólidos - foi a saída mais barata, especialmente porque os sistemas de irrigação que transportam e bombeiam o líquido são os mesmos utilizados há anos pelos camponeses egípcios.

Apesar desta água exigir precaução devido à presença de poluentes e os impactos da mudança no ecossistema para a biodiversidade sejam desconhecidos, o projeto, implementado pelo Ministério de Agricultura em parceria com o de Meio Ambiente, parece ter obtido sucesso.

De acordo com Kandil, as "florestas feitas à mão" não só combatem as secas, a desertificação e a erosão, mas "aproveitam a água residual, maximizam o benefício para os agricultores e satisfazem as necessidades de madeira do Egito, gerando benefícios econômicos para o país", acrescenta. EFE

Países concluem acordo histórico para salvar natureza

 

Países concluem acordo histórico para salvar natureza

REUTERS

Por Chisa Fujioka e David Fogarty

NAGOIA, Japão (Reuters) - Representantes de quase 200 países concluíram na sexta-feira um abrangente plano para conter a extinção de espécies naturais, estabelecendo novas metas de preservação até 2020.

Ministros de Meio Ambiente do mundo todo também definiram regras para a partilha entre governos e empresas dos benefícios advindos dos recursos genéticos, o que pode representar ganhos de bilhões de dólares para nações em desenvolvimento.

O acordo levou anos para ser negociado, às vezes em clima acalorado, e as discussões na cidade japonesa de Nagoia pareciam se encaminhar para um impasse até a noite de sexta-feira (hora local).

"Esta reunião ofereceu uma profunda mudança na compreensão global sobre a importância multitrilionária da biodiversidade de florestas, pântanos e outros ecossistemas", disse o chefe do Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU), Achim Steiner, em nota.

Os delegados disseram que esse resultado passará um sinal positivo para as negociações climáticas da ONU, que também são marcadas por divisões entre nações ricas e pobres a respeito de como partilharem o ônus decorrente da necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

As discussões climáticas serão retomadas dentro de um mês no México.

Durante duas semanas, os delegados reunidos em Nagoia mapearam metas para a proteção de oceanos, florestas e rios, num momento em que o mundo enfrenta a pior taxa de extinções desde que os dinossauros sumiram, mais de 65 milhões de anos atrás. Mais de cem ministros participaram da fase final da conferência.

Os delegados definiram um plano estratégico de 20 itens para a proteção de estoques pesqueiros, preservação dos habitats e conservação de áreas marítimas e terrestres mais amplas.

Também definiram que a "missão" mais ampla para 2020 será tomar medidas urgentes para conter a perda de biodiversidade e para assegurar que os ecossistemas forneçam serviços essenciais para o bem-estar humano.

As nações concordaram em proteger 17 por cento das terras e águas interiores, e 10 por cento das áreas marítimas e costeiras até 2020. Atualmente, a proteção cobre 13 por cento das terras e 1 por cento dos oceanos.

A terceira parte do acordo, o Protocolo de Nagoia, relativo aos recursos genéticos, levou quase 20 anos para ser definida, e estabelece regras sobre como os países administram e compartilham os benefícios derivados das florestas e mares, quando resultam na criação de novos medicamentos, produtos agrícolas ou cosméticos.

"Este não é um protocolo chato. Ele irá regulamentar bilhões de dólares para o setor farmacêutico", disse Tove Ryding, consultor político de biodiversidade e mudança climática do Greenpeace.

LHC começa a criar miniaturas dos primeiros instantes do Universo

LHC começa a criar miniaturas dos primeiros instantes do Universo

Divulgação/Cern

"Eventos registrados nas primeiras colisões de íons do LHC"

O Grande Colisor de Hádrons (LHC) iniciou no domingo as colisões de alta energia entre íons de chumbo - núcleos atômicos contendo 82 prótons - projetadas para gerar temperaturas milhares de vezes superiores às existentes no núcleo do Sol. O objetivo é partir os prótons e liberar as partículas que os constituem, produzindo o chamado plasma de quark e glúons. Esse, acreditam cientistas, era o estado em que a matéria se encontrava imediatamente após o Big Bang.

Com o passar do tempo e o resfriamento e a expansão do Universo, o plasma teria se condensado para dar origem aos átomos que compõem a matéria visível que compõe estrelas, galáxias e planetas.

A produção do plasma já havia sido anunciada, em fevereiro deste ano, por cientistas trabalhando com íons de ouro em outro acelerador, o Colisor Relativístico de Íons Pesados, ou Rhic, localizado no Laboratório Nacional de Brookhaven, nos EUA. O LHC fica na fronteira franco-suíça, e é controlado pela Organização europeia de Pesquisa Nuclear, o Cern.

Curiosamente, os resultados do Rhic mostram que as partículas no plasma se comportam como se ainda estivessem fracamente ligadas entre si, como num líquido - e não de forma independente, como num gás. O comportamento' gasoso' do plasma era uma previsão feita pela teoria.

Espera-se, agora, que o gás de quarks e glúons venha a ser observado nas temperaturas atingidas pelo LHC, que são de duas a três vezes maiores que os 4 bilhões de graus Celsius obtidos pelo Rhic.

Os cientistas do LHC também esperam conseguir acompanhar a evolução do plasma de quarks e glúons à medida que a nuvem de partículas gerada pela colisão dos núcleos se expande e se resfria, dando origem a formas mais comuns de matéria.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estudo mostra que “cansaço mental” é apenas uma impressão

Estudo mostra que “cansaço mental” é apenas uma impressão

Sabe aqueles minutinhos de pausa no meio do expediente ou no intervalo dos estudos para "espairecer"? Pois saiba que eles podem estar com os dias contados. Segundo um estudo publicado na última semana por pesquisadores da Universidade de Stanford, essa sensação de exaustão mental não passa de uma impressão.

A pesquisa foi feita pelo departamento de psicologia da universidade e publicada na revista Psychological Science. Nela, os estudiosos vão de encontro à teoria que diz que, após um determinado tempo, a mente humana não consegue mais se manter focada em uma atividade.

Quando isso acontece é necessário afastar o cérebro daquele pensamento por alguns instantes, seja com um lanche, conversa ou outras distrações físicas, para poder retornar à antiga concentração.

Mas segundo o novo estudo, não é bem assim que as coisas funcionam. De acordo com os pesquisadores, a mentalidade individual e as crenças pessoais são os fatores que determinam por quanto tempo e com que intensidade é possível manter um exercício mental.

"Se você acredita que a força de vontade é algo biologicamente limitado, você terá mais chances de ficar cansado quando executar uma tarefa difícil", disse Veronika Job, co-autora do estudo. "Mas se você pensá-la como algo que não se esgota facilmente, você pode ir em frente", lembrou.

Além de Veronika, que é pós-doutora pela Universidade de Zurique, o estudo foi realizado pelos professores de psicologia de Stanford, Carol Dweck e Greg Walton. Eles aplicaram quatro experimentos em alunos da universidade para analisar como suas crenças quanto à força de vontade influenciavam nas suas resistências mentais.

O resultado mostrou que, após realizarem uma tarefa cansativa, aqueles que achavam que a força de vontade era um recurso limitado pelo organismo tiveram um desempenho menor do que os que pensavam ter controle sobre o fator.

Eles também descobriram que o mesmo grupo dos que não acreditavam no poder individual da mente ingeriram 24% a mais de junk food na semana de provas finais e procrastinaram 35% a mais que o outro grupo.

"A teoria de que a força de vontade é um recurso limitado é interessante, mas ela trouxe consequências não intencionais", contou Carol. "Os alunos que já tem problemas para estudar escutam que o seu poder de concentração é limitado e por isso precisam fazer pausas frequentes. Mas a crença na força de vontade como um recurso não-limitado torna as pessoas mais fortes na sua capacidade de trabalho através de desafios", disse.

Os pesquisadores reforçaram ainda que os resultados da pesquisa podem ajudar pessoas a resistirem à tentações e distrações, como diabéticos que precisam seguir a dietas rigorosas, dependentes químicos e até trabalhadores que precisam cumprir prazos apertados.

"Este é um exemplo de um contexto onde as teorias das pessoas estão dirigindo os resultados", disse Walton. "A força de vontade não é movida por um processo com base biológica, tal como estamos acostumados a pensar. A crença nisso é o que influencia o seu comportamento", conclui.

Foto: Guillermo Fdez

Produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050, estima FAO

Produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050, estima FAO

Uma em cada seis pessoas no mundo passa fome e a cada cinco minutos uma criança morre por desnutrição. "É uma fome que dói e mata", definiu na quinta-feira, 14 de outubro, o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Hélder Muteia. Segundo ele, a população mundial deverá crescer dos atuais 6 bilhões para 9 bilhões de habitantes até 2050. Para que todos tenham acesso à comida, a oferta de alimentos precisa aumentar 70% nos próximos 40 anos em relação ao nível atual.

Alcançar esse objetivo é um "grande desafio, mas não é impossível", afirmou Muteia. Ele acredita que o aumento de produção com menos investimentos será cada vez mais exigido. O representante da FAO alertou, no entanto, para a necessidade de um crescimento sustentado da produção de alimento, sob pena de o homem comprometer ainda mais o ecossistema.

"Com a pressa de produzir estamos degradando o meio ambiente e há uma utilização exagerada de agroquímicos, o que pode afetar a sustentabilidade ambiental. É importante ganhar dinheiro, mas é preciso pensar também nos valores, tanto em sustentabilidade social quanto ecológica", ressaltou Muteia, ao defender a regulamentação do uso de produtos químicos na agropecuária.

Para ele, o Brasil pode ser um grande colaborador em relação a tarefa de erradicar a fome no mundo, "não só por ter recursos naturais como solo e água, mas também pela sua capacidade técnica, exportando conhecimentos e experiências". Na avaliação do representante da FAO, a política do Programa Fome Zero, do presidente Lula, e a estabilidade econômica atingida desde a gestão anterior (de Fernando Henrique Cardoso) são políticas de êxito reconhecidas internacionalmente.

Os grandes focos atuais de segurança alimentar, na opinião de Muteia, estão mais voltados para a região da África Subsariana e para alguns países da Ásia. O número estimado de famintos no mundo em 2009 era de 1,023 bilhão. Hoje, são 925 milhões de pessoas em situação de fome crônica. O representante da FAO advertiu, porém, que essa estimativa não leva em conta os impactos provocados pelas enchentes no Paquistão nem a estiagem prolongada que afetou a produção agrícola da Rússia.

Foto: UN

TERRAMÉRICA - Entre o transgênico e o orgânico

 

Crédito: Fabrício Vanden Broeck

Crédito: Fabrício Vanden Broeck

Havana, Cuba, 1º de novembro (Terramérica).- Quando, em 1990, começou o colapso que levaria ao desaparecimento da União Soviética, os campos da ilha de Cuba sentiram um efeito imediato: da terra dos sovietes deixaram de chegar os navios carregados de fertilizantes e pesticidas que sustentavam a produção agrícola deste país caribenho. Como resposta a uma crise de produção que se fez patente, em 1992 foi criado o movimento de agricultura orgânica.

O que naquele momento parecia um salto ao passado (como a volta ao esterco) podia ser, na realidade, um olhar para o futuro. O modelo agrícola cubano seguia os esquemas socialistas da agricultura estatizada. Como resultado da reforma agrária iniciada em 1959, tão logo chegou ao poder a revolução liderada por Fidel Castro, a maior porcentagem das terras (cerca de três quartos) pertenciam ao Estado e eram cultivadas por empresas estatais (ou não eram cultivadas).

O resto pertencia a diversos modelos cooperativos e a camponeses privados. E, tanto umas quanto outras, aplicavam produtos químicos às suas colheitas e apenas excepcionalmente eram praticadas experiências hoje chamadas “ecológicas”. A crise financeira desatada na década de 1990 impediu a compra de fertilizantes e forçou uma mudança nos métodos agrícolas. Foi fomentada a criação de cooperativas e houve uma tentativa de descentralizar as estruturas e a posse da terra, diversificar os cultivos e inclusive levá-los às cidades.

As respostas quantitativas não foram satisfatórias, e em 2009 a ilha precisava importar 80% dos alimentos que consumia. É paradoxal um país tropical, com longa experiência agrícola e pecuária, precisar investir tantos recursos para importar alimentos que poderiam ser obtidos em seu território nacional em quantidades que inclusive permitiriam a exportação. Problemas organizacionais, econômicos e até conceituais do modelo socialista estavam – e estão – afetando um setor no qual foram introduzidas mudanças aceleradas, como as novas formas de posse da terra e a comercialização.

Entretanto, a concepção de uma agricultura sustentável baseada na agroecologia se vê diante de nova ameaça, tanto ou mais perigosa do que a de uma produção estatizada e apoiada em insumos químicos: os cultivos transgênicos. Apesar de na mídia cubana se falar muito pouco sobre a existência de experiências com transgênicos, e a sociedade, como conjunto, viver de costas para esta realidade, um grupo de cientistas lançou um grito de alarme.

A partir de um conhecimento profundo, estes pesquisadores começam a reagir diante de uma experiência que poderia provocar danos maiores do que os de outras políticas agrárias de ingrata lembrança, como a ideia de secar o Pântano de Zapata, hoje tido como o maior do Caribe insular, ou a criação do “Cordão de Havana” – que derrubou árvores frutíferas centenárias para semear um cinturão cafeeiro do qual nunca se colheu um grão –, até a quase total dependência de fertilizantes e pesticidas soviéticos.

Outros testes perigosos, aplicados como solução para aumentar a produção agropecuária, também não tiveram os resultados esperados. A queima dos campos de cana-de-açúcar, adotada nos anos 1970 para facilitar o corte, afetou rendimentos e acabou arruinando grandes extensões de terras, nas quais por quase dois séculos foi cultivada a cana com excelentes dividendos.

Tampouco os diversos cruzamentos de raças de gado bovino levaram a um aumento na quantidade de carne e leite, e a massa pecuária cubana não recuperou os níveis que tinha há meio século. A formação científica foi uma das premissas do Estado em seus planos futuros. E, hoje, alguns desses especialistas se questionam quanto a um procedimento que consideram inadequado.

A introdução de transgênicos, especificamente do milho, não constitui apenas uma resposta à necessidade de diminuir importações e aumentar a produção. Também representa uma mostra da prevalência de duas concepções diferentes, que teoricamente podem coincidir, mas, segundo os estudiosos, são inconciliáveis. A contradição entre transgênicos e agroecologia tem sua essência no fato de a extensão de cultivos manipulados geneticamente poder afetar a biodiversidade, a independência dos produtores e, inclusive, colocar em risco a saúde humana, como demonstram diversos estudos clínicos com animais.

A agroecologia, por sua vez, é um conceito amplo do desenvolvimento que pretende adaptar a produtividade de alimentos aos ciclos naturais, contribui para garantir a sustentabilidade e é produtiva quando aplicada com métodos e políticas adequadas. Vozes autorizadas consideram que em Cuba não é necessário recorrer aos transgênicos, sobretudo quanto já foi demonstrada a efetividade do modelo agroecológico para fornecer alimentos suficientes.

Assim, impõem-se investimentos em recursos suficientes para desenvolver todo seu potencial e a queda dos entraves da burocracia estatal e do controle excessivo sobre os meios de produção. A persistência desses obstáculos ficou evidente com o anúncio da liberalização da venda de equipamentos de trabalho (roupa, luvas, botas), e utensílios para lavrar a terr, a camponeses e agricultores, sem ter de esperar a entrega pelo Estado. Ainda assim, a disponibilidade não atende todas as necessidades de camponeses e cooperativas.

Com esta insuficiência dos meios mais rudimentares, é difícil esperar que em algum momento possam ser atendidas as grandes expectativas de produção. Por outro lado, em certos laboratórios são destinados recursos suficientes para testar a introdução de transgênicos, pois são vistos como uma possibilidade de realizar esse salto para a produtividade que tem se mostrado tão esquivo. Não se trata de reeditar a velha contradição entre civilização e barbárie, mas de ouvir os que reclamam uma moratória no plantio de transgênicos e o início de um debate, com participação de cientistas e outros atores da sociedade, sobre sua viabilidade, apesar dos riscos que contém.

* Leonardo Padura é escritor cubano, ganhador de numerosos prêmios em Cuba e no exterior, e suas novelas foram traduzidas para uma dezena de idiomas. Direitos exclusivos IPS.

Crédito da imagem: Fabrício Vanden Broeck

LINKS

Abre-se o debate cubano sobre transgênicos

Milho transgênico chega ao solo cubano

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.