Uma em cada seis pessoas no mundo passa fome e a cada cinco minutos uma criança morre por desnutrição. "É uma fome que dói e mata", definiu na quinta-feira, 14 de outubro, o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Hélder Muteia. Segundo ele, a população mundial deverá crescer dos atuais 6 bilhões para 9 bilhões de habitantes até 2050. Para que todos tenham acesso à comida, a oferta de alimentos precisa aumentar 70% nos próximos 40 anos em relação ao nível atual.
Alcançar esse objetivo é um "grande desafio, mas não é impossível", afirmou Muteia. Ele acredita que o aumento de produção com menos investimentos será cada vez mais exigido. O representante da FAO alertou, no entanto, para a necessidade de um crescimento sustentado da produção de alimento, sob pena de o homem comprometer ainda mais o ecossistema.
"Com a pressa de produzir estamos degradando o meio ambiente e há uma utilização exagerada de agroquímicos, o que pode afetar a sustentabilidade ambiental. É importante ganhar dinheiro, mas é preciso pensar também nos valores, tanto em sustentabilidade social quanto ecológica", ressaltou Muteia, ao defender a regulamentação do uso de produtos químicos na agropecuária.
Para ele, o Brasil pode ser um grande colaborador em relação a tarefa de erradicar a fome no mundo, "não só por ter recursos naturais como solo e água, mas também pela sua capacidade técnica, exportando conhecimentos e experiências". Na avaliação do representante da FAO, a política do Programa Fome Zero, do presidente Lula, e a estabilidade econômica atingida desde a gestão anterior (de Fernando Henrique Cardoso) são políticas de êxito reconhecidas internacionalmente.
Os grandes focos atuais de segurança alimentar, na opinião de Muteia, estão mais voltados para a região da África Subsariana e para alguns países da Ásia. O número estimado de famintos no mundo em 2009 era de 1,023 bilhão. Hoje, são 925 milhões de pessoas em situação de fome crônica. O representante da FAO advertiu, porém, que essa estimativa não leva em conta os impactos provocados pelas enchentes no Paquistão nem a estiagem prolongada que afetou a produção agrícola da Rússia.
Foto: UN
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