quinta-feira, 16 de junho de 2011

Uma espada paira sobre nossas florestas

Um estudo do IPEA divulgado na manhã de hoje desmascara o que os ruralistas tentam esconder a todo custo

(c) Greenpeace / Rodrigo Baleia
O texto do Código Florestal aprovado na Câmara irá mesmo causar mais desmatamentos e anistiar quem descumpriu a lei, comprometendo nossos recursos naturais e favorecendo principalmente os grandes proprietários de terra.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O estudo teve como objetivo avaliar os possíveis impactos do PL 1.876/99-C sobre as áreas de Reserva Legal (RL) no Brasil.

“Há tempos denunciamos que os ruralistas fizeram um texto para anistiar o crime ambiental e estimular o desmatamento. O estudo divulgado pelo IPEA confirma e põe números ao que vínhamos dizendo”, afirma Marcio Astrini, coordenador da campanha da Amazônia.

Veja abaixo alguns números apresentados pelo Estudo e suas consequências caso o texto aprovado entre em vigor:

Aumento do Desmatamento em 47 milhões de hectares.

O estudo considerou a hipótese de que a mudança da lei poderá influenciar desmatamentos futuros nas áreas isentas de reserva legal, levando a uma perda total da vegetação dessas áreas que deixarão de ser averbadas e ter assim proteção legal. A perda total de área de reserva legal, relativa aos imóveis de até quatro módulos fiscais, poderá chegar a 47 milhões de hectares. A maior parte dessa área ocorrerá na Amazônia com 24,6 milhões de há (53%).

Anistia = 29,6 milhões de hectares

135,7 milhões de hectares, correspondente à área dos imóveis de até quatro módulos fiscais, deixarão de compor a base de cálculo para recuperação de RL. O passivo total estimado isento de ser recuperado é de 29,6 milhões de hectares, sendo que a maior parte deste passivo ocorreu na Amazônia e é de 18 milhões de ha (61%).

Premiando quem desmatou

¨... anistiar os passivos e obrigar, sem nenhum benefício compensatório, a manutenção das RLs daqueles que cumpriram a lei vigente, sinalizaria que há a possibilidade de se beneficiar, no futuro, do descumprimento da legislação fundiária ou ambiental.

(...)

"A alteração do PL 1.876/99 apresenta outra implicação relevante: a anistia de recomposição das áreas de reserva legal pune o proprietário rural que está cumprindo a legislação atual, uma vez que haverá uma tendência de desvalorização do seu imóvel"

PL dos Ruralistas – De braços dados com o aquecimento global.

A pesquisa estimou que a quantidade de carbono que pode deixar de ser retida, caso os passivos de reserva legal hoje existentes nos imóveis de até quatro módulos fiscais sejam anistiados, é de 3.1 bi de tC. O bioma Amazônico seria onde a maior parte do carbono deixaria de ser incorporado à vegetação.

O documento ainda aponta que: ¨Os resultados obtidos neste estudo indicam que a alteração proposta no PL 1876/99 para as áreas de RL impactarão significativamente sobre a área com vegetação natural existente nos biomas brasileiros e sobre os compromissos assumidos pelo Brasil para redução de emissões de carbono.¨

O texto dos ruralistas não interessa á agricultura familiar

O estudo ainda questiona a serventia do texto aprovado á agricultura familiar. Segundo o texto, a lógica de permitir mais desmatamentos para a implementação da agropecuária convencional e de baixo valor por área não seria a melhor solução econômica para pequenos imóveis. Ao contrário, aponta que o uso econômico da floresta seria muito mais rentável á este tipo de agricultor:

"Ao prever a possibilidade de uso econômico das reservas legais, o Código Florestal

reconhece a potencialidade dessas áreas para o desenvolvimento econômico sustentável. Em primeiro lugar, são atividades ambientalmente adequadas, uma vez que necessitam que a vegetação seja preservada, o que permite seu uso permanente. Em segundo, sistemas sustentáveis de exploração da floresta são intensivos em mão-de-obra, consistindo, portanto, num potencial gerador de empregos e de desenvolvimento da agricultura familiar. Em terceiro, fornecem mais segurança econômica ao produtor, em virtude da diversificação e da menor incidência de pragas, comuns na monocultura. Em quarto, podem ser altamente rentáveis, podendo apresentar rendimentos por área mais elevados do que a agropecuária convencional para o pequeno produtor.

Os estabelecimentos agropecuários, sobretudo a pequena propriedade familiar, deveriam ser estimulados a conservar e recuperar suas reservas legais de forma a auferir rendimentos mediante o uso sustentável da floresta. Esse incentivo poderia vir por meio de políticas de estímulo ao uso sustentável da reserva legal."

UNB

Nesta segunda feira, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB apresentaram projeções sobre o aumento do desmatamento para o ano 2020 também levando em consideração o texto dos ruralistas aprovado na Câmara. Resultado: do jeito que está, o texto poderá provocar um desmatamento 47% maior que o previsto para 2020. Já se a legislação atual fosse mantida e o Estado aumentasse a fiscalização, o desmatamento seria 25% menor que o projetado para os próximos 10 anos.

Desde o início dos debates sobre o Código Florestal, a bancada da motosserra sempre lutou para manter cientistas e estudiosos fora deste debate. Agora sabemos o porquê: eles colocam no papel a verdade sobre as reais intenções dos ruralistas , completa Marcio Astrini.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Radiação excessiva é encontrada na água de Tóquio

Radiação excessiva é encontrada na água de Tóquio

BBC Brasil

"Imagem do reator 4 da usina de Fukushima, em foto divulgado pela operadora Tepco"

Segundo a ONU, ainda há vazamento de radiação em Fukushima

Autoridades em Tóquio afirmaram nesta quarta-feira que os níveis de radiação da água das torneiras da cidade a deixam imprópria para o consumo por bebês.

O nível de iodo radioativo em algumas áreas é de mais do que o dobro do nível considerado seguro.

O governo japonês impôs novas restrições ao consumo de alimentos de áreas afetadas pelos vazamentos da usina nuclear de Fukushima.

Os Estados Unidos também anunciaram restrições à importação de certos alimentos japoneses.

Os níveis de iodo-131 radioativo em algumas áreas de Tóquio é de 210 becquerels (unidade de medida de radiação) por litro. O nível considerado seguro para o consumo por bebês é de 100 becquerels por litro.

As autoridades advertiram a população a não dar água da torneira para crianças, mas não houve uma advertência imediata em relação ao consumo por adultos.

O Japão luta para conter o vazamento de radiação nos reatores da usina de Fukushima, atingida pelo terremoto e pelo tsunami do dia 11 de março.

Mortos e danos

O governo japonês confirmou nesta quarta-feira 9.079 mortes em consequência do tremor e do tsunami. Outras 12.645 pessoas ainda estão desaparecidas.

O custo dos danos provocados pelo desastre foram estimados entre 16 trilhões e 25 trilhões de ienes (entre R$ 328 bilhões e R$ 513 bilhões).

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, ordenou aos governadores das províncias de Fukushima e da vizinha Ibaraki que interrompessem os carregamentos de vários produtos agrícolas para exportação.

A lista inclui verduras, brócoli, salsinha e leite não-pasteurizado, após testes terem indicado níveis de radiação maiores do que o normal.

O chefe de Gabinete do governo japonês, Yukio Edano, afirmou em uma entrevista coletiva que os importadores de alimentos japoneses devem adotar uma 'atitude lógica'.

Os fabricantes e comerciantes de alimentos e peixes japoneses expressam uma crescente preocupação sobre os efeitos que a crise poderá ter sobre suas fontes de renda.

Vazamento

Funcionários do reator 2 da usina de Fukushima interromperam novamente os trabalhos de resfriamento nesta quarta-feira, após uma elevação nos níveis de radiação.

A agência de energia atômica da ONU afirmou que ainda há radiação vazando da usina.

A empresa operadora da usina Fukushima Daiichi, a Tepco (Tokyo Eletric Power), afirmou que a restauração da energia elétrica em todos os reatores poderá ainda levar semanas ou até meses.

Na terça-feira, um alto funcionário da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), James Lyons, disse que não poderia confirmar se os reatores danificados estavam 'intactos' ou se racharam e estariam vazando radiação.

'Continuamos a ver radiação saindo do local e a questão é saber de onde exatamente ela está vindo', afirmou Lyons.

O governo japonês retirou dezenas de milhares de pessoas em um raio de 20 quilômetros da usina e disse aos moradores a até 30 quilômetros de distância para permanecerem dentro de casa. Os Estados Unidos recomendaram uma zona de exclusão num raio de 80 quilômetros para seus cidadãos.

O vice-presidente da Tepco, Norio Tsuzumi, visitou os centros de desabrigados para se reunir com as famílias obrigadas a deixar suas casas.

Curvando-se bastante, num sinal de respeito segundo a cultura japonesa, ele disse: 'Como tentei administrar este problema diretamente com o governo, minha visita para encontrar vocês diretamente foi adiada. Por isso, eu também peço desculpas do fundo do meu coração'.

Enquanto isso, tremores secundários continuam a assustar a população do nordeste do Japão, aumentando ainda mais os problemas das mais de 300 mil pessoas ainda alojadas em centros de desabrigados em 16 províncias japonesas.

Dezenas de milhares de casas ainda estão sem energia e mais de 2 milhões de pessoas estão sem água, segundo as autoridades japonesas.

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domingo, 20 de março de 2011

O apogeu da cana no Sudeste do Brasil

Crédito: Mario Osava/IPS

Crédito: Mario Osava/IPS

Ribeirão Preto, Brasil, 18/3/2011 – As estradas são excepcionalmente boas e numerosas, em contraste com outras partes do Brasil, mas a monotonia da paisagem não convida ao turismo. Os canaviais dominam o horizonte, as cores e os odores, em um longo eixo de 400 quilômetros para o Norte de São Paulo. No centro dessa área com singular desenvolvimento econômico e social, como maior produtora de açúcar e etanol do país, está Ribeirão Preto, uma das cidades mais ricas do Brasil, com 605 mil habitantes e renda por pessoa que é o dobro da média nacional.

A cana promove o progresso local porque seu cultivo leva à industrialização. Começa a perder potencial produtivo 48 horas após ser colhida e isso obriga que seu processamento seja local e impede sua exportação para ser transformada longe. Ao contrário de outros grandes cultivos, como café e soja, sua curta cadeia produtiva mantém seu processamento no mesmo lugar, sem intermediações, e isso permite baixos preços, para beneficio do consumidor, disse o engenheiro Cícero Junqueira Franco, um dos líderes históricos do setor que, aos 79 anos, ainda é um influente sócio de várias empresas.

Contudo, foi o Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), criado em 1975 para substituir parcialmente o consumo de gasolina e reduzir a importação de petróleo, que incentivou a prosperidade atual da região de Ribeirão Preto, convertida em um imenso canavial. Trata-se do etanol, mais conhecido como álcool. Sua produção em grande escala “mudou a estrutura do setor e mudou o Brasil”, disse à IPS Cícero, um dos “pais” do Pró-Álcool, que com outros empresários propôs ao governo criar essa política em 1974, quando o petróleo quadruplicou seu valor por causa da primeira grande crise de preços no setor.

Na época, o Brasil importava 85% do petróleo que consumia e sua repentina alta freou o crescimento econômico do país. O etanol surgiu para superar a crise, em uma conjuntura que coincidiu com um excesso de cana no mercado nacional, devido a estímulos governamentais para a produção. Assim, o Pró-Álcool nasceu para solucionar dois problemas, disse Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006) e agora professor universitário e presidente do Conselho de Agronegócios da Federação das Indústrias de São Paulo.

Nos 35 anos do programa, a produção brasileira de etanol saltou de 611 milhões de litros para 27,7 bilhões em 2010, enquanto a de açúcar mais do que quintuplicou, ao atingir 38,7 milhões de toneladas. Para atender essas duas demandas, a área cultivada aumentou quatro vezes, o que permitiu multiplicar por sete a cana colhida. Em 2010, a extensão cultivada foi de 8,1 milhões de hectares e a produção de 625 milhões de toneladas.

Isso só foi possível porque a produtividade aumentou cerca de 3% ao ano, um crescimento “brutal” em termos agronômicos, explicou Cícero em sua residência rural, um oásis com árvores e água de um riacho, perto de canaviais por todos os lados, no município de Orlândia, 55 quilômetros ao norte de Ribeirão Preto. Essa acelerada expansão rompeu o controle que o governo exercia sobre o setor da cana, mediante cotas de produção e o monopólio das exportações, e transformou o interior do Estado de São Paulo, especialmente o Nordeste, onde se concentrou o cultivo.

Antes, poucas instalações processadoras contavam com um engenheiro e hoje em dia “dificilmente têm menos do que três”, disse Cícero. Se for somada a produção de açúcar e álcool, nos engenhos trabalham 31 diferentes profissionais universitários, acrescentou. O Pró-Álcool “oxigenou um sistema esclerosado”, o modernizou e atraiu novos empresários, “abrindo mentes”, disse Maurilio Biagi Filho, outro líder do setor, com experiência na indústria de equipamentos e bebidas. Também dirigiu várias unidades transformadoras, após viver sua infância em uma delas, fundada por seu pai.

Eletricidade, plásticos e outros produtos químicos, fertilizantes e enzimas entraram nos planos do setor açucareiro. As pesquisas científicas e tecnológicas ganharam um forte impulso na região, o que promoveu a instalação de universidades e centros criados pela própria indústria do açúcar e do álcool.

A expansão favoreceu o desenvolvimento de uma diversificada indústria de máquinas para cultivo da cana e sua transformação em açúcar, álcool e energia. Sertãozinho, a 20 quilômetros de Ribeirão Preto, concentra 550 empresas, que em sua maioria fornecem também equipamentos para outros setores, como petroleiro e hidrelétrico, dentro e fora do Brasil.

A colheita está 70% mecanizada e deverá chegar aos 100% em 2014, o que ampliou o mercado industrial, ao aumentar a demanda por colheitadeiras e veículos de coleta. A exigência é ambiental e busca eliminar incêndios produzidos para facilitar a colheita manual da cana. Os hotéis lotados em todas as cidades da região refletem esse dinamismo econômico impulsionado pela cadeia produtiva açucareira.

No entanto, falta uma “política mais clara”, disse Maurilio à IPS. O etanol segue o ciclo da cana. Sem colheita no primeiro trimestre e sem estoques reguladores, acumulados e controlados pelo governo para estabilizar o mercado, o etanol escasseia porque se destinou mais cultivo à produção de açúcar, por seus preços maiores desde 2010. Os veículos com motores flex são produzidos no Brasil desde 2003, o que permite abastecê-los com o combustível mais barato. Desta vez a demanda por etanol não caiu na proporção esperada.

O aparente progresso gerado pela economia da cana tem seus críticos. A mecanização começou no final dos anos 1980 para conter o movimento dos cortadores de cana em defesa de seus direitos, “não por razões ambientais”, disse à IPS Helio Neves, presidente da Federação dos Empregados Rurais do Estado de São Paulo. Além disso, deixará sem emprego milhares de trabalhadores e sua capacitação para novas ocupações é menor do que a demanda, acrescentou.

A cana é “uma planta maravilhosa”, mas sua monocultura concentra o poder nas empresas “em detrimento da democracia, impondo uma ditadura do econômico sobre o social”, lamentou Helio, respeitado sindicalista, protagonista da violenta greve de 1984 dos cortadores em Guariba, a 65 quilômetros de Ribeirão Preto.

Além disso, a prosperidade da cana é distribuída desigualmente. Ribeirão Preto, por concentrar os serviços melhor remunerados, e Sertãozinho são cidades privilegiadas. Entretanto, a pobreza relativa e a falta de emprego forçam milhares de mulheres de Guariba, Barrinha e outros municípios com muita cana, mas sem indústrias, a trabalharem como domésticas em Ribeirão Preto.

É o caso de Maria Alcântara Silva, de “mais de 30 anos”. Há seis percorre duas vezes ao dia os 35 quilômetros que separam sua cidade, Pradópolis, de Ribeirão Preto, onde a melhor remuneração compensa o gasto com ônibus. Pelo menos permite que mantenha o filho estudando química na universidade, afirmou. Em Guariba há 620 mulheres registradas como domésticas em Ribeirão Preto e a prefeitura lhes paga 40% do transporte, informou José Roberto de Abreu, secretário municipal do Emprego e das Relações do Trabalho. Envolverde/IPS

FOTOCrédito: Mario Osava /IPS

Legenda: A paisagem infinita de canaviais na região de Ribeirão Preto.

Sistemas de alerta afogados pelo tsunami

Imagem Ilustrativa

Imagem Ilustrativa

Nova York, Estados Unidos, 18/3/2011 – O avançadíssimo sistema de alerta de desastres do Japão evitou uma quantidade maior de mortes com o terremoto de nove graus na escala Richter na semana passada, mas não pôde com o tsunami, que afogou a capacidade de reação deste que é o terceiro país mais industrializado do mundo.

O terremoto deixou cem mortos. Mas a posterior onda de dez metros matou 3.200 pessoas em 12 municípios, embora outros dados menos conservadores falem que foi pelo menos o dobro. Estima-se que nos próximos dias a quantidade de mortes chegue a dez mil. Além disso, há mais de 15 mil desaparecidos nas áreas afetadas, informou a imprensa oficial.

Somente em Fukushima, é desconhecido o paradeiro de 1.200 pessoas, quantidade que seguramente aumentará nos próximos dias. Mais de dez mil ficaram perdidas em Iwate e outras mil em Miyagi e Fukushima. A localidade de Minami Sannriku, em Miyagi, e a de Otsuchi, em Iwate, são as mais afetadas com cerca de 20 mil pessoas, e cerca da metade não manteve contato com o exterior até o dia 15.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação da Assistência Humanitária (Ocha) enviou a Tóquio, no dia 14, sua equipe de Coordenação e Avaliação de Desastres (Undac), a pedido do governo japonês, para coordenar o fluxo de assistência estrangeira. “A equipe colabora com a gestão de informação e as ofertas de ajuda”, disse à imprensa Martin Nesirky, porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que ontem “enviou uma missão de reconhecimento para Fukushima e Miyagi”.

A Undac desempenha um papel mais limitado porque as autoridades japonesas estão preparadas para dirigir o grosso da busca e dos resgates. Sua missão é oferecer alguns serviços específicos e deixar para o governo as grandes decisões. “A Undac oferece assessoria sobre serviços e produtos internacionais que chegam ao país para reduzir as contribuições não solicitadas”, disse à IPS Stephanie Bunker, porta-voz do Ocha em Nova York. “É um trabalho muito importante. As pessoas têm boas intenções, mas um excesso de assistência sem coordenação não é bom”, acrescentou.

A equipe de resposta a desastres é formada por sete pessoas, da França, Grã-Bretanha, Índia, República da Coreia, Suécia e também do Japão. Foi criado um Centro de Coordenação e Operações no local para distribuir informação à comunidade internacional nos próximos dias.

Cerca de 420 mil pessoas foram evacuadas das áreas atingidas pelo terremoto e pelo tsunami, das quais metade é de Miyagi e o restante de Fukushima, Iwate, Ibaraki, Tochibi e Aomori, segundo o Ocha. “Não temos estimativas sólidas do custo total que implica o desastre. É muito cedo para ter um número coerente”, disse Stephanie à IPS. Quase quatro mil construções no Nordeste de Tohuku foram totalmente destruídas e outras 55 mil ficaram muito danificadas pelo terremoto, o tsunami e os incêndios.

A Autoridade Nacional da Polícia Japonesa informou que a interrupção de estradas e pontes virtualmente paralisou grande parte do sistema de transporte. Quase 850 mil famílias clientes da Companhia de Energia Elétrica de Tóquio e de Tohuku carecem de água, gás e eletricidade. A falta de alimento e água piora a cada hora.

A Cruz Vermelha japonesa começou a oferecer assistência médica e psicológica a sobreviventes e evacuados. “Nunca vi algo tão terrível como isto”, disse Tadateru Konoé, presidente dessa organização, após visitar Iwate. Cerca de 430 mil evacuados moram em menos de 2.500 locais provisórios como escolas e outros prédios públicos, segundo a organização. “Chegam muitas pessoas aos hospitais com hipotermia e risco de pneumonia. Muitas pessoas sofrem as consequências de terem bebido água contaminada durante o tsunami”, diz o informe divulgado à imprensa.

O Japão aceita a ajuda especializada de algumas agências humanitárias, mas demonstra uma extraordinária resiliência e grande eficiência diante do desastre. Mais de cem mil soldados, 95 mil bombeiros e 920 unidades da polícia trabalham sem cessar retirando pessoas em perigo, localizando desaparecidos e distribuindo ajuda o mais rápido possível.

Exército e polícia resgataram mais de 2.200 pessoas e a guarda costeira e a Agência de Gestão de Desastres e Incêndios quase outras três mil, entre elas 970 que estavam em povoados isolados, informou o Ocha. Além disso, já foram reparadas 121 estradas e 28 pontes, o que facilita as operações de assistência e resgate. Envolverde/IPS

França acorda com desastre nuclear japonês

Crédito: Menekse Cam

Crédito: Menekse Cam

Paris, França, 18/3/2011 – A maioria dos franceses não se preocupava se os 58 reatores nucleares do país são seguros o bastante para continuar operando vários anos mais, até que o Japão começou a ter problemas nas centrais de Fukushima. A população ignorava as provas apresentadas por ativistas que, apesar da indiferença geral, continuaram remexendo nas incomensuráveis complexidades da burocracia francesa em matéria energética para encontrar a verdade sobre a precariedade das usinas nucleares.

Após a catástrofe nuclear japonesa, até o mais estoico dos franceses começou a refletir sobre a possibilidade de seu país estar à beira do desastre. Não foram feitas pesquisas de opinião representativas, mas uma quantidade substancial de pessoas ouvidas por alguns meios de comunicação disse estar a favor de uma política menos dependente da energia atômica. A imprensa conservadora, a favor das usinas, revelou ontem que no ano passado houve mil acidentes de diferentes intensidades nos complexos atômicos do país.

Os dados oficiais constam de um informe sobre segurança nas centrais da França que será apresentado ao parlamento em abril. O documento preparado pela Agência de Segurança Nuclear deveria ser confidencial, mas se tornou público com o desastre no Japão após o terremoto e o tsunami. A França é o país europeu com mais centrais nucleares em funcionamento e o que mais depende dessa fonte de energia no mundo. Os 58 reatores geram 80% da eletricidade consumida. A densidade de sua localização é tal que ninguém consegue estar a mais de 300 quilômetros de distância de um reator.

A grande quantidade de acidentes nas centrais atômicas não é novidade para os ativistas franceses. Metade delas tem mais de 25 anos, disse à IPS o presidente do Observatório de Energia Nuclear, Stéphane Lhomme. “Metade dos reatores está perto do final de sua vida útil e sofre os problemas da idade”, afirmou. Numerosos reatores também sofrem “defeitos de projeto”, que regularmente causam anomalias técnicas, disse Stéphane. “A França esteve várias vezes à beira de um desastre nuclear nos últimos dez anos”, assegurou.

Quando o Furacão Martin atingiu a parte sudoeste da costa atlântica da França, em dezembro de 1999, a usina de Blayais, perto da cidade de Bordeaux, foi inundada pela água do mar e teve de ficar fechada vários dias. “Estivemos perto de uma catástrofe”, recordou Stéphane. Uma rachadura no sistema de esfriamento da central de Civaux, em maio de 1998, causou um grande vazamento radioativo que por várias horas ficou fora de controle. A usina ficou fechada por dez meses. Várias centrais francesas estão localizadas em áreas de atividade sísmica, disse.

“O risco de um terremoto da intensidade do registrado no Japão é baixo na França, mas nossas usinas são mais frágeis do que as dos japoneses”, ressaltou Stéphane. A central mais antiga da França, em Fessenheim, perto da fronteira com a Alemanha e a Suíça, está em “uma área de muita atividade sísmica e perto de um rio”. Apresentou numerosos problemas técnicos, a maioria em seus sistemas de resfriamento, e teve de permanecer fechada quando 50 metros cúbicos de gás radioativo vazaram para a atmosfera, acrescentou.

Não parece que a França vá diminuir sua dependência da energia nuclear no futuro próximo, apesar da amplitude de provas sobre os defeitos técnicos. “Todos os partidos políticos defendem esta fonte de energia e estão ligados, de uma forma ou outra, ao complexo industrial. A França não tem alternativa”, explicou Stéphane.

Não surpreende que o governo francês tenha tentado minimizar a dimensão da crise japonesa. A explosão em Fukushima “não foi uma catástrofe”, disse inicialmente o ministro da Energia, Eric Besson, que depois se corrigiu e afirmou que “um pesadelo havia voltado”. Acrescentou que “é legitimo um debate sobre energia nuclear na França, mas não é indispensável. Continuo acreditando em seu uso com fins civis”.

A oposição pediu um referendo sobre uso da energia nuclear. Os dirigentes do Partido Verde sugeriram eliminá-la em 25 anos. O primeiro-ministro, François Fillon, considerou “absurda” a conclusão a que chegaram jornais e ambientalistas de que “após o acidente de Fukushima, a energia nuclear está completamente condenada”. O governo anunciou que controlaria a segurança de todas as usinas em operação.

A primeira medida que a França pode tomar para reduzir sua dependência nuclear é diminuir o “descuidado consumo elétrico”, disse Stéphane. “Economizaríamos uma grande quantidade se isolássemos melhor as casas e os prédios e deixássemos de nos aquecer com eletricidade”, acrescentou. Dos lares franceses, 80% usam aquecedores elétricos. “É a consequência da conivência entre o monopólio estatal Eléctricité de France e a indústria da construção, que não instala gás nem outros sistemas de calefação nas residências”, explicou.

A França poderia abandonar a energia nuclear em 2035 se adotasse uma política baseada na eficiência energética, para reduzir o consumo desnecessário, e um programa maciço para usar fontes renováveis, especialmente as eólica e solar, segundo a négaWatt, associação de 350 especialistas.

“Em 2035 poderíamos fechar todas as usinas nucleares e dependermos apenas de geradores geotérmicos e hidrelétricos de menor escala, grandes parques com turbinas eólicas, estruturas fotovoltaicas e unidades de biomassa, e ter energia suficiente para atender as exigências elétricas do país”, disse à IPS o diretor da négaWatt, Thierry Salomon. Em 2050, a França consumiria o dobro da eletricidade que usa agora e poderia não necessitar da energia nuclear, segundo Thierry. “Não voltaríamos a usar velas nem necessitaríamos de centrais atômicas”, acrescentou. Envolverde/IPS

IMAGEMCrédito: Menekse Cam - Para conhecer o trabalho da artista acesse http://www.toonpool.com/artists/menekse%20cam_1581.

Estudo mostra que exercícios aeróbicos ajudam a manter o cérebro saudável na velhice

Estudo mostra que exercícios aeróbicos ajudam a manter o cérebro saudável na velhice

Um estudo realizado por um grupo de universidades norte-americanas revelou que exercícios físicos aeróbicos podem diminuir a perda de memória em idosos e prevenir o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

A pesquisa, divulgada pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), avaliou os cérebros de 60 adultos saudáveis com idades entre 55 e 80 antes, durante e após o período de um ano de exercícios.

Os resultados apontaram que a temporada de atividade foi capaz de aumentar o tamanho do hipocampo em adultos mais velhos, levando a uma melhoria na memória espacial. Estudos anteriores apontaram que o hipocampo diminui com a idade, o que afeta a memória e aumenta o risco de demência.

De acordo com os pesquisadores, o grupo que praticou apenas exercícios de alongamento teve diminuição média de 1,40% no hipocampo esquerdo e de 1,43% no direito.

Já os participantes que caminharam por 40 minutos, três vezes por semana, tiveram um aumento de em média 2,12% no volume do hipocampo esquerdo e de 1,97% no direito, além de apresentarem melhoria nas funções de memória e aumento em diversos biomarcadores associados com a saúde cerebral, como no fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), uma pequena molécula envolvida na memória e na aprendizagem.

Para Arthur Kramer, da Universidade de Illinois e um dos autores da pesquisa, os resultados são bastante interessantes "por indicarem que mesmo pequenas quantidades de exercícios em adultos mais velhos e sedentários podem levar a melhorias substanciais na memória e na saúde cerebral".

Essa não é a primeira pesquisa a associar a prática de atividades físicas à melhoria da capacidade cerebral na velhice. Um estudo apresentado no final de 2010 pela Universidade de Pittsburgh apontou que pessoas que caminhavam no mínimo dez quilômetros por semana tinham metade do risco de sofrer de problemas de memória do que os que não se exercitavam.

Foto: MRBECK

Brasil desperdiça R$ 7,4 bi por ano com água

Brasil desperdiça R$ 7,4 bi por ano com água

O Brasil perde, ao ano, R$ 7,4 bilhões por falta de infraestrutura relacionada ao uso da água no território. Falta de investimentos e de manutenção dos sistemas já instalados são algumas das causas que fizeram o especialista em eficiência energética e da água, Airton Gomes, concluir o desperdício de recursos.

O consultor avaliou todos os gastos de acordo com as informações do relatório de 2008 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que cobriu 4.561 municípios, e alertou que dos 7,4 bilhões de reais, apenas R$ 4,4 bilhões ainda podem ser recuperados.

O SNIS analisa a produção, o tempo médio de abastecimento de 20 horas por dia, consumo autorizado não faturado e a estimativa de perdas reais e aparentes na realização do seu relatório anual.

Porém, para existir esta recuperação, grandes incentivos orçamentários deverão ser feitos nos sistemas de saneamento do país até a universalização dos serviços de água e esgoto previsto para 2015.

Uma maior fiscalização e manutenção das redes antigas de abastecimento merecem ser realizadas para impedir ligações clandestinas (os popularmente conhecidos como "gatos") e os erros de medição, creditando um total de R$ 10 bilhões em recursos do governo.

Para Gomes, as empresas brasileiras estão perdendo dinheiro com a falta de preocupação com os sistemas de abastecimento da água. Para reverter a situação, medidas urgentes devem ser tomadas para que o custo da redução da perda não se torne maior do que o resultado alcançado.

Falta de estrutura

Segundo o especialista, o grande número de sistemas de abastecimento instalados desde a década de 60 até hoje (de 500 para 5, 5 mil neste ano) pode ter sido responsável pela falta de organização do país quanto ao uso da água.

"Tem um caminhão de dinheiro, mas o setor demora de 4 a 5 anos para se reestruturar. Não tem quem faça projetos. Ou seja, não é uma questão apenas de dinheiro, pois não há quadro técnico.", destacou o consultor, que criticou também a grande quantidade de novas obras que vem sendo construídas.

Em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o especialista analisou que os sistemas de abastecimento antigos foram preteridos às novas obras de infrestrutura, que traz mais visibilidade política as autoridades do setor. "Passamos décadas construindo sistemas. É preciso mudar a cultura de obras. Em tempos de PAC, só se pensou nisso", afirmou Gomes.

Já para o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, o governo está sim preocupado com a sustentabilidade do sistema a longo prazo. Segundo o secretário, o PAC 2 terá uma linha de crédito específica para a diminuição desses desperdícios de verbas para os antigos sistemas.

Foto: Keneth Cruz

Telhado Verde é um dos itens que mais contribuem para a certificação Leed

Telhado Verde é um dos itens que mais contribuem para a certificação Leed

Quem acompanha o EcoD ainda se lembra de matéria recente sobre Stuttgart, cidade alemã que tem 60% de cobertura vegetal, no intuito de coibir as chamadas "ilhas de calor". A instalação de telhado verde é um dos fatores mais levados em conta pela certificação Leed (Leadership in Energy and Evironmental Design). Por essa razão, a Associação Telhado Verde (ATV Brasil) e o Green Building Council (GBC Brasil) firmaram uma parceria que busca incentivar essa prática aqui no Brasil.

O acordo prevê uma adaptação dos critérios do Leed à realidade socioambiental brasileira. A parceria também projeta uma participação ativa da ATV nas construções sustentáveis no Brasil, o que inclui escolas e casas.

Segundo o presidente da GBC Brasil, Marcos Casado, os projetos que pretendem obter a certificação recebem pontos de acordo com as características da construção. A entidade cadastra e audita os empreendimentos que desejam o selo Leed.

De acordo com o presidente da ATV, João Manuel Feijó, a iniciativa mais valiosa é o telhado verde: "Nenhuma ação sozinha pontua tanto na certificação", destacou ao blog Planeta, do Estadão.com. Bons motivos não faltam nesse sentido, pois os telhados verdes ajudam a melhorar a qualidade do ar da cidade, capturam dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, aprimoram a climatização do prédio, a drenagem de águas de chuvas e a biodiversidade urbana.

Atualmente, cerca de 200 edifícios contam com o selo Leed no Brasil. A maioria deles é composta por prédios comerciais, tais como o complexo Rochaverá e o Eldorado Business Tower, ambos em São Paulo. Este último é o único do país a obter a certificação Platinum, considerada a mais elevada. Criada em 1998 pelo GBC norte-americano, a classificação já foi concedida a 14 mil empreendimentos em todo o mundo.

A certificação tem cinco critérios principais: áreas sustentáveis, eficiência no uso de água, energia e atmosfera, materiais e recursos e qualidade ambiental interior. De acordo com a pontuação em cada categoria, a certificação pode variar em quatro níveis de excelência: certificação padrão, Silver, Gold e Platinum.

Stuttgart é modelo em telhados verdes

A prefeitura de Stuttgart investe desde os anos 1980 em uma rede de cinturões verdes, nos quais o plano diretor proíbe edificações, que funcionam como "corredores" de vento, atrapalhando a circulação do ar. Mesmo fora dos cinturões, a malha verde abrange ruas, trilhos de trem, parques públicos, telhados de casas e edifícios. O principal objetivo é evitar a concentração de ar quente e de gases do efeito estufa.

A lei ambiental da capital do Estado de Baden-Württemberg, no Sudoeste da Alemanha, protege 39% da área de Stuttgart, onde são proibidas novas construções. Ao todo, a cidade dispõe de 5 mil hectares de florestas, 65 mil árvores em parques e 35 mil nas ruas, 300 mil metros quadrados de telhados verdes e 32 quilômetros de trilhos de bonde onde, a partir de 2007, foi plantada grama.

Interessados em se cadastrar na ATV Brasil devem entrar em contato através do site da instituição.

Foto: 416style

Gráficos para entender a evolução da crise nuclear no Japão

Gráficos para entender a evolução da crise nuclear no Japão  1
Gráfico do El Mundo. Para interagir, clique aqui. Imagem ©ElMundo.es.
Menos de uma semana depois de o terremoto de 8,9 graus e o tsunami
atingirem o Japão, suas consequências ainda estão em andamento, com boas e más notícias.
O lado positivo é que as
rigorosas normas de construção do Japão ajudaram a reduzir o número de vítimas, enquanto a comunidade internacional continua enviando ajuda por meio de diversas organizações internacionais e sistemas de doação encontrados neste artigo (em inglês).
Entretanto, todas as atenções se voltam para a
situação da usina nuclear de Fukushima e o risco de ocorrer o pior desastre nuclear desde Chernobyl. Como entender e acompanhar o que está acontecendo no Japão?

Para entender os fatos, o jornal espanhol El Mundo criou um gráfico interativo que demonstra os danos causados aos reatores 1, 2, 3 e 4 da usina de Fukushima e como cada um deles funciona.

Gráficos para entender a evolução da crise nuclear no Japão  2
Gráfico do El Mundo. Para interagir, clique aqui. Imagem ©ElMundo.es.
Além disso, um grupo de voluntários da enciclopédia aberta Wikipedia está atualizando, minuto a minuto, uma
tabela com informações que chegam de diferentes fontes (em inglês). Os quadros explicam, de forma resumida, o grau de danos em cada reator, as medidas de redução de riscos e os níveis de radiação emitidos nos arredores.
Os dados são fornecidos pelo
Fórum Industrial Atômico do Japão, uma organização não-governamental que promove o uso da energia nuclear no país.
Um dos pontos principais desses quadros é a seção que se refere à integridade dos vasos de contenção ('Containment integrity'), já que evitam o vazamento de materiais radioativos. Pode-se ver que os vasos de contenção dos reatores 2 e 3 estão parcialmente danificados e que a radiação está em 1937 µSv/hora, nível que ainda não apresenta riscos à saúde.

Gráficos para entender a evolução da crise nuclear no Japão  3
Quadro sobre situação de Fukushima em 16.03.2011. Fonte: Wikipedia
Os esforços para impedir novos vazamentos continuarão nas próximas horas, e esses gráficos podem servir como guia para você acompanhar a situação em Fukushima.
(Texto: planet green
)

A crise de Fukushima deterá o avanço da energia nuclear

A crise de Fukushima deterá o avanço da energia nuclear?
Imagem: John /Creative Commons.

O Japão continua em estado de alerta devido aos
problemas na usina nuclear de Fukushima e ao risco de vazamento de radiação. Ontem, a Agência de Segurança Nuclear do Japão elevou o nível de gravidade do desastre para 5 , o que significa que o acidente nuclear passa a ter “consequências de maior alcance” em vez de “consequências locais”. (nível 4).

Como comentamos há alguns dias, a situação
reacendeu dúvidas sobre a segurança da energia nuclear  e levou países como Alemanha, China e Venezuela a rever planos relacionados a esse tipo de energia.

No entanto, o desastre pode significar um divisor de águas no avanço da energia nuclear? Diante da tragédia, as reflexões sobre a viabilidade da energia nuclear tornam-se menos apaixonadas e mais pragmáticas.

Em artigo no Wall Street Journal, o colunista de negócios Alen Mattich afirma que mesmo se ocorrerem mortes por radiação em Fukushima, os números serão modestos se comparados às perdas provocadas pela mineração e pela indústria de carvão. Mattich também destaca que apenas uma usina foi danificada após o maior terremoto da história do Japão, e ainda assim, e apenas em seus sistemas de apoio. Entre as energias renováveis, a mais disseminada é a hidrelétrica em países com grandes cursos de água, mas as fontes solares e eólicas estão avançando de forma lenta e só poderiam substituir a energia nuclear, no mínimo, em uma geração, destaca o articulista.

Na mesma linha,
The Australian afirma que a crise japonesa pode ter algum impacto em países que ainda não têm centrais nucleares, mas onde já houver planos e projetos, só haverá um atraso – inclusive no Japão.

Em tom similar, mas não tão favorável à indústria nuclear, o conhecido jornalista ambiental inglês
George Monbiot defende no jornal The Guardian que, apesar dos riscos e problemas, a energia nuclear ainda é melhor que o carvão (principal fonte de emissões de gases que causam o aquecimento global).
"Temo a indústria nuclear como qualquer outro ecologista: todas as experiências demonstraram que, na maioria dos países, as empresas que a controlam são oportunistas cujo negócio nasceu como um subproduto das armas nucleares", afirma. "Mas apesar da força dos argumentos do movimento antinuclear, não podemos deixar que o sentimentalismo histórico nos impeça de ter uma visão mais ampla. Mesmo quando as usinas nucleares vão terrivelmente mal, provocam muito menos danos ao planeta e às pessoas do que as usinas de carvão operando normalmente".
Monbiot acrescenta que, na luta contra a mudança climática, descartar o uso da energia nuclear (que não gera emissões) não é uma opção, e defende regras claras sobre a origem e destino dos materiais e resíduos radioativos, assim como uma lista de “fornecedores limpos”.

Contra esses argumentos, a pesquisadora Natalie Kopytko – que estudou os efeitos de desastres naturais em usinas nucleares – posicionou-se contra o avanço desse tipo de energia em artigo no Guardian.

Segundo Kopytko, independentemente de como se construa uma usina, ela sempre precisa estar localizada em regiões costeiras ou próximas de grandes corpos d´ água, já que precisa desse recurso para funcionar e resfriar os reatores. Portanto, diante de grandes catástrofes, as usinas correm risco de inundar e sofrer falhas como as de Fukushima. Além disso, se as mudanças climáticas continuarem avançando, as tempestades serão muito mais violentas do que nos registros históricos usados para fazer os cálculos de segurança das usinas.

"Em Chernobyl, culparam os soviéticos e o projeto de seus reatores. A culpa de Fukushima será atribuída à escala do desastre e talvez ao projeto. A indústria nuclear mudará algum detalhe e nos garantirá que tudo ficará bem. […] Sempre que um acidente acontece, a culpa é de circunstâncias excepcionais. Qual será a próxima?”, questiona.

Poluição e lixo ameaçam crescimento, diz ministro chinês

Por Chris Buckley

PEQUIM (Reuters) - A China enfrenta graves sobrecargas ambientais e de recursos, que ameaçam sufocar o crescimento do país, disse o ministro do Meio Ambiente em um artigo publicado nesta segunda-feira.

Fazendo um alerta excepcionalmente duro, Zhou Shengxian disse também que seu ministério quer incluir avaliações sobre emissões de gases do efeito estufa no processo de aprovação de projetos de desenvolvimento.

Isso daria ao ministério mais influência sobre as questões climáticas, área hoje dominada por órgãos cujo principal interesse é estimular o crescimento industrial.

'Nos milhares de anos de civilização da China, o conflito entre humanidade e natureza nunca foi tão sério quanto hoje', disse Zhou no ensaio publicado no jornal oficial do seu ministério.

'O esgotamento e exaustão dos recursos, e a deterioração do meio ambiente se tornaram sérios gargalos restringindo o desenvolvimento econômico e social.'

No domingo, o primeiro-ministro Wen Jiabao já havia dito que a China precisa buscar um crescimento menos acelerado e mais limpo.

Quando as energias renováveis poderão ser as principais no planeta?

Iate PlanetSolar, em Cancun, não requer combustível nem velas pois sua propulsão é obtida a partir dos 500 painéis de luz solar que lhe proporcionam a suficiente energia para se movimentar // EFE(EFE)

EFE

Um polêmico estudo elaborado pelos pesquisadores Mark Z. Jacobson e Mark A. Delucchi, da Universidade da Califórnia-Davis e publicado na revista "Energy Policy", assegura que 100% da energia consumida no planeta poderia ser obtida de fontes completamente limpas e renováveis em um prazo de três ou quatro décadas.

No relatório se assevera que esta energia teria um custo comparável ao da energia convencional que utilizamos na atualidade, e consideram que a conversão ao novo sistema seria um desafio como o do projeto Apolo, com o qual fomos à Lua na década de 1960.

O projeto consiste na utilização de 90% da eletricidade procedente das fontes eólicas e solares. O resto da energia necessária, 8%, poderia ser gerada a partir das fontes geotérmicas e hidroelétricas, enquanto os restantes 2% se extrairia da energia produzida pelas ondas e pelas marés.

No entanto, embora os dois cientistas tenham tentado dar resposta a muitas das dúvidas que se colocam no setor das energias renováveis, a controvérsia já está aberta: segundo alguns pesquisadores, esta é uma concepção otimista demais sobre o futuro das energias limpas.

Substituir o petróleo

Um funcionário de refinaria passa, de bicicleta, ao lado da unidade na China // EFE(EFE)

EFE

Para Antonio Chica, cientista titular do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) no Instituto de Tecnologia Química de Valência (Espanha), "é preciso ser muito prudente na hora de afirmar que podemos nos servir de energias renováveis no tempo que indica este relatório".

"Não se pode prever a provisão futura de petróleo, as altas de preços que possa ter ou os conflitos que se possam gerar em torno dele. Embora em questão tecnológica seja certo que, por exemplo, já há países que utilizam energia eólica ou solar que produz eletricidade em grandes quantidades e de uma maneira bastante fácil", diz.

Segundo Jacobson e Delucchi, os meios de transporte seriam movidos por energia elétrica procedente de renováveis, eliminando completamente a dependência do petróleo.

 

Veículo dotado com células de combustível sai de uma estação de abastecimento de Hidrogênio em Ulsan, a 400 Km a sudeste de Seul, na Coreia do Sul // EFE(EFE)

EFE

Carros, trens, navios seriam impulsionados por motores elétricos alimentados por pilhas de combustível, baseadas em hidrogênio obtido mediante eletrólises de água.

"Agora todas as grandes indústrias do automóvel estão trabalhando em alternativas que não utilizem petróleo e as alternativas são baterias e pilhas de combustível ainda em desenvolvimento. Essa pesquisa se deve a que a indústria é consciente de que o petróleo tem um tempo limitado", adverte o especialista espanhol.

"Mas para eles tanto faz que seja petróleo, hidrogênio ou qualquer energia renovável, o que lhes importa é que seja o mais barato e, por enquanto, o mais barato continua sendo o petróleo pela infraestrutura já existente que possui", comenta.

"O mercado não vai se movimentar porque se polui mais ou menos. Os Governos são os que teriam que direcionar o processo, assim como os níveis de poluição", também assevera o cientista.

Esta transição para estas novas formas de energia traz uma despesa de adaptação tecnológica, mas o mais espetacular deste estudo é que Jacobson e Delucchi opinam que não é preciso que desenvolvamos nenhuma nova tecnologia porque essas tecnologias já existem e se encontram disponíveis maciçamente.

Platina, material necessário e limitado

Foto aérea mostra os moinhos de vento de Belwind em um parque eólico marinho no litoral de Zeebrugge, Bélgica // EFE(EFE)

EFE

Segundo Antonio Chica, "no caso dos sistemas móveis, ou seja, meios de transporte, a implantação das energias alternativas é mais difícil, sobretudo por causa da tecnologia necessária para os automóveis, já que as pilhas de combustíveis têm muitos desafios pela frente".

Um deles é o uso, por enquanto necessário, da platina, tanto para as células fotovoltaicas das placas solares como para as pilhas de combustível.

"Não há platina suficiente para todos os carros que funcionam no mundo, levando em conta também que o parque automobilístico aumenta dia a dia", diz.

Jacobson e Delucchi apresentam um planeta semeado de sistemas eólicos e solares entre os quais se pudesse redistribuir a energia elétrica estacionária.

Recolher a que o vento produz durante a noite e a energia solar durante o dia, e aproveitar ao máximo os excessos de geração que se produzem em algumas regiões e poder enviar para outras com mais dificuldades para gerá-las.

Quanto à instalação de turbinas eólicas, um dos maiores problemas é a das grandes superfícies que são necessárias para sua instalação. O número delas que aparece no projeto é tão grande que seria preciso cobrir 0,6% da terra firme disponível.

Mas Jacobson também tem resposta para este problema e propõe que "a maioria da terra existente entre as turbinas eólicas possa ser utilizada para a pecuária ou a agricultura".

Além disso acrescenta outra alternativa: instalá-los sobre plataformas flutuantes no mar.

O cientista espanhol nos explica que neste sentido já estão sendo feitas pesquisas: "O número de turbinas eólicas e a área de superfície dependem da demanda que se queira cobrir".

"A Espanha nesse sentido é pioneira por que vai construir o maior aerogerador do planeta. A ideia é que, em vez de utilizar uma grande superfície com muitos moinhos se utilize um enorme que dê tanto serviço elétrico como um grande grupo deles. Mas também neste sentido é preciso continuar pesquisando", adverte.

Jacobson, reconhecido professor de engenharia civil especializado em temas ambientais, finalmente assegura que não existem barreiras de caráter tecnológico ou econômico para substituir todas as fontes de energia que utilizamos na atualidade por outras que sejam limpas e renováveis, e que o maior desafio é superar as barreiras políticas que o impedem.

No entanto, há muito tempo estão sendo dados, embora tímida e lentamente, os primeiros passos. Como explica o pesquisador espanhol: "Há programas como os que estão sendo desenvolvidos nos Estados Unidos, nos quais estão sendo investidos milhões e milhões de dólares para tentar encontrar uma solução para essa energia elétrica que pode ser consumida como combustível, através das energias alternativas encaminhadas para prédios, lares, fábricas etc.

"Na Europa, o programa JTI (Joint Thecnology Initiatives) é um consórcio entre a União Europeia e diferentes empresas para apoiar e financiar todo tipo de projeto que tenha a ver com as energias renováveis aplicadas à produção de hidrogênio", completa.

Antonio está convencido de que os Governos e suas políticas estão cada vez mais conscientes da importância destes programas de pesquisa.

"Na Europa existe uma normativa denominada 202020, pela qual para o ano 2020, 20% de nossa energia deve proceder de energias renováveis", diz.

"Mas, eu não diria que até 2020 possamos estar nas condições previstas no relatório", conclui Antonio.

Cientistas estudam mecanismo do pulo do canguru

Cientistas estudam mecanismo do pulo do canguru

BBC Brasil

"Câmeras especiais capturaram movimentos de cangurus"

Uma equipe de cientistas britânicos, americanos e australianos está usando tecnologia de cinema para desvendar o segredo do pulo do canguru, explicando como se processa a ação motora do movimento.

O estudo está sendo feito em Brisbane, na Austrália.

Câmeras especiais capturaram movimentos de cangurus

As câmeras que capturam os movimentos dos animais são parecidas com as usadas na série de filmes Senhor dos Anéis, para criar o personagem Gollum.

Ao contrário do cinema, os cientistas fazem tudo ao ar livre e a nova câmera consegue usar infravermelho para registrar os movimentos, filtrando a interferência da luz do Sol.

Eles já descobriram que o canguru não muda a postura para pular, mas ainda vão analisar melhor os dados.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

O dia mais quente do ano

Se você é uma daquelas pessoas que reclamam todos os dias do calor, prepare-se para se queixar ainda mais. No próximo domingo, dia 20, a capital pernambucana terá o dia mais quente do ano. A temperatura máxima poderá ultrapassar os 36 graus Celsius, com sensação térmica acima dos 40. Esse ´calorão` é consequência de um fenômeno astronômico chamado equinócio, que a cada ano vem sendo potencializado pelo efeito estufa.


Arte de Greg/dp

A palavra equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa ´noites iguais`, ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo, 12 horas cada turno. É um fenômeno em que o sol se posiciona perpendicularmente em relação à Terra, fazendo com que seus raios sejam distribuídos igualmente entre os hemisférios, entretanto, com mais incidência na região próxima a linha do Equador.
O equinócio ocorre duas vezes no ano. Uma em março, no dia 20, e a outra em setembro, dia 23. O fenômeno define as mudanças de estação. No Hemisfério Norte a primavera inicia em março e o outono em setembro. No Hemisfério Sul é o contrário, a primavera inicia em setembro e o outono em março. Como o Brasil está numa área tropical, essa passagem de estação não é bem definida.
A coordenadora do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe), Francis Lacerda, alerta para a principal consequência do fenômeno no estado, a alta elevação da temperatura. ´O equinócio é o momento em que a Terra está mais próxima ao sol, por isso um aumento na temperatura da superfície terrestre, é natural`, disse. ´O que não é normal é esse calor acima dos 35 graus Celsius que vem aumentando nos últimos cinco anos`, completou.
Ainda de acordo com a coordenadora, o efeito estufa é o que vem contribuindo para o crescimento gradativo da temperatura. ´O calor não consegue se expandir para o espaço porque fica retido entre a atmosfera e a superfície por causa da ação de gases, como o carbônico` , explicou. ´Essa temperatura vem aumentando no estado nos últimos cinco anos`, alertou.
Assim como levou séculos para que a Terra atingisse esse nível de calor, também precisaremos de muitos séculos e mudanças de hábitos para que ele se reduza. ´A atuação humana, quase sempre sem preocupação ambiental, foi e está sendo decisiva para esse desequilíbrio. É preciso repensar tudo o que fazemos e como fazemos`, afirmou Francis Lacerda. A expectativa dos meteorologistas é que se não houver mudanças reais na humanidade, as temperaturas vão aumentar a cada ano.
"A atuação humana, quase sempre sem preocupação ambiental, agrava o desequilíbrio" Francis Lacerda, meteorologista, coordenadora do Lamepe

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ongs ajudam animais carentes e promovem adoção consciente

Adote um bichinho

Adote um bichinho

Muita gente já sabe: ter um animal de estimação é uma das coisas mais legais do mundo. Eles nos fazem companhia, nos divertem e enchem a casa de doçura. Mas você já pensou que ao tomar a decisão de levar um bichinho pra casa, você pode estar realizando um ato muito maior? Comprar um cachorro de raça ou um gato de pedigree, bem cuidados e cheios de regalias é uma coisa. Mas adotar um carente é muito melhor. Algumas ONGs no Brasil fazem um trabalho bem bacana retirando animais das ruas. Eles resgatam os peludos nas condições mais adversas, dão casa, comida, castram e começam a busca por uma família para cada um deles. Esse é o caso da Adote um Gatinho, com sede em São Paulo, fundado em 2003. Mais de três mil e quinhentos gatos já passaram pelas mãos de Juliana Bussab e Susan Yamamoto, as fundadoras da ONG. Hoje, com sede própria, voluntários e abrigo para os bichanos, elas cuidam de mais de 300 felinos e se mantém com doações. “Infelizmente, não contamos nem com patrocínio de empresas, nem com apoio governamental. Assim, o AUG sobrevive apenas das doações de pessoas físicas e da venda de seus produtos”, diz Juliana Bussab.

Responsabilidade

Mas antes de adotar qualquer animal, é preciso ter muita responsabilidade. Eles podem viver quase vinte anos, e dependem de seus donos. Pegar e largar depois, por mais incrível que pareça, é fato comum no dia-a-dia. “Animais de estimação não são descartáveis, nem brinquedo. Devem ser sempre parte da família. Se você costuma viajar por longos períodos para locais onde não se pode levar animais, também é aconselhável repensar a adoção”, afirma Juliana. Também é preciso saber se o lugar onde você fará a adoção é regular. Juliana lembra que “você sempre pode adotar animais abandonados no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da sua cidade, mantido pela Prefeitura. Além disso, pode procurar o seu bichinho nas ONGs de proteção animal. Aqui em São Paulo, podemos citar como exemplo a nossa ONG, o Adote Um Gatinho, o Clube dos Vira-Latas,  a Ajudanimal,  e a UIPA. É importante procurar referências dos locais de adoção com seus conhecidos. De modo geral, as ONGs sérias só entregam animais castrados e mediante a assinatura de um Termo de Responsabilidade”.

Pedro Menezes, que já adotou dois gatos “carentes” não se arrepende: “Tenho consciência de estar fazendo um mundo mais legal, tirando bichos abandonados das ruas. E eles são a alegria da casa!”. E para que as cidades não continuem lotadas de peludos vagando, as ONGs divulgam e pregam a castração. Gatos dão cria até 4 vezes por ano, a partir dos 6 meses. “A castração é fundamental por vários motivos. Em primeiro lugar, a castração evita diversos problemas de saúde – animais castrados, por exemplo, têm menores chances de desenvolver certos tipos de tumores. Além disso, a castração ajuda muito na resolução de problemas comportamentais, diminuindo a agressividade e a necessidade de controle territorial do animal. Por fim, ela é fundamental para o controle populacional, e consequentemente, para a redução do abandono e dos maus-tratos dos animais”, lembra Juliana.

Como ajudar?

Caso você não possa ter um bichinho, mas é solidário com a causa, existem outras maneiras de ajudar. Essas ONGs e entidades recebem doações em dinheiro ou em rações, remédios, cobertores e brinquedos. Também é possível ser voluntário e ajudar na limpeza dos abrigos, na procura por parceiros, por doações ou por possíveis adotantes. Muitas delas ainda têm lojinhas que vendem produtos com sua marca. A renda sempre é revertida para as despesas mensais da ONG. Formas de colaborar são inúmeras.

Denuncie

Você também pode ajudar denunciando maus tratos. “Submeter um animal a maus-tratos é crime previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605) e pode acarretar em multa ou pena de três meses a um ano de prisão. O primeiro passo é reunir a maior quantidade de provas possível. Fotografias, vídeos, laudo ou atestado veterinário, placa do carro de quem agride ou abandona e até testemunhas. Tudo o que sirva para mostrar a situação do animal e ajude a identificar o agressor. Em seguida, procure a delegacia mais próxima e faça um Boletim de Ocorrência (BO). Por garantia, leve com você uma cópia da Lei de Crimes Ambientais ou tenha escrito o número da lei e o que diz o artigo 32. Em São Paulo e na Grande São Paulo os BOs podem ser feitos também pela Internet, no site da Secretaria de Segurança Pública Depois de preencher o formulário, a polícia entrará em contato para confirmar as informações e, se estiver tudo certo, você receberá uma cópia do documento por email”, explica Juliana.O jeitinho de cada umE se depois de ler essa matéria até aqui você decidiu que realmente quer adotar um carente, é preciso saber qual bichinho se adequará melhor ao seu estilo de vida. As ONGs, geralmente, conhecem muito bem cada animal que está sob sua responsabilidade. E, por isso, são capazes de dizer sobre a personalidade, hábitos e jeitinhos dos peludos. Assim, eles te ajudam a escolher o que pode se adaptar melhor à sua casa. E mesmo se o bichinho não for um filhote, as chances de adaptação ao novo lar são enormes. Felicidade garantida para ambos, né? “Uma boa adoção deve levar em conta tanto as características do dono quanto as do animal. Devem ser considerados a personalidade do dono, a disponibilidade de tempo que ele dispõe, o tamanho da sua residência, se há crianças ou idosos na casa, a personalidade do animal, etc. Gatos costumam fazer sucesso porque conseguem viver em espaços menores, e, de modo geral, não demandam tanta atenção quanto os cães. Mas, ainda sim, há gatos que são super carentes, mais até do que cães!”, Juliana comenta sorrindo.Não esqueça de também reservar uma parte do orçamento doméstico para despesas. Veterinário, vacinas, caminha… um saco de 2kg de uma boa ração para gatos pode custar cerca de R$ 70,00. Por isso, pense bem e reserve um dinheirinho mensal para seu novo amigo.Adotar é, antes de tudo, um ato responsável. O bicho de estimação depende de você. Mas, sobretudo, vai trazer muitas alegrias e momentos de risos e felicidade para você! Adotar é salvar uma vida e é tudo de bom!

Links relacionados

Adote um Gatinho

UIPA - União Internacional Protetora dos animais

UPA - União Protetora dos Animais

Quero um Bicho

Centro de Adoção Natureza em Forma

Guia Vegano - Adoção Animal

Cãopanheiro

Ajuda Animal

Clube dos Vira-Latas

CCZ - Centro de Zoonoses

Neve na China traz alívio limitado a áreas com estiagem

Neve na China traz alívio limitado a áreas com estiagem

REUTERS

Por Chris Buckley

PEQUIM (Reuters) - A neve que atingiu partes áridas do norte e centro da China de pouco serviu para aliviar a seca que ameaça a safra de trigo do inverno, um fator que contribui para a alta mundial no preço do produto, disseram meteorologistas do governo nesta quinta-feira.

Após as primeiras nevadas intermitentes, o primeiro-ministro Wen Jiabao se mostrou otimista, dizendo que a China será capaz de produzir grãos em volume suficiente e conter a inflação que tem sido puxada pela alta dos alimentos.

Houve neve em Pequim e em partes das províncias de Henan, Anhui e Jiangsu, incluindo áreas que passaram meses sem registrar precipitações, disse o meteorologista Sun Jun a um rádio estatal.

Mas ele afirmou que 'como a precipitação irá se concentrar nos cursos médio e baixo do rio Yangtsé, ela 'terá efeito limitado em mitigar a seca nas áreas do norte'.

Isso inclui as províncias de Henan e Shandong, grandes produtoras de grãos.

Dados e imagens da Administração Meteorológica da China mostraram que partes de ambas as províncias tiveram neve, mas a maioria das áreas permaneceu seca e deve continuar assim pelo menos nos próximos dois dias. Já Shandong deve receber neve nos próximos quatro dias, mas também em quantidades insuficientes para atenuar a estiagem.

A China tem grande impacto sobre os cálculos internacionais relacionados à demanda por grãos, e problemas na sua safra podem repercutir nos preços mundiais.

O país colheu em 2010 uma safra de 115,1 milhões de toneladas, sendo 95 por cento de trigo do inverno, cuja produção agora está ameaçada pela seca. Esse tipo de trigo é plantado em outubro (época de inverno) e colhido em maio e junho (verão).

A seca já atinge 7,7 milhões de hectares de cultivos do trigo do inverno em oito províncias, inclusive Henan e Shandong, abrangendo 42,4 por cento da área cultivada com esse alimento, segundo o Ministério da Agricultura.

Apenas 1,69 milhão de hectares, ou um quinto da área afligida pela seca, foi 'seriamente afetada.'

(Reportagem adicional de Langi Chiang)

Estudo aponta impacto de seca na Amazônia sobre o clima mundial

Estudo aponta impacto de seca na Amazônia sobre o clima mundial

REUTERS

Por Stuart Grudgings

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A seca do ano passado na Amazônia foi pior que a 'estiagem do século' de 2005, e pode ter tido para o aquecimento global um impacto maior do que os Estados Unidos provocam em um ano, disseram cientistas brasileiros e britânicos nesta quinta-feira.

A maior frequência de secas como as de 2005 e 2010 ameaça transformar a maior floresta tropical do mundo em uma fonte de gases do efeito estufa, ao invés de uma esponja que os absorve, acelerando o aquecimento global. Isso ocorre porque as árvores, que normalmente absorvem o dióxido de carbono ao crescerem, ajudando a refrescar o planeta, liberam esses gases quando morrem e apodrecem.

'Se eventos como esse ocorrerem com mais frequência, a floresta Amazônica atingiria um ponto em que passaria de um valioso depósito de carbono, reduzindo a velocidade da mudança climática, para uma grande fonte de gases do efeito estufa, que poderia acelerar o aquecimento', disse o autor Simon Lewis, um ecologista da Universidade de Leeds (Grã-Bretanha).

O estudo, publicado na revista Science, mostra que a seca do ano passado provocou redução de chuvas numa área de 3 milhões de quilômetros quadrados da floresta - bem mais do que o 1,9 milhão de quilômetros quadrados afetados em 2005.

Além de mais ampla, a seca de 2010 foi também mais intensa, causando uma maior mortalidade de árvores, e com três grandes epicentros. A seca de 2005 estava focada principalmente no sudoeste da Amazônia.

Por causa disso, segundo o estudo, a Amazônia irá deixar de absorver em 2010 e 2011 o seu volume habitual de 1,5 bilhão de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera. Além disso, as árvores mortas ou agonizantes irão liberar 5 bilhões de toneladas de gás nos próximos anos, o que faz com que o impacto acumulado chegue a 8 bilhões de toneladas.

Em 2009, para efeito de comparação, os EUA emitiram 5,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono pelo uso de combustíveis fósseis

As emissões causadas pelas duas secas provavelmente foram suficientes para anularem todo o carbono absorvido pela floresta nos últimos dez anos, diz o estudo.

CÍRCULO VICIOSO

A seca do ano passado esvaziou rios importantes da Amazônia e isolou milhares de pessoas em comunidades ribeirinhas. Ela causou perplexidade em cientistas que haviam estimado que uma seca como a de 2005 só ocorreria a cada cem anos.

As duas estiagens tão intensas num intervalo tão curto, no entanto, se encaixam nas previsões de alguns modelos climáticos a respeito da floresta neste século. As secas tornam a mata mais propensa a queimadas, o que por sua vez afeta sua capacidade de se regenerar.

Sob os cenários mais extremos desses modelos, grandes partes da Amazônia podem se transformar em cerrado até meados do século, com uma forte redução da sua biodiversidade animal e botânica.

Embora o desmatamento causado pela atividade humana tenha caído fortemente no Brasil nos últimos anos, os cientistas dizem que a floresta continua muito vulnerável.

Um elemento crucial é se as secas estão sendo causadas pela maior concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, ou se são uma anomalia, segundo Lewis. Se forem resultado do aquecimento global, um círculo vicioso de temperaturas mais elevadas e secas poderia fazer a floresta como um todo 'murchar' ao longo das próximas décadas.

'A gente pode passar rapidamente para uma Amazônia bem mais seca, com menos floresta lá,' disse Lewis à Reuters.

A pesquisa foi feita em parceria entre as universidades britânicas de Leeds e Sheffield e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

A aliança Greenpeace-Philips contra as lâmpadas incandescentes

O Diário Oficial da União de 6 de janeiro publicou as portarias interministeriais 1.007 e 1.008, envolvendo os ministérios de Minas e Energia (MME), Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, determinando o ano de 2016 como prazo limite para a utilização de lâmpadas incandescentes no País, exceto para algumas poucas aplicações específicas.

O banimento das incandescentes, tecnologia consagrada por mais de um século de excelentes serviços prestados à Civilização, é uma tendência internacional motivada pelas concessões generalizadas que os governos nacionais têm feito ao movimento ambientalista internacional e a sua enorme influência sobre a opinião pública mundial. Não obstante, como tem sido um fato recorrente em quase todas as propostas ambientalistas, além de tal troca ser muito menos vantajosa tecnicamente do que querem fazer crer os seus proponentes, ela tem em sua origem uma aliança oportunista entre ambientalistas em busca de novas campanhas que justifiquem a sua existência, grandes empresas à procura de novas oportunidades de lucros, tecnocratas ávidos de impor novas regulamentações à sociedade e lideranças políticas interessadas em cativar potenciais eleitores com atitudes “politicamente corretas”.

Assim, as incandescentes poderão juntar-se a uma lista de produtos que os ambientalistas e seus mentores conseguiram retirar de circulação ou restringir drasticamente a sua produção e usos, por motivos meramente políticos, que nada tinham a ver com os fatos científicos observados. Dois casos emblemáticos foram o DDT, ainda hoje o mais barato e eficiente pesticida conhecido, e os clorofluorcarbonos (CFCs), que abriram ao mundo os benefícios da refrigeração em massa. Em ambos os casos, por se tratar de produtos de custo de produção extremamente baixo e cujas patentes já eram de domínio público, as grandes empresas transnacionais que os produziam inicialmente não apenas não se opuseram às campanhas espúrias dos ambientalistas em favor do seu banimento, mas acabaram por incentivá-las, para introduzir no mercado novos produtos substitutos – devidamente protegidos por patentes e muito mais caros.

Uma história semelhante parece repetir-se com as lâmpadas criadas por Thomas A. Edison há 130 anos. Na origem da campanha contra as incandescentes, está uma aliança de oportunidade entre oGreenpeace e a gigante elétrica Philips, como revelou o jornalista holandês Syp Wynia, na edição de 8 de agosto de 2009 da revista semanal Elsevier.

Segundo Wynia, a Philips estava (e continua) engajada em desenvolver o mercado de lâmpadas fluorescentes e LEDs. Como as incandescentes têm custos de fabricação extremamente baixos, a multinacional holandesa considera muito mais interessante promover as fluorescentes e as LEDs, que podem custar até dez vezes mais.

Em 2007, o Greenpeace foi recrutado para promover a associação das lâmpadas incandescentes ao discurso catastrofista sobre as mudanças climáticas, por meio do argumento da suposta ineficiência energética das incandescentes – que, ao consumir mais energia que as fluorescentes e LEDs, estariam promovendo um maior consumo de combustíveis fósseis e contribuindo decisivamente para as emissões de gases de efeito estufa. Assim, a ONG deflagrou, primeiramente na Holanda (também seu país sede), uma exitosa campanha contra as incandescentes, intitulada “Salvem a Terra, proíbam as incandescentes”, que resultou na aprovação de uma lei pelo Parlamento daquele país, a qual determina a retirada das incandescentes do mercado holandês até 2012.

Aprovado o banimento na Holanda, a então ministra do Meio Ambiente do país, Jacqueline Cramer, passou a fazer um ativo lobby junto aos seus pares da União Europeia (EU), no sentido de estender a medida ao bloco. A tarefa foi facilitada pela grande repercussão obtida pela divulgação do quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pelo documentário premiado de Al Gore, «Uma Verdade Inconveniente». Em menos de um ano, a UE determinou o banimento de lâmpadas incandescentes de 100 ou mais watts, a partir de 2009, e um banimento completo até setembro de 2012.

Ainda segundo Wynia, a Philips financiou ativamente a campanha ambientalista contra as incandescentes, proporcionando generosas verbas a ONGs como o Greenpeace e outras. A multinacional também patrocinou palestras de Al Gore na Holanda, para “conscientizar” a população local da necessidade de se abolir as incandescentes.

Por outro lado, o banimento das incandescentes pode acarretar uma série de problemas para os consumidores dos países que adotarem a medida. Para começar, as fluorescentes e LEDs são bem mais caras. Na loja online da rede Pão de Açúcar, uma incandescente Philips de 100 W custa R$ 2,85, enquanto uma fluorescente de 20 W (equivalente a uma fluorescente de 75 W) da mesma marca custa R$ 14,73.

Além disso, ao contrário do que comumente se afirma, as fluorescentes não representam uma grande economia de energia e durabilidade, exceto nos casos de uso continuado por longos períodos, típicos de instalações comerciais e industriais, repartições públicas, escolas etc. Se submetidas a constantes operações liga-desliga, comuns nas residências, a sua vida útil pode reduzir-se quase à das incandescentes.

Some-se a isso o fato de que as fluorescentes registram um maior consumo de energia quando são ligadas do que ao longo do seu funcionamento, de modo que operações liga-desliga constantes podem resultar num consumo de energia equivalente ou maior que o das incandescentes.

Ademais, as CFL (da sigla em inglês para Lâmpada Fluorescente Compacta) possuem metais tóxicos em sua composição, como o mercúrio, que podem ser liberados no ambiente em casos de quebra ou disposição inadequada após o seu descarte. Igualmente, como a sua luz é emitida em pulsos, ao contrário das incandescentes, elas podem afetar pessoas sensíveis a constantes variações de iluminação.

Portanto, assim como ocorreu com o DDT e os CFCs, não há quaisquer motivos para se promover tal substituição de padrão tecnológico, exceto os mencionados anteriormente. Felizmente, o banimento das incandescentes tem suscitado um intenso debate em países europeus, onde a população tem mostrado uma grande resistência à mudança. Na própria Holanda, até mesmo alguns dos políticos que apoiaram a abolição mudaram de posição, como a porta-voz para assuntos ambientais do Partido Democrata Cristão (CDA), Liesbeth Spies. Para ela, a economia de energia resultante da substituição das incandescentes pelas fluorescentes é muito relativa, e que o banimento é uma proposta absurda.

O caso mais interessante de resistência ao banimento é o da Nova Zelândia. O país, que chegou a se comprometer em abolir as incandescentes em 2007, foi o único caso no mundo até o momento a voltar atrás de tal medida. A decisão de declinar de tal compromisso foi tomada em dezembro de 2008, após as eleições que elegeram o novo primeiro-ministro John Key. São oportunas as palavras do atual ministro de Desenvolvimento Econômico, Energia e Recursos Naturais do país, Gerry Brownlee, que, perguntado sobre porque havia declinado de banir as incandescentes, afirmou: «Há um grande número de excelentes razões pelas quais não nos mobilizaremos para banir as lâmpadas incandescentes. A primeira é que o governo acredita que essa que a escolha não é compulsória, que a capacidade dos indivíduos de tomar as suas próprias decisões sobre que tipo de vida desejam ter, e que contribuição queremos dar com relação às mudanças climáticas, é muito melhor do que um pequeno Estado ditando o que devem ou não fazer.» (www.parliament.nz)

 

P.S.:Gente esse texto eu recebi pelo meu e-mail do Oscar Fontes Filho xD

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Brasil será país de ponta em prevenção de desastres, projeta Inpe

Brasil será país de ponta em prevenção de desastres, projeta Inpe

Com a chegada de novas máquinas para a previsão do tempo, o Brasil será um dos países de ponta na prevenção de desastres climáticos. Esta é a opinião de Marcelo Barbio Rosa, meteorologista do Centro de Prevenção do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No entanto, o especialista alertou que, se as informações não forem enviadas com qualidade, a prevenção será falha. "Já temos condições técnicas no que se refere à parte computacional, vamos poder detalhar com maior precisão onde pode chover mais ou menos, como foi o caso das chuvas no Rio. Mas se não tivermos softwares adequados, será impossível. Obviamente que estamos falando de prevenção, não dá para saber com certeza", destacou o meteorologista, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Marcelo Barbio informou ainda que a informação do Inpe sobre chuvas e precipitações é passada para os órgãos da Defesa Civil de forma direta e que essa é a sua função. "Como ela chegará à população não está a cargo do Inpe", explicou.

Ele citou os Estados Unidos como exemplo a ser seguido pelo Brasil. "Lá, o país inteiro é coberto por radar, que é controlado por apenas um órgão, e isso facilita bastante. Aqui no Brasil, cada estado controla o seu radar e, em um momento de crise, fica difícil coordenar todo mundo", comparou.

O presidente do Serviço Geológico do Estado do Rio, do Departamento de Recursos Minerais, Flávio Erthal, considerou uma catástrofe o que ocorreu na Região Serrana do Rio. De acordo com ele, o Brasil carece de instrumentos para medir esse tipo de fenômeno.

"Não temos estações meteorológicas na região onde houve a chuva forte. Da mesma forma que temos que dar prioridade para o emprego e para o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], temos que dar também para a questão dos desastres naturais", defendeu Erthal.

Com informações da Agência Brasil

Foto: Reprodução

2010 é o 2o ano mais quente já registrado, diz estudo

2010 é o 2o ano mais quente já registrado, diz estudo

REUTERS

Por Gerard Wynn e Alister Doyle

LONDRES/OSLO (Reuters) - O ano passado foi o segundo mais quente, atrás somente de 1998, num histórico iniciado em 1850, disse o diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Grã-Bretanha, Phil Jones, nesta quarta-feira.

A unidade de pesquisa britânica, que analisa dados em conjunto com o Met Office Hadley Centre, é um dos três principais grupos do mundo que acompanham o aquecimento global. Na semana passada, os outros dois, ambos sediados nos Estados Unidos, afirmaram que 2010 havia empatado na posição de ano mais quente já registrado.

Os dados britânicos mostraram que todos os anos da década passada, exceto por um, estão entre os 10 mais quentes desde 1850, o que sinaliza uma tendência de intensificação do aquecimento associada às emissões humanas dos gases-estufa, disse Jones à Reuters.

'Todos os anos de 2001 a 2010, à exceção de 2008, ficaram no top 10', afirmou ele.

O combate à mudança climática sofreu um revés com a crise financeira, que reduziu o financiamento a projetos de energia renovável e atrapalhou as iniciativas para se chegar a um novo acordo climático global para substituir o Protocolo de Kyoto em 2013.

Os novos dados parecem reforçar as evidências de mudança climática provocada pelo homem, depois que o vazamento de emails, incluindo alguns da unidade de pesquisa britânica, ter mostrado que em 2009 climatologistas 'editaram' algumas dúvidas. Os erros cometidos pelo painel climático da Organização das Nações Unidas (ONU) também exageraram a velocidade do degelo das geleiras do Himalaia.

O ano passado ficou 0,498 grau Celsius acima da média do período de 1961 a 1990, indicaram os dados da Unidade de Pesquisa Climática britânica e do centro Hadley, em comparação com o 0,517 grau de 1998. O ano que ficou mais perto de 2010 foi 2005 - 0,474 grau mais quente do que a média de longo prazo.

Hotel feito de lixo é aberto em Madri

Hotel feito de lixo é aberto em Madri

BBC Brasil

"Hotel de lixo"

Ambientalistas abriram na quarta-feira um hotel todo feito com lixo retirado de praias de países europeus na capital da Espanha, Madri.

O objetivo da Organização Save the Beach - em português, Salve a Praia - é chamar a atenção para o problema de sujeira nas praias.

'Qualquer um que vá à praia pode deixar três ou quatro guimbas de cigarro e uma lata de Coca-Cola. Se isso for multiplicado por 47 milhões de espanhois ou 300 milhões de europeus ou 6,5 milhões de pessoas no mundo, pode-se ver para onde estamos caminhando', afirmou o cofundador da campanha, o espanhol Fernando Godoy.

O hotel foi feito com sujeira catada na Espanha, França, Itália e Bélgica

O hotel tem apenas cinco quartos e foi projetado pelo artista alemão HA Schult especialmente para a campanha.

A turista Virginia Moreno afirmou que, apesar de ser feito com lixo, não se sente qualquer cheiro ou desconforto.

'É mais aceitável do que se imagina à primeira vista', disse.

Durante o dia, o hotel é aberto à visitação pública. À noite, recebe os hóspedes que ganharam diárias em sorteios na internet.

A construção feita com lixo coletada na Espanha, Itália, Bélgica e França fica em Madri até o dia 23 de janeiro, durante a duração de uma feira de turismo da cidade.

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Cientista propõe que humanos comam insetos como fonte alternativa de proteína

Cientista propõe que humanos comam insetos como fonte alternativa de proteína

BBC Brasil

"Foto: Reuters"

Insetos também são ricos em ácidos graxos essenciais e vitaminas

Um insectólogo holandês vem fazendo uma campanha para convencer o mundo ocidental a adotar um costume que, segundo ele, é bastante comum nos trópicos: comer insetos (prática conhecida como entomofagia) como fonte alternativa e sustentável de proteína.

A proposta de Arnold van Huis, detalhada em artigo publicado na revista The Scientist, não é nova.

Em 1885, o insectólogo britânico Vincent M. Holt escreveu um pequeno livro intitulado Why not eat insects? (em tradução livre, por que não comer insetos?).

Os argumentos dos dois especialistas, no entanto, ganham força num momento em que o mundo procura soluções para a crise dos alimentos.

Na Grã-Bretanha, um estudo sobre alimentos e o futuro da agricultura encomendado pelo governo e divulgado nesta semana pede ação urgente para evitar a fome global.

Segundo o relatório, dentro de 20 anos, serão necessários 40% mais alimentos, 30% mais água e 50% mais energia para suprir as necessidades da população do planeta.

O sistema atual de produção, além de não ser sustentável, não será capaz de suprir a demanda, argumentam os autores do estudo, realizado pelo centro de estudos Foresight.

Relatórios como esse tendem a ser usados como base para argumentos a favor do uso de técnicas de engenharia genética para produzir alimentos.

A saída oferecida por van Huis, da Wageningen University, na Holanda, é mais direta e evita a questão polêmica dos transgênicos.

Nutritivos

Em entrevista por e-mail à BBC Brasil, o insectólogo não quis recomendar um inseto em especial, dizendo que tudo depende da forma como são preparados.

Ele disse que algumas espécies têm sabor semelhante ao das oleaginosas (como o gergelim, por exemplo) e ressaltou que nem todas as espécies são comestíveis, já que algumas são venenosas.

'Insetos venenosos são consumidos nos trópicos, mas a população local sabe como lidar com isso, removendo o veneno', explicou.

Quanto ao seu valor nutritivo, a carne do inseto é comparável às tradicionais, como a de porco, vaca, carneiro e peixe.

Segundo van Huis, o conteúdo proteico de um inseto varia entre 30 e 70%, dependendo da espécie.

Eles também são ricos em ácidos graxos essenciais e vitaminas, especialmente as do complexo B.

Em seu artigo, o insectólogo diz que mais de mil espécies de insetos são comidas nos países tropicais, entre elas, larvas de borboleta, gafanhotos, besouros, formigas, abelhas, cupins e vespas.

E as baratas? Elas também são comestíveis?

Van Huis disse à BBC Brasil que, em suas viagens, nunca viu ou ouviu relatos de pessoas comendo baratas. Mas acrescentou:

'Um colega, que está fazendo um inventário de insetos comestíveis, encontrou baratas comestíveis'.

Em seu artigo na revista The Scientist, Van Huis escreve, no entanto, que os ocidentais se enganam quando pensam que os povos dos trópicos comem insetos porque estão passando fome.

'Pelo contrário', ele diz. 'Um petisco de inseto é com frequência considerado uma iguaria'.

Este seria o caso, no Brasil, da formiga tanajura. Segundo especialistas brasileiros, essa formiga, fêmea ovada das saúvas, é considerada uma verdadeira guloseima no Brasil.

Crise da Carne

Segundo o insectólogo, o consumo mundial de carne quase triplicou desde 1970 e deve dobrar até 2050.

Ele diz que 70% da terra cultivada já é usada para alimentar rebanhos. Van Huis diz que uma intensificação ainda maior na pecuária em escala industrial poderia aumentar os custos para o meio ambiente e para a saúde.

Criações de rebanhos de grande densidade favorecem o surgimento de doenças.

Rebanhos consomem grandes quantidades de água e emitem grandes quantidades de gases responsáveis pelo efeito estufa - como o gás metano, por exemplo.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), as criações de rebanhos respondem por 18% das emissões desses gases.

Cupins, baratas e certas espécies de besouro também produzem metano, mas a maioria dos insetos comestíveis, não.

E a carne de insetos ainda apresenta uma outra vantagem em relação à carne tradicional, explica van Huis.

'Eles convertem o alimento em massa corporal de maneira mais eficiente', diz o especialista. 'Para produzir 1 kg de carne, grilos precisam de 1,7 kg de alimento. Muito menos do que o frango (2,2 kg), o porco (3,6 kg), o carneiro (6,3 kg) e a vaca (7,7 kg).

Portanto, por que não comer insetos? - ele pergunta.

E conclui seu artigo sugerindo que governos e empresas deveriam explorar o incrível potencial dos insetos como fonte de carne, promovendo essa indústria. 'No sul da África', ele diz, 'este já é um negócio de US$ 85 milhões'.

Brasil

Em declaração à BBC Brasil, o biólogo Eraldo Medeiros Costa Neto, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, disse concordar positivamente com a proposta de van Huis.

'No entanto, muitas espécies de insetos apresentam compostos farmacologicamente ativos e, assim, os efeitos tóxicos potenciais dos insetos comestíveis precisam ser investigados com mais atenção', acrescentou.

Costa Neto explica que a FAO está realizando um inventário das atividades relacionadas ao consumo de insetos pelo homem.

'A FAO acredita que o papel específico dos insetos comestíveis e seu potencial na segurança alimentar, qualidade dietética e alívio da pobreza está severamente subestimado', diz o biólogo.

'Com esse inventário, será formulada uma estratégia para promover o consumo de insetos em nível mundial'.

Pesquisas feitas por Costa Neto no Brasil revelaram que insetos fazem parte da dieta de vários grupos indígenas, comunidades urbanas, populações ribeirinhas do Amazonas, grupos de pastores e de pescadores e comunidades afro-brasileiras.

O cardápio desses grupos inclui pelo menos 135 tipos de insetos.

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